Determinada e ambiciosa são adjetivos que caracterizam bem Augusta Barna, de 20 anos. A artista vem chamando a atenção desde o lançamento de seu primeiro disco autoral, “Sangria desatada”, em dezembro de 2022. Leve e autêntico, o som de Augusta conquistou o público – ela tem sido figurinha carimbada na cena musical da capital mineira.
Desde cedo, Augusta soube que queria viver de arte. Cresceu no Jardim Laguna, em Contagem, região metropolitana de BH, mesmo bairro onde surgiu a bem-sucedida produtora Filmes de Plástico, que ganhou vários prêmios e lançou o longa “Marte Um” (2022).
Cercada de música em casa, a artista cita Chico Buarque, Tim Maia e Rita Lee como referências. Uma de suas lembranças mais marcantes foi o dia em que conversava com a mãe na cozinha, enquanto as duas ouviam “Como nossos pais”, com Elis Regina.
Fã de Elis aos 13
Curiosa com aquela letra, Augusta, então com 13 anos, foi pesquisar. Encontrou a imagem de Elis interpretando o hit de Belchior no show “Falso brilhante”, que estreou em 1975. Um impacto. “Fiquei encantada, chorei igual a um bebê quando ouvi aquilo”, diz a mineira.
Depois disso, o desejo de ser artista se intensificou para aquela garota, que se achava muito diferente dos primos e dos colegas de escola, por causa de suas ideias. Porém, sabia que o contexto social em que vivia não era o mais propício para o seu sonho. “Como uma pessoa que não tem grana consegue fazer uma coisa dessas?”, ela se perguntava.
Além da incerteza, Augusta precisou enfrentar o luto ao perder um de seus irmãos. A família se mudou, ela foi para nova escola e teve de se readaptar. Passou a escrever, percebeu que ficava cada vez mais latente o sentimento de que precisava dar vazão aos próprios sentimentos.
“Nesse período da minha vida, muita coisa ficou por eu mesma. Tive de me resolver, me encontrar, achar uma saída para alcançar o meu sonho”, comenta Augusta.
Foi aí que o Cefart (Centro de Formação Artística e Tecnológica da Fundação Clóvis Salgado) entrou na história de Augusta. Em 2018, ela ingressou no curso de teatro. Profissionalizou-se e conheceu o produtor Dudu Amendoeira, que a guiou no caminho da música.
Sempre inquieta, Augusta revela que, com o passar do tempo, foi ficando cada vez mais apreensiva por não conseguir levar os planos adiante. O teatro não era o que desejava para sua vida. Várias canções guardadas na gaveta trouxeram o sentimento de que a oportunidade nunca chegaria.
Parceria com Dudu e Mari
Quando Augusta mostrou suas composições para Dudu Amendoeira e para Mari Fontoura, companheira dele, o trio decidiu se juntar para para produzir o EP “Cantora de ruídos”, com seis faixas. Artista independente, Augusta Barna finalmente conseguiu botar o bloco na rua, mesmo sem dinheiro.
“Eu não sabia o que ia acontecer, se aquilo realmente daria certo, mas tinha uma confiança muito grande e estava muito a fim de fazer acontecer”, diz.
Lançado em 2021, o EP foi uma espécie de escola. Durante o processo de produção, Augusta aprendeu o que deveria fazer, percebeu erros que não poderiam se repetir. Conscientizou-se da necessidade de recursos para garantir qualidade à gravação de seu repertório.
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Samba, pop e rap
Em dezembro de 2022, veio o disco de estreia, “Sangria desatada”, que já contava com recursos viabilizados pelo Fundo Municipal de Cultura de Contagem. O projeto levou o Prêmio Flávio Henrique/ BDMG Cultural na categoria de melhor álbum de canção autoral mineira.
Com letras densas, as canções dançantes eram visivelmente mais maduras.Traziam referências da música popular brasileira somadas à autenticidade de Augusta. As 10 faixas, cheias de fluidez, vão do samba e do pop ao rap.
Somando mais de 100 mil plays na semana de lançamento, o disco e suas músicas “chiclete”, que “grudam” nos ouvidos, levaram Augusta Barna para o palco. Ela se apresentou no Festival Sensacional e na Festa da Luz, em BH, e no Rio2C, na capital fluminense. A experiência no teatro garantiu intimidade com o palco, conferido à cantora desenvoltura e expressividade.
“A vida tem sorrido para mim de um jeito muito bom. Trabalhei muito pra ver isso acontecendo, não fiquei em nenhum momento de braços cruzados, esperando alguém fazer algo por mim. O empenho em fazer do trabalho uma coisa diária me trouxe até aqui. E eu quero muito mais”, avisa Augusta Barna.
* Estagiária sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria
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