Resumir 40 anos de atividade profissional em um único livro foi uma das tarefas mais trabalhosas que o arquiteto Joel Campolina cumpriu. Nem mesmo o projeto do Edifício Serramares, uma de suas principais obras e a que mais repercutiu nas escolas de arquitetura de Belo Horizonte, deu tanto trabalho quanto “Traduzir-se: Pensamentos, propostas, projetos e obras”, que será lançado neste sábado (3/6), na Livraria da Rua.
“Esse livro é um projeto que eu estava adiando por um tempo até que, há cerca de um ano e dois meses, comecei a trabalhar nele. Minha ideia era fazer o registro seletivo e autocrítico da minha trajetória profissional”, conta o autor.
Professor emérito do curso de arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e um dos fundadores do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Minas Gerais (CAU-MG), Campolina também se dedicou por muito tempo ao trabalho no escritório, de onde saíram projetos importantes para BH, como o Serramares e os edifícios Castelo e Contorno (antiga sede da Rede Minas).
Croquis, ideias e textos
“Esse resgate considera as edificações como coisa viva que envelhece, e, de certa forma, é imperfeita. Afinal, quando entram no domínio de seus usuários, elas vão sofrendo as caracterizações próprias de cada um deles”, ressalta.
A perspectiva de enxergar a arquitetura como elemento vivo, sujeita ao passar do tempo, fica em evidência na publicação. “A arquitetura não é uma coisa estática que você faz e fica lá intocada. Até acontece com algumas obras públicas, que têm certa proteção. Mas, no fluxo normal das coisas cotidianas, os edifícios sofrem o processo de adaptação e envelhecem. Podem envelhecer bem ou mal, mas envelhecem”, diz.
Parafraseando o filósofo e poeta francês Paul Valéry (1871-1945), Campolina defende que os arquitetos têm a função de equilibrar a ação e a reflexão por meio de seus projetos. E afirma que é importante, embora não seja essencial ou mesmo primordial, construir uma espécie de identidade própria em cada obra.
Joel Campolina chegou perto de assumir a presidência do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha), em 2012. O órgão é vinculado à Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais.
Convidado pelo secretário Leônidas Oliveira, demonstrou interesse em aceitar o cargo, mas, antes mesmo de sua confirmação, foi surpreendido com a informação de que havia sido nomeado para a presidência do órgão. Joel foi a público dizer que recusava o cargo, porque preferia continuar com seu trabalho no escritório.
“TRADUZIR-SE: PENSAMENTOS, PROPOSTAS, PROJETOS E OBRAS”
• De Joel Campolina
• Publicação do autor
• 348 páginas
• R$ 195
• Lançamento neste sábado (3/6), das 11h às 14h, na Livraria da Rua (Rua Antônio de Albuquerque, 913, Funcionários). Entrada franca. Informações: (31) 3500-6750. Exemplares serão vendidos apenas no local