Joel Campolina está sentado em frente ao computador e olha para a câmera

Joel Campolina assinou os projetos dos edifícios Serramares, Castelo e Contorno, edificações marcantes de BH

Edésio Ferreira/EM/D.A Press

'A edificação é coisa viva que envelhece, e, de certa forma, é imperfeita. Afinal, quando entram no domínio de seus usuários, elas vão sofrendo as caracterizações próprias de cada um deles'

Joel Campolina, arquiteto


Resumir 40 anos de atividade profissional em um único livro foi uma das tarefas mais trabalhosas que o arquiteto Joel Campolina cumpriu. Nem mesmo o projeto do Edifício Serramares, uma de suas principais obras e a que mais repercutiu nas escolas de arquitetura de Belo Horizonte, deu tanto trabalho quanto “Traduzir-se: Pensamentos, propostas, projetos e obras”, que será lançado neste sábado (3/6), na Livraria da Rua.

“Esse livro é um projeto que eu estava adiando por um tempo até que, há cerca de um ano e dois meses, comecei a trabalhar nele. Minha ideia era fazer o registro seletivo e autocrítico da minha trajetória profissional”, conta o autor.

Professor emérito do curso de arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais  (UFMG) e um dos fundadores do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Minas Gerais (CAU-MG), Campolina também se dedicou por muito tempo ao trabalho no escritório, de onde saíram projetos importantes para BH, como o Serramares e os edifícios Castelo e Contorno (antiga sede da Rede Minas).

Croquis, ideias e textos

“Traduzir-se: Pensamentos, propostas, projetos e obras” é o resgate dos projetos desenvolvidos por ele, ou com a participação dele, no período em que se dedicou ao escritório. Estão lá, por exemplo, croquis e ideias de projetos interligadas por textos do próprio autor contextualizando cada uma das imagens.

“Esse resgate considera as edificações como coisa viva que envelhece, e, de certa forma, é imperfeita. Afinal, quando entram no domínio de seus usuários, elas vão sofrendo as caracterizações próprias de cada um deles”, ressalta.

A perspectiva de enxergar a arquitetura como elemento vivo, sujeita ao passar do tempo, fica em evidência na publicação. “A arquitetura não é uma coisa estática que você faz e fica lá intocada. Até acontece com algumas obras públicas, que têm certa proteção. Mas, no fluxo normal das coisas cotidianas, os edifícios sofrem o processo de adaptação e envelhecem. Podem envelhecer bem ou mal, mas envelhecem”, diz.

Parafraseando o filósofo e poeta francês Paul Valéry (1871-1945), Campolina defende que os arquitetos têm a função de equilibrar a ação e a reflexão por meio de seus projetos. E afirma que é importante, embora não seja essencial ou mesmo primordial, construir uma espécie de identidade própria em cada obra.
 
Joel Campolina chegou perto de assumir a presidência do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha), em 2012. O órgão é vinculado à Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais.

Convidado pelo secretário Leônidas Oliveira, demonstrou interesse em aceitar o cargo, mas, antes mesmo de sua confirmação, foi surpreendido com a informação de que havia sido nomeado para a presidência do órgão. Joel foi a público dizer que recusava o cargo, porque preferia continuar com seu trabalho no escritório.

Capa do livro do arquiteto Joel Campolina

Capa do livro do arquiteto Joel Campolina

Reprodução
“TRADUZIR-SE: PENSAMENTOS, PROPOSTAS, PROJETOS E OBRAS”

• De Joel Campolina
• Publicação do autor
• 348 páginas
• R$ 195
• Lançamento neste sábado (3/6), das 11h às 14h, na Livraria da Rua (Rua Antônio de Albuquerque, 913, Funcionários). Entrada franca. Informações: (31) 3500-6750. Exemplares serão vendidos apenas no local