Na primeira vez em que pisou no palco, Zizi Possi sentiu que estava “voltando para casa”. Neste ano, então, são vários retornos, pois a cantora tem cumprido vários compromissos remarcados em decorrência da pandemia. “Estou dando conta de uma agenda de todos os anos anteriores”, diz. Tanto por isso, um novo show terá de esperar o ano que vem.





Zizi estará em Belo Horizonte nesta quinta-feira (15/6)  para abrir a temporada 2023 do projeto “Uma voz, um instrumento”. A apresentação, no teatro do Centro Cultural Unimed-BH, está com ingressos esgotados.
 
No final de março, quando completou 67 anos, a cantora fez um vídeo – até bem-humorado, diante das circunstâncias – contando que estava internada no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, para cuidar das sequelas da COVID-19, que ela contraiu em maio do ano passado..

“Foi uma sequela horrorosa, parecia que tinha um bolo na garganta. Estava com dificuldade para cantar até então, rolou infecção. Como tenho uma alergia tremenda, o único antibiótico que dava conta tinha de ser (ministrado) no hospital.”





Recuperada, Zizi – intérprete que alia, como poucas, técnica e interpretação – estará acompanhada não de um, mas de dois instrumentos. A cantora vai se apresentar ao lado de Daniel Grajew no piano elétrico e Mário Manga no violoncelo.

Piano, cello e voz

O show leva o nome de “Caminhos”. “Ele foi concebido um tempo atrás só com piano. Vi depois que precisava de outro instrumento, e o cello me veio à cabeça”, conta ela. A formação remete a um de seus álbuns mais importantes, “Sobre todas as coisas” (1991), trabalho que incluía também percussão.

A montagem do repertório de cada show de Zizi tem certa ourivesaria, pois ela conta uma história – por meio das músicas, não literalmente, é claro.

“Realmente, conto história. Por isso sempre divido os shows em blocos. Neste, particularmente, procurei trazer um olhar mais contemporâneo para questões existenciais que a gente tem hoje. Há coisas em que acreditei há 20 anos e não cabem atualmente, parecem de outro planeta. Então, faço um passeio pelos sentidos que estão se renovando”, continua Zizi.





No repertório desta noite estão “À flor da pele” (Chico Buarque), “Insensatez” (Tom Jobim e Vinicius de Moraes) e “Amanhece”, composição de Ana Carolina para a própria Zizi. 

O single mais recente da cantora, a versão linda (e ao vivo) de “Sinal fechado” (Paulinho da Viola), não está no repertório do projeto “Uma voz, um instrumento”.
 
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Disco em extinção

A canção foi lançada em 2021, mas o registro é de 2008. Álbum mesmo, de estúdio, ela não lança há mais de duas décadas – o último foi “Bossa” (2001). E não deverá fazer um novo tão cedo, é o que deixa transparecer.

“Não tenho lançado discos porque acredito que álbuns sejam um formato em extinção. A gente ouve música (de forma) diferente hoje”, comenta a cantora. Se for para escolher entre estúdio e palco, o segundo sempre prevalecerá.

“O palco é o lugar onde me sinto inteira, a minha relação de maior intimidade com Deus. Não cabe mentira no palco, não dá para 'roubar no jogo'”, conclui Zizi Possi.

ZIZI POSSI

• Projeto “Uma voz, um instrumento”
• Nesta quinta-feira (15/6), às 21h, no Centro Cultural Unimed-BH Minas (Rua da Bahia, 2.244, Lourdes)
• Ingressos esgotados.

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