Roberto Drummond (1933-2002) estará de volta à Savassi, seu lugar preferido em Belo Horizonte. O escritor será homenageado neste domingo (25/6), no quarteirão fechado da Rua Antônio de Albuquerque, no espaço de bares, a partir das 10h. E uma parte de sua vida, que poucos conhecem – e ele era também compositor –, será revivida por seus amigos.
A ideia partiu do músico e compositor Alexandre Sales, que reuniu companheiros do cronista, falecido há 21 anos, devido a problemas cardíacos. São pessoas que trabalharam e viveram com Roberto Drummond desde o início de sua carreira, nos anos 1950.
Na Savassi, os amigos contarão as histórias de Roberto, lerão suas crônicas e, entre uma fala e outra, haverá música, muita música, inclusive as que trazem versos que ele escreveu, como “Oração à santa Marilyn Monroe” (com Breno Milagres), “Esta noite eu estarei com Martha Gellhorn” (também com Breno Milagres) e “Você não consegue matar esse amor” (com Alexandre Sales).
O roteirista, documentarista e compositor Breno Milagres conta detalhes da parceria com Roberto Drummond. “Mostrei as músicas para ele, e ele disse que iria musicá-las, como fez. Me entregou as letras, que falam de Marilyn Monroe, de quem era fã, e Martha Gellhorn, mulher de Ernest Hemingway.”
Celso Adolfo, Mirtes Helena, Sílvio Scalione, Fernando Ângelo, Sérgio Moreira, Selmma Carvalho, Eduardo Filizzola e Celso Amorim, além de Alexandre Sales, estão entre os músicos e amigos que vão homenagear Roberto Drummond.
Reinaldo vai relembrar causos
Já o ex-jogador Reinaldo, do Atlético, é um dos contadores de causos do escritor, que era torcedor apaixonado do time mineiro e autor da frase imortalizada pela torcida do Galo: “Se houver uma camisa branca e preta pendurada no varal durante uma tempestade, o atleticano torce contra o vento”.
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A carreira de Roberto Drummond como jornalista começou por acaso. Estudante de filosofia na UFMG, ele foi à redação da extinta Folha de Minas para pedir nota sobre uma manifestação que o movimento estudantil faria no dia seguinte, na Avenida Afonso Pena.
Foi recebido pelo redator-chefe, que perguntou qual era o seu nome. Daí, veio o diálogo:
– Eu não gosto do meu nome, disse Roberto.
– E qual é o seu nome?
– É Robert.
– Então, como posso chamá-lo?, perguntou o jornalista
– Eu gosto que me chamem de Roberto, respondeu.
– E o sobrenome?
– Drummond.
O futuro escritor não sabia, mas à sua frente estava outro Drummond, Felippe, que logo puxou conversa sobre a família. E disse: “Então você é meu parente”. Roberto explicou que era de Ferros. O redator, então, disparou: “Nós somos parentes. Meu pai e sua mãe são primos.”
E Fellipe Drummond emendou outra pergunta: “Você sabe bater máquina de escrever?”
Após o “sim” do então estudante, veio a proposta: “Você não quer trabalhar aqui?”
Nascia ali o repórter Roberto Drummond, que foi escalado para cobrir a zona boêmia de BH. As andanças por lá o inspiraram a escrever um dos seus maiores sucessos, o livro “Hilda Furacão”, que ganhou adaptação em minissérie homônima da TV Globo.
Jornalista ganhou o Prêmio Esso
Roberto Drummond, jornalista, também fez história. Ganhou um Prêmio Esso quando simulou a compra de retirantes nordestinos que vieram a Minas Gerais em busca de trabalho. Morreu trabalhando, escrevendo crônicas no Estado de Minas.
“O Roberto parecia escrever um livro 24 horas por dia. Vivia imaginando histórias. Ele era muito criativo, como poucos”, relembra Alexandre Sales, o amigo que idealizou a homenagem ao amigo Roberto Drummond.