Thiago Amud olha para a câmera

Músico elogiado por Caetano Veloso, o cantor e compositor Thiago Amud convida o público de BH a acompanhar, durante seu show, o "caminho do que a letra diz, as curvas da melodia"

João Atala/divulgação

'É uma tentativa de responder a todo aquele estado de horror em que estivemos imersos nos últimos anos no Brasil'

Thiago Amud, cantor e compositor, sobre o disco "São"


O cantor e compositor Thiago Amud será a atração do Clube de Jazz do Café com Letras, nesta quinta-feira (20/7) e amanhã à noite. Ele vai interpretar as canções de seu último álbum, “São” (2021), que não teve turnê de lançamento devido à pandemia. Também promete mostrar inéditas de seu próximo disco.

Elogiado por Caetano Veloso, o carioca é um dos destaques da nova cena da MPB. Amud fez o arranjo orquestral para “Meu coco”, faixa-título do último álbum do baiano, lançado em 2021.

“Escolhi o repertório para o show focado nas músicas do meu disco mais recente. É como se ele servisse de centro gravitacional, atraindo outras músicas minhas, que, de certa forma, conversam com as faixas de ‘São’”, explica Amud.

Acolhimento em BH

Acompanhado dos mineiros Camila Rocha (baixo), PC Guimarães (guitarra) e Yuri Velasco (bateria), ele espera que a plateia “animada e acolhedora de BH” – ele  tem casa na cidade e no Rio de Janeiro – responda à sua vontade de se comunicar.

“Quero dizer coisas que nem sempre são imediatamente compreensíveis. Espero que mesmo aquilo que não for compreensível imediatamente seja acolhido por uma expectativa e uma receptividade poética”, afirma.

As canções de “São” e do show são “energéticas e serenas, quase mântricas”, define o compositor. “Elas convidam a uma entrega suave ao som da música. Não primam por ser 'chicletes'. Muitas vezes, as pessoas têm de acompanhar aquele caminho do que a letra diz, as curvas da melodia, perceber e recolher tudo isso na escuta. Espero que as pessoas curtam e até mesmo dancem.”
 

As oito faixas de “São”, inicialmente planejadas para voz e violão, retratam a instabilidade sociopolítica do Brasil nos últimos tempos. Diferentemente dos álbuns anteriores de Thiago Amud, elas foram registradas com banda.

“É um disco gravado ao vivo em estúdio, novidade nos meus trabalhos, que costumavam ter orquestras muito grandes. O projeto, de certa forma, responde ao estado de coisas que se instaurou no Brasil nos últimos anos, a tudo que culminou na eleição de 2018. É um disco feito dentro da pandemia.”

A conjugação do verbo ser, no título, remete ao encontro “entre o natural e o santificado”, comenta ele. “É uma tentativa de responder a todo aquele estado de horror em que estivemos imersos nos últimos anos no Brasil.”

O cantor e compositor carioca, de 43 anos, lançou também os discos “Sacradança” (2010), “De ponta a ponta tudo é praia-palma” (2013) e “O cinema que o sol não apaga” (2018). Formado em música pela Unirio, ele se diz encantado pela pluralidade de experimentações que a cultura brasileira proporciona.
 
 

Ritmos brasileiros

Em seu trabalho, Amud mescla samba enredo, samba reggae, moda de viola, Bossa Nova, ijexá e baião. “Os ritmos que trabalho trazem uma força e uma carga comunicativa muito acentuadas, que movem as pessoas. Busquei tratá-los de modo inventivo”, diz.

Thiago Amud revela que não parou de criar, mesmo durante a crise sanitária. “O repertório do próximo disco está quase todo pronto. Ainda devo compor mais uma ou duas músicas e os arranjos. O disco terá algumas participações bem interessantes, que infelizmente não posso revelar. Ele sai em 2024”, promete.

THIAGO AMUD

O cantor e compositor faz show hoje (20/7) e sexta-feira (21/7), às 20h, no Clube de Jazz do Café com Letras (Rua Antônio de Albuquerque, 47, Funcionários), como convidado do projeto Noites Rocinante. Ingressos: R$ 40 (área interna) e R$ 20 (área externa). Informações: www.clubedejazzdocafe.com

* Estagiária sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria