A culpa foi do maestro, Fernanda Takai logo entregou. O show “Rotorquestra de liquidificafu”, do Pato Fu com Orquestra Ouro Preto, foi aberto no início da noite de domingo (12/6) na Praça da Liberdade, com a mais difícil das canções da banda.
“Rotomusic de liquidificapum”, música de sete minutos e que deu título ao álbum de estreia, 30 anos atrás, é “difícil” porque foge de todos os padrões da música pop. Dura 7,3 minutos, traz uma colagem de tudo que se pode imaginar: rock pesado, desenho animado, música caipira…
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Pois foi o maestro Rodrigo Toffolo quem a escolheu para abrir o show-concerto, que une o quinteto a 25 instrumentistas. Fernanda ainda revelou que, quando Toffolo era estudante de Geologia e vivia em uma república em Ouro Preto, colocava Pato Fu, então em início de carreira, para os amigos ouvirem.
Depois deste início ousado (ponto para a escolha do maestro) banda e orquestra começaram a passear pelo repertório de três décadas.
É muita música conhecida, ainda mais jogando em casa, com uma plateia que acompanha a banda desde sempre. “Perdendo dentes”, do álbum “Isopor”, em parte cantada unicamente pelo público, ganhou lindo arranjo de cordas - e cresceu no show.
“Ando meio desligado”, que o Pato Fu gravou mais de 20 anos atrás, ganhou nova introdução da orquestra. Fernanda a dedicou “à estrela mais brilhante do céu”, numa referência a Rita Lee.
Emocionada, Fernanda dedicou “Simplicidade” a Nelsa Trombino, chef e fundadora do Xapuri, que morreu no último dia 30. A cantora e o guitarrista John Ulhoa vivem numa casa vizinha ao restaurante na Pampulha. Era umas das canções do Pato Fu das preferidas de dona Nelsa, a vocalista contou. Faz sentido, diante dos versos “Café tá quente no fogo/Barriga não tá vazia/Quanto mais simplicidade, ai ai: Melhor o nascer do dia”.
“Canção pra você viver mais”, uma das mais belas baladas do grupo, cresce com as cordas regidas por Toffolo. “Essa eu não consigo mais imaginar sem a orquestra”, disse ela. Foi uma das canções mais aplaudidas pelo público que encheu a Praça da Liberdade.
O Pato Fu lançou há pouco o álbum “30”, com oito inéditas e a versão para “Io che amo solo te”, canção italiana de Sérgio Endrigo. Na versão de John, ela virou “Amo só você”. Foi gravada com a orquestra para o álbum, tanto que entrou para o repertório do show. Foi a primeira apresentação pública da canção.
O repertório dá espaço para lados B da banda. “Eu sou o umbigo do mundo” foi interpretado por Fernanda com o baixista Ricardo Koctus, autor da faixa. “Água” é outra pérola escondida dos primeiros tempos que ganhou novas nuances com a orquestra.
“Música normal para pessoas estranhas”: foi como John apresentou “Spoc”, outro lado B dos anos 1990, que ganhou muito com o arranjo para orquestra. “Sobre o tempo”, o primeiro hit do Pato Fu, encerrou o show.
A temporada de “Rotorquestra de liquidificafu” começou em julho de 2022, em Inhotim. Depois, houve apresentações em praças de quatro cidades do interior – Nova Lima, Caeté, Sabará e Santa Bárbara. Em 14 de outubro, a banda e a orquestra estrearam o projeto em Belo Horizonte, em um Palácio das Artes lotado. Naquela noite foi gravado um álbum, que será lançado no segundo semestre nas plataformas digitais.
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