Três músicos da banda Ó do Forró olham para a câmera

Banda Ó do Forró, com músicos pernambucanos, defende que forró é festa para o ano todo, e não apenas para época do são-joão

Estúdio 040/divulgação

O mês de junho se aproxima e o som da sanfona já domina as ruas da capital mineira. Ela vai marcar presença no “Forrobodó”, o novo arrasta-pé de BH, que estreia neste sábado (27/5), às 20h, no Galpão 54, no Bairro Lagoinha.

A banda Ó do Forró, DJ Fred Boi e a DJ Naty vão agitar a noite. As atrações misturam as influências do forró moderno com o tradicional pé de serra, buscando popularizar ainda mais o ritmo, que já faz sucesso na cidade.

O projeto surgiu com a intenção de expandir os eventos de forró, que sofriam com as limitações de espaço físico. Realizado mensalmente, o “Forrobodó” utilizará a estrutura de um galpão capaz de receber mais gente.

A banda Ó do Forró é a atração principal desta noite. Os irmãos percussionistas Adan e Álvaro Oliveira e o vocalista Sivaldo Fernando apostam na sonoridade do forró urbano, que aborda as vivências do trio radicado na capital paulista com batidas características da infância nordestina deles.

Natural de Pernambuco, Sivaldo explica o trabalho do trio.“Quando falamos sobre o Nordeste nas letras, representamos a saudade de quando éramos crianças. Hoje, consideramos que fazemos forró urbano, que traz na linguagem o que vivemos aqui em São Paulo”, afirma.

Ritmo político e dançante

O grupo tem 16 anos, surgiu de influências familiares e já dividiu o palco com Dominguinhos e Elba Ramalho. “Queremos deixar nossa mensagem e fazer com que o forró não seja visto só como entretenimento, mas também como força, o que ele sempre foi. É um ritmo muito político, carregado de dança e de recados positivos”, afirma Sivaldo.

Uma das principais discussões levantadas pelo trio ganha força com a chegada de junho, o mês dos arraiais de são-joão. Em sua luta para mostrar que o forró não se limita a esta época, a banda reforça o discurso de que o ritmo não tem “data marcada”.

“Junho é o mês em que o forró é muito procurado, mas estamos na luta de quebrar essa zonalidade. Por que só falar de forró quando é junho e julho? Forró é o ano inteiro”, afirma o músico pernambucano.
 
Ao listar as influências que recebeu, Sivaldo comenta com muito carinho sobre Luiz Gonzaga. “Quando você escuta 'Asa branca', já lembra da avó, da infância, das festas juninas, de ouvir a música com a família ou na escola”, afirma.

“Esta é a prova de que o forró continua vivo: esta música com mais de 70 anos continua forte e atual. Não é ritmo que serve só para a festa junina. Se tocar em outubro, a galera dança; se tocar em novembro, a galera dança. Nossa luta é para tirar o forró desse lugar que o considera apenas música folclórica”, afirma.

A proposta do grupo combina com o “Forrobodó”, que promete trazer à capital, mensalmente, grandes nomes da cena forrozeira.

Salão ampliado para o bate-coxa

Há tempos o forró pé de serra anima as festas de Belo Horizonte. De segunda a domingo, vários eventos ocorrem em pequenas casas de show e danceterias.

Frederico Zanforlin, o DJ Fred Boi, trabalha com o ritmo há  22 anos e é o organizador do “Forrobodó”. Criador do tradicional “Projeto Juazeiro”, o artista comenta a dificuldade de receber bandas e amantes de dança nos pequenos espaços disponíveis.

“Belo Horizonte tem muitos projetos de forró, geralmente menores. Nem sempre conseguimos trazer atrações por causa do espaço. A ideia surgiu da vontade de fazer algo grande para trazer à cidade novas atrações”, informa.

“FORROBODÓ”

Neste sábado (27/5), a partir das 20h, no Galpão 54 (Rua Francisco Soucasseaux, 54, Lagoinha). Ingressos a partir de R$ 50 (3º lote). Informações no Instagram @forrobodono54.

*Estagiária sob a supervisão da subeditora Ângela Faria