Foi em um set de filmagens, em 2016, enquanto estava sendo maquiado, que o ator e cineasta Beto Guerino parou para pensar que praticamente todos os últimos trabalhos que havia feito no audiovisual (longas, curtas e séries para TV) haviam sido com amigos. Lembrou-se de que vários desses amigos tinham produções autorais e pensou: “Por que não montar uma mostra de curtas só com os filmes de todas essas pessoas?”.





Assim nasceu o ciclo Mais Que Amigos, naquele mesmo ano, no MIS Cine Santa Tereza. A iniciativa, contudo, não prosperou. Com a correria de Guerino em busca de novos trabalhos e inscrição em editais, a mostra acabou ficando em segundo plano.

Neste 2023, ele decidiu retomar o projeto regularmente - com uma edição por semestre. O segundo ciclo deste ano será realizado neste sábado (29/7) e domingo, no MIS Cine Santa Tereza, com exibições gratuitas de 10 curtas-metragens, sendo cinco a cada dia.

“No ano passado, perdi minha mãe. Aí comecei a refletir sobre a importância de não deixar para depois coisas que a gente pode fazer agora. E uma mostra de curtas – independente de se tratar da nossa – é essencial para a sociedade, para as pessoas, para a cultura como um todo. Então decidi voltar com a mostra”, conta o idealizador do projeto.




 
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Os curtas da programação de hoje são "Egressão" (2022), de Rodrigo Vieira; "Apagão" (2022), de Inês Peixoto e Felipe Vignoli; "O sonemista" (2016), de Cristiano Abud e Rodrigo Araújo Baiano; "O bloqueio" (2002), de Cláudio Luiz Oliveira; e "Aurora" (2019), de Leo Ayres.

No domingo serão exibidos "Rio 2078" (2022), de Paulo dos Reis; "O Gothi" (2022), de Caio B. Pimenta; "2.132 Km" (2014), de Stephanie Romualdo e Haendel Melo; "Preliminares" (2013), de Ronaldo Jannotti; e "Acaiaca" (2015), de Leonardo Good God.

Não existe um fio condutor que ligue as temáticas de cada filme. Se em “Egressão”, por exemplo, uma mulher tenta recuperar sua humanidade em um futuro distópico; em "Apagão", também uma mulher acorda no meio da noite e percebe a presença de um desconhecido dentro de casa.





Em “O soleminsta”, um publicitário se afasta do convívio social e passa a se relacionar com a vida e com as pessoas por meio de sons gravados por ele. 

Adaptação

“O bloqueio”, por sua vez, é uma adaptação de conto homônimo de Murilo Rubião, no qual um solitário morador de um edifício começa a escutar ruídos de obras e passa a se questionar se estariam construindo ou destruindo prédios ao seu redor.

“Aurora” acompanha Renata, uma mulher de classe média, casada e mãe de dois filhos, que enfrenta dilemas em questões de gênero.

“Escolhi esses títulos por serem filmes com temas relevantes, com grandes elencos, o pessoal muito bacana das equipes e com eles mostro trabalhos de pessoas mais amigas. Por isso eu não penso em uma temática. Porque, se eu pensar em um determinado tema, não vou ter a quantidade de filmes feitos por pessoas amigas para compor uma mostra”, diz Guerino.

As temáticas dos títulos de amanhã são igualmente diversas. "Rio 2078" é uma animação que evoca o longa “Waterworld - O segredo das águas” (1995), de Kevin Reynolds, ao imaginar um futuro sem água disponível para consumo. O curta é a única animação da mostra.





Em "O Gothi", um jovem estudante de cinema encontra e restaura um filme mudo de terror e traça paralelos entre a história do filme e sua própria vida. Já em “2.132 Km” dois amigos percorrem a distância a que se refere o título de volta para casa, levando o corpo do terceiro amigo para ter um enterro digno.

“Preliminares” mostra as trapalhadas de um homem que queria apenas uma noite inesquecível com uma garota de programa. E “Acaiaca” acompanha um cientista que, ao pesquisar ondas sonoras, consegue conectar passado e presente.

Universitários

Pela primeira vez, a mostra vai contar com curtas produzidos por estudantes do curso de cinema das faculdades UNA, PUC, UFMG e Escola Livre de Cinema. “Apagão”, por exemplo, é da UNA; “O Gothi” é da PUC; “Rio 2078” é da UFMG e “Egressão”, da Escola Livre de Cinema.





A decisão de incorporar filmes feitos por estudantes, conforme explica Guerino, foi para abrir espaço para que recém-ingressados no mercado de trabalho possam fazer parte dos encontros com quem já está há mais tempo na área.

Para a seleção desses filmes, Guerino contou com a ajuda de  Ivo Costa, Guilherme Reis e Armando Mendz. “O grande lance da mostra, além da exibição dos filmes, é o bate-papo, o networking que pode ser feito com as pessoas, os encontros e reencontros que acontecem”, comenta.

PROGRAMAÇÃO

HOJE (29/7)*

• “Egressão” (2022), de Rodrigo Vieira
• “Apagão” (2022), de Inês Peixoto e Felipe Vignoli
• “O sonemista” (2016), de Cristiano Abud e Rodrigo Araújo Baiano
• “O bloqueio” (2002), de Cláudio Luiz Oliveira
• “Aurora” (2019), de Leo Ayres

DOMINGO (30/7)

• “Rio 2078” (2022), de Paulo dos Reis
• “O Gothi” (2022), de Caio B. Pimenta
• “2.132 KM” (2014), de Stephanie Romualdo e Haendel Melo
• “Preliminares” (2013), de Ronaldo Jannotti 
• “Acaiaca” (2015), de Leonardo Good God

*Nos dois dias a programação começa às 19h

MAIS QUE AMIGOS

Mostra de curtas. Neste sábado (29/7) e domingo, às 19h, no Cine Santa Tereza (Rua Estrela do Sul, 89, Santa Tereza). Nos dois dias, haverá bate-papo com os diretores dos filmes exibidos. Entrada franca.

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