O hipercentro de Belo Horizonte, cada vez mais colorido com murais espalhados pelos prédios, está prestes a ganhar mais duas obras. As novas intervenções artísticas fazem parte do projeto Sesc Arte Urbana, anunciado nesta quinta-feira (2/8), que conta com a colaboração do artista paulistano Eduardo Kobra, dono de mais de 500 murais pelo mundo, e do coletivo Minas de Minas, composto pelas artistas belo-horizontinas Carol Jaued, Musa, Nica e Lídia Viber, responsáveis por diversas artes da capital mineira.





As telas serão duas paredes laterais do Prédio-Sede do Sesc, localizado na Rua Tupinambás, no Centro de BH, e que foi reformado recentemente. Uma delas, voltada para a movimentada Avenida Olegário Maciel, possui 953 metros quadrados e ficará a encargo de Kobra. A outra, voltada para a Rua Tupinambás com 774 metros quadrados, será o maior mural já feito pelo coletivo Minas de Minas. 

De acordo com Nadim Donato, presidente do Sistema Fecomércio MG, Sesc e Senac, a iniciativa tem como objetivo fomentar a arte e a cultura, deixando um impacto positivo e inspirador para Belo Horizonte. 
 
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“Estamos honrados em trazer essa manifestação artística para o cotidiano das pessoas que transitam pelo centro e acreditamos que o diálogo gerado por essa iniciativa enriquecerá o cenário cultural do estado.”, afirma. 

Além das empenas cegas do Edifício-Sede, outra pintura será realizada no muro da área interna da Unidade Sesc Tupinambás, o artista ainda está em definição.

Conheça mais sobre as artes e os artistas:

Eduardo Kobra


Eduardo Kobra é mundialmente conhecido, tendo mais de 500 murais em cerca de 35 países. Dono de um estilo próprio de street art tridimensional, Kobra traz sua arte pela primeira vez para as ruas de BH em dimensões gigantescas com um mural de 53 metros de altura por 18 de largura. 





Com mais de três décadas na profissão e detendo o recorde dos dois maiores murais grafitados do mundo, Kobra afirma que todos os trabalhos recebem sua total dedicação. No meio de tantas obras, o artista ainda considera o que fará em Belo Horizonte especial.

“É especial porque é a primeira vez que eu faço uma empena aqui em Belo Horizonte, essa cidade brasileira tão rica culturalmente. Estou muito feliz em estar aqui”, conta. 

Citando nomes famosos da cultura mineira como Sara Ávila, Skank e Carlos Drummond de Andrade, Kobra ainda afirma: “Esses artistas dão a dimensão da responsabilidade que é para mim, para qualquer artista, ousar em criar algo nesse estado e nessa cidade.”

A contribuição específica do paulistano no hipercentro de BH permaneceu mistério, mas ele conseguiu dar uma prévia do conceito por trás do mural. Utilizando cerca de 200 latas de spray e 50 galões de tinta, Kobra conta que o objetivo é representar rostos que mostram a linha da vida e a diversidade do povo brasileiro. A arte ainda vai representar a atuação do Sesc nos cinco eixos: cultura, educação, assistência, saúde e lazer. 





O muralista conta que a arte que fará em BH é coerente com outras obras recentes espalhadas pelo mundo, que buscam valorizar algumas questões cruciais para a atualidade. Ele completa: “A mensagem é: não importa a idade, as características físicas e raciais, não importa as diferenças, todos somos importantes para sociedade, para o país, para o mundo e para a humanidade e é somando as forças de cada um que podemos melhorar o dia de todos.”

A pintura da empena pelo artista Eduardo Kobra foi iniciada no dia 28 de julho e possui prazo estimado de 15 dias para conclusão. 
 
 

Minas de Minas


O grupo Minas de Minas é responsável por várias artes espalhadas pela capital mineira, mas, neste projeto, fazem história com a primeira empena do Brasil pintada por um coletivo de mulheres. Responsáveis pelo conhecido mural da Elza Soares, localizado nas proximidades da Estação Central, no Centro de Belo Horizonte, as artistas Carol Jaued, Musa, Nica e Lídia Viber buscam fortalecer a representação feminina nas artes urbanas e exaltar a figura da mulher em suas pinturas. 

Utilizando o estilo único do grupo com vitrais e as cores marcantes, o mural das quatro mulheres tem como foco valorizar a cultura mineira. “Vamos fazer um trabalho que retrata muito a ancestralidade, que tem haver com a cultura mineira. Vamos resgatar também a mulher na natureza, seu trabalho com as ervas.”, conta Carol. A empena delas será pintada a partir do dia 14 de agosto e tem previsão de conclusão para o dia 29 deste mês.





“Para gente é um prazer estar fazendo isso dentro da nossa cidade construindo a parte cultural junto com o Sesc. É uma coisa que é novidade mas a gente já tem uma certa experiência nisso, então agora é dedicar mesmo para fazer uma obra maravilhosa.”, continua Jaued. 

Em entrevista ao Estado de Minas, as artistas contam como é interessante ver o grafite ocupando cada vez mais espaços nas ruas de Belo Horizonte. 

“Quando nós começamos, a gente não imaginava que o grafite ia tomar essa proporção que hoje. Antigamente, a gente via o grafite sendo marginalizado, então ficamos muito felizes com esse espaço que todos nós estamos conquistando.”, afirma Musa, integrante do coletivo.

Para ela, o pioneirismo feminino que o grupo tem conquistado nesse tipo de arte também é muito importante. “Nós enquanto mulheres, era mais difícil e hoje a gente consegue mostrar nossa representatividade. Tem muita mulher pintando, muita gente se envolvendo com arte e é muito bom mostrar que podemos ocupar esses lugares”, finaliza.

Roda de Conversa


Como parte do projeto, o Sesc irá realizar no dia 9 de agosto uma Roda de Conversa gratuita e aberta ao público. O evento acontece às 19h no prédio da rua Tupinambás e conta com a participação dos artistas envolvidos. O objetivo é oferecer a oportunidade de conhecer mais sobre o projeto e sobre arte urbana. 

O evento tem vagas limitadas e os ingressos podem ser retirados pelo Sympla. 

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