“Tanto faz o quente. Tanto faz o frio. Tanto faz”. Foi ao som de “Barato Total” que Gilberto Gil subiu ao palco ao lado de outros 12 integrantes da Família Gil para esquentar Belo Horizonte, na noite gelada dessa sexta-feira (23/6). O Festival Sensacional foi a segunda parada da turnê “Nós, a gente”, que, com duas horas de espetáculo, reuniu um repertório de clássicos do artista junto a homenagens feitas para Gal Costa e Rita Lee.
Mesmo com o frio de 15°C no Parque Ecológico, Gilberto Gil entrou dançante no show e foi possível ver o orgulho de pisar no palco ao lado de seus filhos e netos. As primeiras canções embaladas por sucessos de sua carreira, como “Serafim”, “Nossa gente”, “Avisa lá” e até “Babá alapalá”, esquentaram a festa e animaram o público.
O show foi uma grande reunião em família. A primeira convidada a assumir o microfone foi Flor Gil, filha de Bela Gil, que cantou “Garota de Ipanema” ao lado do avô. A roda de músicas também passou por Nara Gil e até o trio José Gil, Francisco Gil e João Gil, que formam a banda Os Gilsons e trouxeram uma música especial do próprio repertório: “Várias queixas”.
Preta Gil, que está em tratamento contra um câncer no intestino, teve autorização dos médicos para fazer parte da turnê que ela idealizou. A artista foi ovacionada e recebeu o carinho do público, que entoava seu nome pelo festival. Ela esteve no palco por alguns momentos específicos e também teve seu solo em “Vá se benzer”, que dedicou à madrinha Gal Gosta e aproveitou para cantar sobre o momento turbulento na vida pessoal.
“Eu, sou eu, diz aí quem é você”, diz ela no trecho da música. Nesse momento, Preta anunciava para o público tudo que a representa: “Eu vou dizer para vocês quem eu sou. Eu sou Preta Maria, uma mulher gorda, negra, bissexual, estou me tratando de um câncer e vou me curar, estou solteira e sou filha do imortal Gilberto Gil”. O público foi ao delírio com suas palavras.
Homenagens
A apresentação da família Gil também teve momentos de homenagens a grandes amigas do artista, como Gal Costa, que morreu em novembro de 2022. O cantor trouxe a faixa “Esotérico”, que fez parte do repertório dos Doces Bárbaros, icônico grupo dos anos de 1970 formado por Gal, Gil, Caetano Veloso e Maria Bethânia.
Gil também aproveitou o momento para cantar “Get Back”, dos Beatles, na versão “De leve” dele e de Rita Lee. “Ela gostava muito de cantar comigo”, contou ao público. Ele também trouxe a clássica “Ovelha negra” da amiga e fez um belo discurso sobre a vida após a morte, desejando que ela tenha encontrado paz.
“Ela tinha tanto fascínio pelo espaço e lugares mais distantes do universo. Será que ela encontrou uma estrelinha por aí? Tomara. A gente não sabe de nada. Muita gente crê, quer que haja uma coisa mais bonita depois dessa vida aqui, mas não temos certeza de nada. Só resta pedir a Deus. Rita, aí da sua estrelinha, nos ilumine”, disse Gilberto Gil.
Outra homenagem no palco foi feita pelo músico ao lado do neto Bento para João Gilberto, criador da bossa nova que morreu em 2019 aos 88 anos. Gil batucou no tamborim enquanto o neto tocou violão na versão de “O pato”.
Completando 81 anos nesta segunda-feira (26/6), o cantor também foi surpreendido e recebeu uma homenagem do público. A plateia puxou o “Parabéns pra você” e foi acompanhada pela família do artista no palco, com os instrumentos.
Por fim, Gilberto Gil e a família deram “aquele abraço” no público mineiro e fecharam com chave de ouro ao som de “Toda menina baiana”. O artista desejou continuar o repertório com os milhares de pedidos do público, mas demonstrou respeito a vizinhança e encerrou pontualmente às 22h o show e agradecendo pela noite.