A Orquestra Sinfônica de Minas Gerais, sob regência do maestro assistente André Brant, apresenta, nesta terça-feira (20/6), no Grande Teatro do Palácio das Artes, o primeiro concerto do ano da série “Música de cinema”. Após o sucesso das edições do ano passado, quando a obra de John Williams esteve em pauta, a Sinfônica volta à carga focalizando as trilhas sonoras dos filmes de Stanley Kubrick.
Dos 13 longas lançados pelo diretor, em mais de quatro décadas de carreira, quatro deles terão trechos de suas trilhas executados: “2001: uma odisseia no espaço”, de 1968; “Barry Lyndon”, de 1975; “Laranja mecânica”, de 1971; e “De olhos bem fechados”, de 1999. A ideia do concerto é mostrar como o diretor utilizou a música de compositores consagrados em seus filmes.
“Na época do cinema mudo, a trilha sonora era executada ao longo do filme inteiro. Chegamos a cogitar isso, mas resolvemos manter a ideia do ano passado, oferecendo ao público algo mais diversificado. Refletimos sobre quais diretores utilizaram a música clássica em seus filmes e chegamos a Kubrick, que se valeu da obra de grandes compositores eruditos. Observamos também que a música tem um papel fundamental em suas produções”, destaca Brant.
Ele explica que a escolha dos quatro longas – cujas trilhas serão executadas – seguiu critérios objetivos. “Pegamos obras que tinham peças do repertório erudito e chegamos nesses quatro filmes. O critério é que tivessem música clássica para orquestra. 'O iluminado', por exemplo, tem música erudita na trilha, mas são peças com coro, e nós só dispomos da orquestra para esse concerto”, pontua.
Sincronicidade total
O maestro chama a atenção para o fato de que as obras que serão apresentadas não foram pensadas para os filmes de Kubrick – foram compostas muitos anos antes –, porém parecem se encaixar perfeitamente nos longas.
“Destaco a introdução de 'Assim falou Zaratustra', de Richard Strauss, que é uma peça que muitos conhecem e pensam que se chama '2001: uma odisseia no espaço', de tanto que ficou famosa com o filme”, aponta.
Enquanto a Sinfônica executadeterminado tema, a cena correspondente será exibida na tela. Brant destaca que esse é o grande desafio do concerto: a necessidade de que o tempo da música se encaixe perfeitamente com o tempo da imagem. Ele observa que a duração de uma determinada cena determina o andamento e o corte de sua trilha, e que na execução ao vivo requer muita concentração.
“Preciso saber exatamente o que se passa tanto na tela quanto na partitura, pois é necessário que ambos estejam sincronizados. Em um concerto tradicional você tem que pensar somente na música, então, às vezes, você pode, em determinado momento, fazer o tempo um pouquinho mais lento ou um pouco mais rápido, mas aqui não, a precisão rítmica precisa ser muito grande”, diz.
Moderador em cena
Um diferencial do concerto de logo mais é a presença do moderador, um especialista que pontua com um texto escrito previamente o que está sendo executado.
Esse papel caberá a José Ricardo Miranda, doutor em cinema pela Escola de Belas-Artes da UFMG, crítico, roteirista e diretor de obras audiovisuais. Ele já foi diretor do Museu da Imagem e do Som de Belo Horizonte (MIS-BH), de 2015 a 2016, e é o idealizador do projeto De Filme em Filme, pelo qual ministra cursos.
“Morei na Alemanha durante muito tempo e por lá são comuns os concertos com moderação, quando um especialista prepara um texto que costura o espetáculo. Trouxe essa ideia de lá. Diferentemente do tom informal com que um maestro às vezes se dirige à plateia, o moderador chega com uma contextualização já preparada. Ele é parte do espetáculo, conduzindo a atenção do ouvinte a trazendo informações sobre a obra”, diz Brant.
Nascido em Nova York, Stanley Kubrick (1928-1999) iniciou a carreira artística, ainda na dolescência, como fotógrafo. Ele estreou como cineasta aos 22 anos, dirigindo curtas-metragens. O sucesso, no entanto, só veio depois de seu terceiro longa, “Medo e desejo” (1953).
Kubrick foi fotógrafo, diretor, roteirista e produtor. É conhecido por ser autor de clássicos e pelas inovações técnicas que utilizava. Seu cinema é marcado pela diversificação tanto na forma como no conteúdo, passando pelo terror, suspense, épico e ficção científica, entre outros gêneros.
CONCERTOS DA LIBERDADE
• “Música de cinema: Uma odisseia por Kubrick”, com a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais, sob regência do maestro assistente André Brant
• Nesta terça-feira (20/6), às 20h30, no Grande Teatro do Palácio das Artes (Av. Afonso Pena, 1.537 – Centro).
• Ingressos para a plateia 1 a R$ 20 (inteira), plateia 2 a R$ 15 (inteira) e plateia superior a R$ 10 (inteira), à venda no site Eventim ou na bilheteria do teatro.
• Informações: (31) 3236-7400
• Nesta terça-feira (20/6), às 20h30, no Grande Teatro do Palácio das Artes (Av. Afonso Pena, 1.537 – Centro).
• Ingressos para a plateia 1 a R$ 20 (inteira), plateia 2 a R$ 15 (inteira) e plateia superior a R$ 10 (inteira), à venda no site Eventim ou na bilheteria do teatro.
• Informações: (31) 3236-7400
PROGRAMA
Filme: “2001: uma odisseia no espaço”
1. “Assim falou Zaratustra”, introdução – Richard Strauss
2. “Danúbio azul” – Johann Strauss
Filme: “Barry Lyndon”
3. “Sarabande” – Georg Friederich Händel
4. “Marcha da ópera Idomeneo” – Wolfgang Amadeus Mozart
Filme: “Laranja mecânica”
5. “Abertura William Tell” – Gioachino Rossini
6. “Sinfonia nº 9, Scherzo” – Ludwig van Beethoven
Filme: “De olhos bem fechados”
7. “Valsa nº 2” – Dmitri Schostakovich, arranjo de Rogério Vieira
Sign in with Google
Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do Estado de Minas.
Leia 0 comentários
*Para comentar, faça seu login ou assine