Um dos autores mais lidos no mundo, Franz Kafka (1883-1924) é autor de clássicos que quase todo mundo conhece, como “A metamorfose” e “O processo”. O que nem todo mundo sabe é que eles só podem ser lidos hoje graças ao seu amigo e também escritor Max Brod (1884-1968), a quem foram confiadas suas obras. Isso porque, quando entregou os escritos a Brod, Kafka fez a ele o pedido de que incinerasse tudo após a sua morte, que àquela altura era iminente em virtude de uma tuberculose.
Essa história compõe o enredo da peça “Um beijo em Franz Kafka”, em cartaz neste sábado (29/7) e domingo, no Cine Theatro Brasil Vallourec. Kafka e Brod se conheceram no curso de direito da Universidade de Praga. Nessa montagem que estreou em 2018 e é apresentada pela primeira vez na capital mineira, Maurício Machado interpreta Kafka e Anderson Di Rizzi vive Max Brod.
Maurício Machado afirma que dar vida a personagem real foi um grande desafio, tanto mais em se tratando de um indivíduo nascido no século 19, de quem não existem registros em áudio e em vídeo.
Durante o processo de preparação, o ator se debruçou nos livros e na biografia do escritor. Recorreu também a pesquisadores das obras do autor, que é um expoente da literatura moderna, e leu alguns dos manuscritos originais dos diários de Kafka, cujo conteúdo é incorporado à dramaturgia.
Visão negativa
“Dentro do espetáculo há muitas frases que são pensamentos reais dele, coisas que foram escritas por ele, inclusive a carta com o emblemático pedido deixado a Max Brod”, diz Machado. O ator busca oferecer ao público nova abordagem da personalidade do autor tcheco, a quem se associa a imagem de alguém introspectivo. “As pessoas têm uma visão negativa sobre a personalidade dele, de que era uma pessoa soturna”, comenta Machado. Sendo assim, o Kafka interpretado por ele não deixa de ser introspectivo e tímido, mas também exibe uma faceta divertida e bem-humorada, com piadas ácidas e sarcásticas.
De acordo com Machado, o espetáculo já foi visto por 80 mil pessoas e não se endereça apenas a quem conhece e admira a obra do escritor. “É para quem quer se divertir e se emocionar com as histórias e as vivências dessa amizade. Não é uma comédia escancarada, mas tem momentos leves, com um humor fino e inteligente”, diz.
Com música ao vivo, interpretada por Ricardo Pesce no acordeon e piano, a peça aborda os conflitos de um gênio que não acreditava em si mesmo enquanto seu melhor amigo tenta fazer com que ele reconheça a sua vocação. Outra participação especial é a do ator Thiago Pach, que interpreta personagens da obra literária de Kafka que aparecem como uma visão do imaginário do autor.
Sobre os cinco anos de estrada com a peça escrita por Sérgio Roveri e dirigida por Eduardo Figueiredo, Maurício Machado afirma que serviram para deixar a montagem mais forte e eloquente. “Teatro tem isso de nunca ser igual, a gente vai melhorando, lapidando o diamante. Estamos muito satisfeitos com o resultado do que vamos apresentar.”
“UM BEIJO EM FRANZ KAFKA”
De: Sérgio Roveri. Direção: Eduardo Figueiredo. Com Maurício Machado, Anderson Di Rizzi e Thiago Pach. Neste sábado (29/7), às 20h, e domingo, às 18h, no Cine Theatro Brasil Vallourec (Rua dos Carijós, 258, Centro). Ingressos para a Plateia Inferior 1A a R$ 100; Plateia Inferior 1B a R$ 90; Plateia Superior 2A a R$ 80 e Plateia Superior 2B a R$ 70, à venda de ingressos na bilheteria do teatro e no site Eventim. Meia-entrada de acordo com a lei.
*Estagiária sob supervisão da editora Silvana Arantes
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