Nunca pergunte a uma intérprete qual é sua música preferida em um trabalho recente. Ela, provavelmente, não dirá. Sandy, que lançou o projeto audiovisual “Nós, voz, eles – Ao vivo”, no qual faz duo com 12 convidados, tem uma justificativa certeira para não optar entre essa ou aquela canção. “Escolher uma música é como falar de filho, né? As músicas são como filhos para nós, são os nossos projetos. É muito difícil mesmo”, ponderou ela, em coletiva virtual.
A artista, contudo, considera a canção “De cada vez”, em que divide os vocais com Agnes Nunes, como a mais simbólica do novo trabalho. “Toda vez que eu canto, ofereço mentalmente para minha comadre, a Pati Kisser, que morreu há um ano. Foi a última música que eu cantei para ela, no hospital. A canção tem toda essa simbologia para mim”, disse em referência a Patrícia Kisser, mulher do músico Andreas Kisser, vítima de um câncer no cólon.
O projeto, o terceiro ao vivo na carreira solo da cantora, após "Manuscrito – Ao vivo" e "Meu canto – Ao vivo", foi gravado ano passado, no Vibra, em São Paulo. Sandy assina a direção artística, e seu marido, Lucas Lima, a direção musical. Ele também participa como um dos convidados ao lado de Wanessa Camargo, Amaro Freitas, Anavitória, Melim, Maria Gadú, Iza, Thiaguinho, Xororó, OutroEu e Vitor Kley.
Dos cantores, apenas Ludmila e Mateus Asato, por compromissos no exterior, não compareceram. “Uma justíssima causa”, observa Sandy, que confessa ter ficado impressionada ao ver todo mundo reunido. Segundo ela, a logística complexa deu muito trabalho à equipe. “Era fim de ano. Quando cheguei lá, não pude acreditar, me senti em um festival”. Disponibilizado no YouTube, o material até ontem (10/7) ultrapassava 400 mil visualizações.
Sem rivalidade com Wanessa
Se a canção com Agnes Nunes é a mais simbólica, a gravação com Wanessa Camargo marca outro tento. “Foi muito bonito ter esses momentos com ela e poder falar para as pessoas: 'Olha aqui ó, nós somos amigas, nós não somos rivais e a gente gravou uma música linda (“Leve”), juntas, que tem significado para nós duas. Foi uma oportunidade muito bonita essa parceria”, afirma, jogando por terra as informações de que ela e a filha de Zezé di Camargo, na adolescência, eram rivais.
Sobre comentários nas redes sociais que ainda insistem em comparar as duas artistas, Sandy diz que prefere nem vê-los. “Não vale a pena, porque esse tipo de coisa é cilada mesmo”, garante, criticando a publicação de fotos mostrando o que seria o tratamento que cada uma das duas dedica aos fãs.
“Pegaram foto da Wanessa atendendo fãs na saída de hotel e minha, na Globo, onde já tinha recebido um monte de fãs, um a um. Dou um tchau geral e eles pegam essa parte e editam.”
Esse tipo de montagem é “ridícula”, segundo Sandy. “Não paro para ver. Não são fatos, são coisas inventadas. Não vale a pena perder tempo com isso”. A cantora, entretanto, comemora a receptividade, o carinho e a reação do público com a parceria. “Foi muito bacana encerrar de uma vez por toda essa questão”.
Nas redes
Sobre redes sociais, Sandy considera como uma ferramenta que democratizou muito a forma de divulgar o trabalho dos artistas, “de colocar a nossa verdade, do nosso jeito, quando a gente quiser, quantas vezes a gente quiser”. Mas, pondera, é preciso saber usá-las.
Sandy diz que ainda não usou a recém-lançada Threads e não se considera uma pessoa “super engajada nas redes”, mas sempre que encontra tempo aparece por lá.
“O tempo da gente não é uma coisa que está sobrando aí, né? Isso é pra todo mundo. Acho que o mundo está ficando muito acelerado e a gente está ficando cada vez mais sem tempo. Mas tento usar o tempinho que eu tenho para estar próxima dos meus fãs.”
IA
Sandy disse também que nunca usou inteligência artificial em seus trabalhos. “Inclusive, nunca entrei no Chat CGPT. Tenho um cuidado, um pé atrás com isso. Tenho bastante medo porque a gente sabe que os riscos são enormes e ainda difíceis de medir. É difícil para nossa mente humana entender o limite disso tudo e, enfim, o que é possível, tudo o que ainda vai acontecer, tudo que ainda teremos como consequências da chegada dessa inteligência artificial, complexa e difícil de discutir."
Apesar das ressalvas, ela conta que já foi consultada para fazer uma música junto com o Chat CGPT. Mas não quis.
Junior, irmão e parceiro
Sobre a parceria com o Junior, o público sabe que o sucesso dos irmãos é imbatível. Mas, segundo a artista, foi com a turnê “Sandy e Junior: Nossa história” que, finalmente, a dupla conseguiu medir a popularidade.
“A turnê foi o maior termômetro porque aqui dentro da gente. Mesmo fazendo o nosso trabalho e preocupado em fazer o nosso melhor, não temos muito como medir o carinho das pessoas e o tanto de gente que acompanha sempre. Foi ali que a gente entendeu a dimensão do nosso nome, o que tinha sido o nosso trabalho em dupla e como isso ainda estava presente na vida das pessoas, foi muito bonito ver tudo isso.”
Segura de sua trajetória, Sandy, que completou 40 anos em janeiro, afirma que não tem mais nada para provar a ninguém. “Estou com 33 anos de carreira. Eu preciso fazer coisas que realmente acredito que valem a pena. Senão, não significa nada.”
A cantora acredita que seu público é fiel ao seu trabalho. “Hoje em dia, é um público menor, mas que gosta muito, é fiel, entra ano e sai ano está consumindo o meu trabalho, indo aos shows. Isso para mim não tem preço. É a coisa mais linda. Não poderia pedir nada além disso, eu estou muito feliz e realizada. Estou fazendo o que acredito e as pessoas estão vendo isso.”
DUETOS
>> “DESTRUIÇÃO” (Sandy e OutroEu)
>> “EU SÓ PRECISO SER” (Sandy e Iza)
>> “AMOR NÃO TESTADO” (Sandy e Amaro Freitas)
>> “AREIA” (Sandy e Lucas Lima)
>> “MEU DISFARCE” (Sandy e Xororó)
>> “NO ESCURO” (Sandy e Maria Gadú)
>> “LEVE” (Sandy e Wanessa Camargo)
>> “DE CADA VEZ" (Sandy e Agnes Nunes)
>> “ME ESPERA" (Sandy e Xororó)
>> “PRA ME REFAZER” (Sandy e Anavitória)
>> “EU PRA VOCÊ” (Sandy e Melim)
>> “UM DIA BOM, UM DIA BESTA” (Sandy e Thiaguinho)
>> “TUDO TEU” (Sandy e Vitor Kley)
• “Nós, voz, eles – Ao vivo” está disponível no YouTube