Pela segunda vez desde sua posse em março na presidência na Fundação Nacional de Artes (Funarte), Maria Marighella esteve em Belo Horizonte. Se na primeira reuniu-se com os servidores, ontem (31/7), na representação mineira da instituição, conversou com a sociedade civil, no lançamento do projeto Circula Funarte: Políticas para as artes em diálogo.
Na conversa com produtores culturais e artistas, ela falou sobre os programas de fomento que integram o pacote do chamado Funarte Retomada: editais para as cinco áreas artísticas (artes visuais, circo, dança, teatro e música), bolsas e prêmios, que totalizam um investimento de R$ 52 milhões.
"Foi uma orientação do Ministério da Cultura para que a Funarte ganhasse o Brasil como um todo. Os espaços estão concentrados no Sudeste (Rio, onde está a sede, mais as representações mineira e paulista) e na capital federal (com um gabinete em Brasília, com sede no CCBB). Estes equipamentos estão no local, mas não são do local. Precisamos que eles sejam importantes na cidade, mas não somente no território. Eles devem ser capazes de cumprir uma missão nacional", explica.
Nomeações
Atualmente, a Funarte-MG (localizada no conjunto arquitetônico da Praça da Estação, no complexo chamado Casa do Conde) está sob responsabilidade da servidora Raquel Chaves. Maria Marighella afirma que em breve serão nomeados os coordenadores de todos os espaços.Em 2023, a Funarte, fundada em 1975, recebeu o maior orçamento de sua (quase cinquentenária) história: R$ 160 milhões. De acordo com a gestora, R$ 60 milhões são para o custeio da instituição e o restante para editais e iniciativas de fomento direto.
"Mesmo tendo muita coisa para arrumar, estamos indo rápido. Em seis meses, mais da metade dos investimentos foram colocados na rua. Não tem nada hoje na Funarte sem processo de tratamento", diz ela.
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Marcos legais
A prioridade da fundação, que vem do decreto que refundou o Ministério da Cultura, está na construção da política nacional para as artes. "Assim como ocorreu com a política audiovisual, no início do século 21, a Funarte, junto ao MinC, deve criar um conjunto de ações pelas cinco linguagens (as supracitadas áreas artísticas em que ela atua). Precisamos ter marcos legais que protejam as artes brasileiras. E a Funarte tem uma vocação grande também para a difusão, tanto nacional quanto fora do país."
Segundo Maria Marighella, além de retomar a instituição, sucateada pelo governo anterior, a intenção é ainda celebrá-la (os 50 anos serão em dezembro de 2025), recompor sua memória e fazer uma projeção para o futuro.
"Os próximos quatro anos serão em etapas que começaram com o Funarte Retomada. Já no segundo semestre, nós lançaremos as edições dos nossos prêmios tradicionais, como o Klauss Vianna (dedicado à dança) e o Myriam Muniz (ao teatro)."