“Fiz este disco com todo o meu coração”, afirma o cantor, compositor, instrumentista e bluesman Joe Abujamra a respeito de “Found”, seu álbum de estreia. A produção independente, com seis faixas autorais, já chegou às plataformas digitais. Robert Johnson, Stevie Ray Vaughan e Jimi Hendrix estão entre as influências dele, que, aliás, é dono do gato Muddy Waters, assim batizado em homenagem ao pai do blues de Chicago.
Joe, de 28 anos, vem de uma família de artistas. É filho do músico e ator André Abujamra e da cineasta Anna Muylaert. Seu avô é Antônio Abujamra (1932-2015), lenda do teatro brasileiro.
“Meu pai é um cara world music. Se você ouvir as músicas dele, entende logo isso. Ele canta tudo. Mas, na verdade, foi a minha mãe que teve influência muito grande no meu lado soul, blueseiro. Quando eu era criança, ela colocava discos do Stevie Wonder e do Ray Charles para mim. Com 16 anos, tomei um fora de uma menina da escola e minha mãe me deu o LP do Robert Johnson”, relembra.
“Vendo meu pai e meu avô se apresentando, não tenho a menor dúvida de que aprendi muito, mas essa questão do blueseiro foi mais por influência da minha mãe. Na verdade, sou um mix de André e Anna”, revela.
Clipes no YouTube
Todas as faixas de “Found” ganharam clipes filmados durante as gravações, que já estão circulando no Youtube. Xantilee Jesus (contrabaixo) e Mauro Sanches (bateria) participaram do álbum. A produção ficou a cargo de Sergio Soffiatti, guitarrista e produtor da Orquestra Brasileira de Música Jamaicana.
Abujamra começou a se apresentar em casas de show e bares paulistanos em 2018, quando concluiu o curso de guitarra no Musicians Institute, em Los Angeles, na Califórnia (EUA). De acordo com ele, sua música traz tanto a tradição do delta blues como o rock de Jimi Hendrix.
“Meu álbum é de blues rock, com faixas que falam um pouco da minha vida, de como cheguei até aqui. Fui criado em família artística, mas tive de achar o meu próprio caminho. 'Find my self', a primeira canção que fiz, compus durante a pandemia. Foi um momento muito difícil, quando comecei a me perguntar quem sou, o que vim fazer neste mundo, o que vou fazer na vida.”
A segunda faixa, “Free”, fala da dificuldade de lidar com o fim de um relacionamento amoroso. “É muito inspirada nas guitarras de Jimi Hendrix. Gosto muito dessa coisa da melodia alegre e da letra triste”, diz Joe. Já “Poison”, que bebeu na fonte de Robert Johnson, vem do blues do Mississipi.
Os relacionamentos afetivos do artista também deram origem às faixas “My life” (“que conta a história de quando conheci uma namorada em um momento confuso de minha vida”) e “For you”, “canção de amor, mas com aquela coisa do blues”, segundo ele. Joe explica: “É a verdade que você sente, a dor no coração. O amor é lindo, mas tem a dor do amor. A letra tem essas duas coisas.”
Blues, o companheiro
Já “The blues is my father” foi composta quando ele se descobriu bluesman. “Eu me sentia sozinho, mas o blues não me deixava só. Na realidade, foi ali que me encontrei.”
Joe Abujamra elogia a banda que o acompanha há cinco anos. “É uma química bem legal. O projeto está bem trabalhado, afinal foram quase quatro anos para que o disco ficasse pronto”, comenta, informando que sonha em lançá-lo em vinil.
No próximo domingo (16/7), ele estará no Pico do Gavião, na divisa de Minas Gerais com São Paulo, para participar do projeto Blues na Montanha. “Vou tocar com o baixista Xantilee, uma dupla meio Mississipi blues”, adianta. “Adoraria viajar pelo Brasil apresentando meu disco e conhecendo pessoas. Tenho shows em São Paulo, mas nada ainda como turnê”, informa.
Enquanto planeja o lançamento de “Found”, ele continua compondo. “Um dos meus aprendizados por ter nascido em família de artistas é que nunca é suficiente. Você lança um trabalho, mas já tem de pensar no próximo. Meu pai e minha mãe me disseram, no dia em que lancei o disco: Parabéns, mas agora pensa no próximo. É assim que funciona a vida.”
“FOUND”
• Disco de Joe Abujamra
• Seis faixas