Em “A vida pela frente”, um grupo de seis amigos lida com uma das fases mais intensas e eufóricas da vida, o último ano da escola. A série é ambientada na virada do milênio, entre os anos 1999 e 2000, e tem como cenário a zona Sul do Rio de Janeiro. Os personagens da trama lidam com temas atemporais, como aceitação, saúde mental, luto e a descoberta do primeiro amor. 




 
Esta é a primeira ficção criada por Leandra Leal, a seis mãos com Rita Toledo e Carol Benjamin. Leandra assina também a direção, junto com Bruno Safadi. A atriz conhecida por seus papéis em “Cheias de charme” e “Império”, já havia se aventurado atrás das câmeras com o documentário “Divinas divas”, que retrata transformistas pioneiras no país. Os cinco primeiros episódios de “A vida pela frente” estarão disponíveis no Globoplay a partir desta quinta-feira (22/6), e a outra metade será lançada em 6 de julho. 
 
Apesar do caráter ficcional da produção, a série traz algumas vivências da adolescência da diretora, que também assume o papel de atriz, interpretando a mãe da personagem Elizabeth (Nina Tomsic). Outra surpresa é a atuação de Ângela Leal (mãe de Leandra), que estava fora das telas desde 2018, e aqui interpreta a avó do jovem Cadé (Jaffar Bambirra). 
 
Com apelo à nostalgia, a produção mira um público de diferentes gerações. O início da vida adulta é colocado em cena por um elenco formado pelos jovens Flora Camolese, Jaffar Bambirra, Muse Maya, Henrique Barreira, Lourenço Dantas e a já citada Nina Tomsic.  
 
A abertura, ao som de “Creep”, do Radiohead, prenuncia a série de inseguranças que serão vividas pelos personagens. A música fala sobre alguém que tenta se encaixar em uma realidade que não é a sua e sobre o sentimento de inadequação, algo que, em diferentes medidas, atinge a todos os jovens em sua adaptação para a vida adulta. 




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A trilha sonora é um dos pontos altos da série, com canções como “Sonífera ilha” (Titãs), “A praieira” (Chico Science e Nação Zumbi), “Palavras ao vento” (Cássia Eller), “Desculpe o auê” e “Lança perfume” (Rita Lee) embalando passeios de fusca ou caminhadas com os portáteis walkmans. 
 
O primeiro episódio acompanha a chegada da novata Elizabeth à fictícia Jardim do Futuro. Vinda de escolas públicas, ela vai para a melhor da cidade com o objetivo de tentar atingir as expectativas da mãe, Tereza, que é superprotetora e está sempre muito atarefada pelo fato de criar a filha sozinha.  
 

Tímida, a garota ganha o apelido de Liz, e sua chegada movimenta a dinâmica das relações entre os estudantes. Aos 17 anos, ela é a melhor aluna da turma e está focada em passar no vestibular do curso de direito. Apaixonada por literatura, presenteia sua nova amiga, Beta, com seu livro favorito, “Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres”, de Clarice Lispector. As duas têm um momento de reflexão sobre uma das citações marcantes da escritora, na qual ela afirma que “viver ultrapassa qualquer entendimento”. 
 
A narrativa oscila entre dois momentos, antes e depois de um trauma que muda a vida do grupo de amigos do colégio. No primeiro dia de aula, um questionamento toma conta das conversas entre os alunos: “O que você vai fazer se o mundo acabar na virada do ano?”.




 
A indagação é uma referência ao “bug do milênio”, termo utilizado para se referir a um medo coletivo que tomou conta da virada de 1999 para 2000, pela possibilidade de haver um apagão planetário, caso os computadores da época não processassem a mudança de ano. A expectativa é de que a suposta falha causaria uma pane geral nos sistemas informatizados, afetando desde o tráfego aéreo até os sistemas bancários. 

As cenas na escola são filmadas em formato VHS e alternam entre passagens noturnas. O mar agitado anuncia o acontecimento da tragédia que mudar a perspectiva do sexteto sobre a realidade. 
Para acompanhar a criação da produção e tratar de temas que podem disparar no público sensações desconfortáveis, foi convocada a consultoria da psicanalista Laura Sarmento, que trabalha há mais de 20 anos na área de saúde mental pública, atuando mais diretamente nos campos da infância e adolescência. 
 
Liz, Cadé e Beta (Flora Camolese), que formam o trio de personagens principais, frequentam o Posto 10, em Ipanema, depois das aulas e, com a convivência fora da escola, acabam formando um triângulo amoroso. Cadé é um apaixonado pela MPB, que sonha em ser artista no futuro. Órfão de pai e mãe desde muito cedo, ele foi criado pela avó Olga (Ângela Leal). Já Beta é divertida, provocadora e irreverente. Porém, seu carisma esconde inseguranças e angústias de alguém que ainda não sabe lidar bem com os próprios sentimentos. 




 
Aderindo à recente onda de rememoração dos anos 2000, a produção é repleta de referências a essa época. Gargantilha, presilha no cabelo, pulseiras coloridas, blusa de flanela xadrez e o clássico All Star são algumas das alusões no visual dos personagens. No cenário, as cortinas de miçangas e os quartos coloridos com pôsteres nas paredes não deixam dúvidas de que a série se passa em outra década. 

*Estagiária sob supervisão da editora Silvana Arantes
 
“A VIDA PELA FRENTE” 

Série com 10 episódios. 
A primeira metade estreia nesta quinta-feira (22/6). Os demais estarão disponíveis a partir de 6/7, no Globoplay.  





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