Vivendo em Paris desde maio de 2022, o cantor e compositor baiano Lucas Santtana está nesta semana no Brasil para uma série de três shows. Nesta quarta (26/7), no Rio de Janeiro; amanhã (27/7), em Belo Horizonte, no Teatro de Bolso do Sesiminas, e na sexta (28/7), em São Paulo. A base das apresentações será "O paraíso", seu novo álbum, lançado em janeiro. 





A temporada francesa – que ele pretende estender pelos próximos anos – é resultado de um processo de pouco mais de uma década. "Minha gravadora (No Format! Records) há 11 anos é de Paris. Tenho uma agência lá que vendeu meus shows. Foram 40 na Europa durante a pandemia. A estrutura é boa. Achei que era hora de abrir os horizontes, o cenário aqui, com Bolsonaro, estava meio destruído. Também achava que no Brasil ia ficar fazendo as mesmas coisas", comenta.

Diz que a mudança tem dado certo. Já tocou em vários países da Europa desde que se radicou por lá. Deixando novamente o Brasil já no fim de semana, retorna para Paris para nova temporada de shows. "O paraíso" é fruto da crise sanitária. Foi gestado ainda no país, mas gravado na França. Com o tempo livre no período do isolamento, Santtana leu bastante. 
 
"Foram livros sobre o planeta Terra, tanto do ponto de vista da crise climática quanto também mostrando sobre a sorte de vivermos em um planeta único. Não existe vida em outro planeta do sistema solar. A gente sabe disso, mas é como se não soubéssemos”, afirma. O artista diz que se inspirou nisso para fazer as músicas. “Não é um disco com uma mensagem de ativismo, mas algo para tentar abrir o coração das pessoas, pois, com toda a certeza, a humanidade acaba antes do planeta."




 

 

De Benjor a Beatles

"O paraíso", na visão de Santtana, se desdobra em 10 canções – oito delas autorais e duas versões. "Errare humanum est", pinçado do clássico "Tábua de esmeraldas" (1974), de Jorge Ben (muito antes do Benjor), é tirada da máxima de Santo Agostinho "Errare humanum est. Perseverare autem diabolicum" (Errar é humano, permanecer no erro é diabólico). 

A outra versão é para "The fool on the hill", de Paul McCartney, do álbum "Magical mystery tour" (1967), dos Beatles. A gravação é linda, com Santtana dividindo os vocais com a cantora Flore Benguigi, da banda francesa L'imperatrice. A primeira metade é suave, com ênfase no violão, na percussão e nas vozes. A segunda parte ganha outro tom, com a adição de novos instrumentos, com ênfase nos metais. 

"Eu queria que 'O paraíso' fosse um disco com violão, pois todas as músicas foram compostas ao violão. Queria ainda percussão, pois não trabalhava com ela desde 2006. Aliado a isto, arranjos orquestrais, que tem em vários discos meus, samples, sintetizadores, que são sons que utilizo em muitos discos. Um amigo meu me disse que o disco seria um compêndio sonoro de todos os meus", comenta.




 
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E assim como em trabalhos anteriores, além do português, Santtana gravou em espanhol e em inglês. A novidade aqui é o francês, que ele arrisca em "La biosphère", outro achado do álbum – a canção conta inclusive com um coral infantojuvenil. 

Serão algumas canções de "O paraíso" no show, além de um apanhado da carreira. Certas músicas sempre estão presentes, como "Mensagem de amor" e "Amor em Jacumã".
 
"Depois de nove discos de estúdio, fora as canções que fiz para outros, hoje tenho mais de 100 músicas. Está cada vez mais difícil fazer roteiro de show. Mas gosto de resgatar coisas do repertório que dialoguem com as temáticas atuais", afirma.

LUCAS SANTTANA

Show nesta quinta (27/7), às 19h30, no Teatro de Bolso do Sesiminas, Rua Padre Marinho, 60, Santa Eifgênia. Ingressos: R$ 80 (inteira) e R$ 40 (meia). À venda no sympla.com.br

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