Os atores de Hollywood entraram em greve nesta quinta-feira (13/7), unindo-se assim aos roteiristas, em uma ação conjunta inédita nos últimos 60 anos, que ameaça paralisar quase por completo a indústria do cinema e da televisão americanas.
O Screen Actors Guild (SAG-AFTRA), que representa cerca de 160 mil artistas, desde grandes estrelas a figurantes, afirmou que as negociações com os estúdios não atenderam suas demandas contratuais.
"O SAG-AFTRA negociou de boa-fé e estava disposto a chegar a um acordo que abordou de maneira suficiente as necessidades dos artistas", disse a presidente do sindicato, Fran Drecher, em um comunicado.
"Mas as respostas da AMPTP (que representa os estúdios) às propostas mais importantes do sindicato foram insultantes e houve uma enorme falta de respeito com as nossas contribuições para essa indústria", prosseguiu a nota.
Atores e roteiristas buscam aumentos salariais para enfrentar a inflação e proteção no futuro pelo uso de Inteligência Artificial (IA) nas produções de cinema e televisão.
"Na última década, sua remuneração foi gravemente diminuída pelo auge do streaming. Além disso, a IA se torna uma ameaça real para os criadores", disse um comunicado do SAG-AFTRA, depois de que as negociações colapsaram.
A Aliança de Produtores de Cinema e Televisão (AMPTP) disse estar "decepcionada" pelo encerramento das negociações. "É uma decisão do sindicato (de atores), não nossa", afirmou o grupo em um comunicado.
O CEO da Disney, Bob Iger, disse à CNBC que as expectativas dos roteiristas e atores "não são realistas" e chamou a greve de "muito preocupante". Do outro lado, muitos expressam sua indignação.
Tapete vermelho
"A AMPTP jogou duro em vez de ajudar a resolver problemas totalmente solucionáveis que põem em risco os roteiristas e atores nos degraus mais baixos da escala salarial", tuitou Phil Lord, o escritor, diretor e produtor do sucesso "Homem-Aranha: Através do Aranhaverso" e "Uma aventura Lego".
Os atores de cinema e televisão não entravam em greve desde 1980, quando ficaram de braços cruzados por mais de três meses. Hollywood se prepara para o impacto dessa nova ação, que pode colocá-la de joelhos.
A paralisação dos roteiristas já havia reduzido a quantidade de filmes e programas em produção, mas, sem atores, a indústria se verá obrigada a parar. Alguns reality shows, programas de auditório e entrevistas poderiam continuar. Mas as séries dramáticas e outros programas enfrentarão atrasos. E se os protestos se estenderem, as produções de grande sucesso no calendário se verão impactadas.
As estrelas também não participarão dos eventos promocionais de seus filmes e os tapetes vermelhos serão suspensos. Em Londres, a grande estreia da noite de quarta, "Oppenheimer", de Christopher Nolan, previsto para entrar em cartaz no Brasil na próxima quinta (20/7), foi adiantada em uma hora para que astros como Robert Downey Jr., Matt Damon e Emily Blunt, que fazem parte do elenco, pudessem participar sem infringir as regras do sindicato.
Até a cerimônia do Emmy, marcada para 18 de setembro, pode ter que ser adiada para novembro, ou até mesmo ficar para o ano que vem.
Sign in with Google
Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do Estado de Minas.
Leia 0 comentários
*Para comentar, faça seu login ou assine