Uma megagreve de roteiristas e artistas em Hollywood, a Meca do cinema mundial, provavelmente paralisará a produção da maioria dos filmes e de muitos programas de televisão.
A última vez que membros do Screen Actors Guild - Federação Americana de Artistas de Televisão e Rádio (SAG-AFTRA, na sigla em inglês) fizeram uma greve foi em julho de 1980.
Naquela época, parte da briga entre seus membros e as gigantes do entretenimento era sobre os lucros com a venda de programas e filmes feitos para a TV fechada e fitas de vídeo, informou o jornal The New York Times na época.
Quarenta e três anos depois, a nova paralisação — que se soma a uma greve em curso de roteiristas — se concentra em demandas semelhantes relacionadas a material feito para plataformas de streaming e preocupações com inteligência artificial.
Quais filmes serão afetados?
Espera-se que a paralisação cause um impacto na produção e promoção de filmes e programas de TV.
Entre os próximos lançamentos, incluindo eventos promocionais como coletivas de imprensa e estreias no tapete vermelho, estão Mansão Mal Assombrada, As Tartarugas Ninja: Caos Mutantes e A noite das Bruxas.
Alguns dos maiores sucessos de bilheteria que atualmente estão em produção incluem Mulher Maravilha 3, Caça-Fantasmas 4, Mufasa: O Rei Leão e Avatar 3 e 4, de acordo com o Internet Movie Database.
Embora o roteiro desses projetos provavelmente esteja concluído, a greve dos artistas interromperá grande parte do trabalho de produção e causará estragos na programação.
O número de licenças de filmagem para longas-metragens e projetos de televisão, incluindo reality shows, em Los Angeles caiu 64% na semana passada, em comparação com o mesmo período de 2022, segundo dados da FilmLA.
"Em uma semana normal nesta época do ano, haveria dezenas de projetos de televisão com roteiro em produção. Por outro lado, não temos séries de TV com roteiro com permissão para filmar esta semana", disse a agência.
Mesmo que a fotografia principal — a maior parte da filmagem em um projeto — esteja concluída, os atores agora não estão disponíveis para solicitações típicas, como refilmagens e substituição de diálogos — onde as falas são regravadas para corrigir erros ou resmungos.
Produções no exterior, como as filmagens da sequência de Gladiador, da Paramount, em Marrocos e Malta, também devem ser afetadas.
E os programas de TV?
Em termos de TV, a Warner Bros Discovery já se gabou por sofrido efeitos mínimos da greve dos roteiristas em projetos da HBO, como a série House of the Dragon, porque os roteiros estavam completos.
Mas a greve dos artistas que são membros do SAG-AFTRA significa que muitos roteiros totalmente escritos provavelmente serão suspensos.
Acredita-se que acordos paralelos possam ser fechados entre artistas e produtores da associação para permitir que certos projetos continuem.
Nos Estados Unidos, outros projetos de TV que devem ser produzidos durante o verão no Hemisfério Norte incluem a segunda série de Night Court e Chicago Med, Fire e P.D. na NBC, NCIS e Young Sheldon na CBS, e Family Guy e Os Simpsons na Fox.
O que acontece depois?
À medida que os estúdios nos Estados Unidos e em outras partes do mundo ficam mais silenciosos como resultado da megagreve de Hollywood, ocorrerão reuniões entre as associações e representantes da indústria do entretenimento.
Em 1980, durante a última greve dos atores, a paralisação durou 10 semanas enquanto os dois lados debatiam os termos de um novo acordo que refletisse as demandas e preocupações de todos.
O custo dessa paralisação foi estimado em cerca de US$ 100 milhões (R$ 480 milhões no câmbio atual) pelo setor, disse o The New York Times na época. Hoje o valor equivaleria a cerca de R$ 1,7 bilhão.
A última vez que roteiristas e atores entraram em greve juntos foi em 1960 — quando os roteiristas pararam de trabalhar por 21 semanas e os atores pararam de trabalhar por seis.
Desta vez, as negociações podem ser ainda mais prolongadas, já que alguns atores incentivam o sindicato a adotar uma abordagem linha-dura, de acordo com a revista Variety.
"Este não é um momento para ficar em cima do muro", diz uma carta assinada por 2.000 atores.
De sua parte, os empregadores e produtores de Hollywood disseram estar desapontados com a decisão da SAG-AFTRA de entrar em greve.
A Alliance of Motion Picture and Television Producers disse que "certamente não foi o resultado que esperávamos, pois os estúdios não podem operar sem os artistas que dão vida aos nossos programas de TV e filmes".
“Lamentavelmente, o sindicato escolheu um caminho que levará a dificuldades financeiras para incontáveis milhares de pessoas que dependem do setor”.
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