Cena do longa 'Medida provisória'

"Medida provisória", estreia do ator Lázaro Ramos na direção de longas de ficção, é um dos filmes integrantes da mostra

Mariana Vianna/Divulgação

Historicamente, os filmes nacionais sempre enfrentaram barreiras para ganhar espaço nos cinemas. O desafio ficou ainda maior depois do longo período de fechamento das salas durante a pandemia de COVID-19 e da extinção, em 2021, da cota de tela, mecanismo de reserva de mercado para a produção nacional, que estabelecia número de dias mínimo obrigatório para exibição de títulos brasileiros nas salas do país.

Segundo dados da Agência Nacional do Cinema (Ancine), o filme nacional foi responsável por somente 1% da arrecadação total das bilheterias no Brasil, no ano passado, e apenas 4,2% dos frequentadores de cinema foram assistir a um título brasileiro. 

Na contramão dessa tendência, o Grande Prêmio do Cinema Brasileiro procura divulgar e valorizar a qualidade da produção nacional. Organizado e votado pelos profissionais do setor, com a participação do público), o prêmio destaca trabalhos do ano anterior. 

O Cine Humberto Mauro exibe, a partir desta sexta-feira (4/8), 15 títulos que participam da competição neste ano. Estarão em cartaz, até o próximo dia 10, os longas-metragens finalistas em três categorias: melhor longa-metragem de ficção, melhor longa-metragem documentário e melhor longa-metragem de comédia.

Público decide

A parceria com a Academia Brasileira de Cinema, realizadora do GP Brasil, é de longa data e já ocupou a sala do Palácio das Artes diversas vezes. A premiação está prevista para o dia 23 de agosto, no Rio de Janeiro. A votação popular está em andamento, via formulário disponível no site da Academia.

Vítor Miranda, gerente e programador do Cine Humberto Mauro, diz que a sala tem como principal função exibir filmes que tiveram pouca oportunidade de circulação ou clássicos que as pessoas nunca puderam assistir no cinema. 

Ele aponta que os brasileiros ainda conhecem muito pouco da produção nacional e que a história do cinema do país é marcada por altos e baixos, em uma tentativa de consolidar uma indústria cinematográfica própria. 

“O cinema nacional ainda é pouco conhecido pelos próprios brasileiros, justamente porque existe essa dificuldade de se formar como indústria”, afirma. Por outro lado, o cinema nacional tem como uma de suas principais características o espelhamento da situação social do país. “Ele tem esse papel de ser um produto de identidade cultural. Um país que não conhece o seu próprio cinema é um país sem memória”, aponta Miranda. 
 

Alguns dos filmes participantes da mostra, segundo Miranda, não chegaram a estrear em Belo Horizonte ou o fizeram em um momento em que a população ainda não se sentia segura para voltar às salas de cinema. Sendo assim, o ciclo vem para o público aproveitar o que foi perdido, segundo ele. 

Este mês de agosto será todo dedicado ao cinema brasileiro no Cine Humberto Mauro. Depois dos filmes do Grande Prêmio, a sala fará uma homenagem aos 60 anos da produtora LC Barreto, de Lucy e Luiz Carlos Barreto, com títulos como “O quatrilho” e “O que é isso, companheiro?”, entre outros.

EM CARTAZ

Confira os filmes que integram a mostra, que tem entrada franca

“A jangada de Welles”, de Petrus Cariry e Firmino Holanda
“Amigo secreto”, de Maria Augusta Ramos
“A viagem de Pedro”, de Laís Bodanzky
“Bem-vinda a Quixeramobim”, de Halder Gomes
“Clarice Lispector - A descoberta do mundo”, de Taciana Oliveira
“Eduardo e Mônica”, de René Sampaio - 
“Jesus Kid”, de Aly Muritiba
“Kobra - autorretrato”, de Lina Chamie
“Marte Um”, de Gabriel Martins
“Medida provisória”, de Lázaro Ramos
“O Clube dos Anjos”, de Angelo Defanti
“O presidente improvável”, de Belisário Franca
“Paloma”, de Marcelo Gomes
“Papai é pop”, de Caito Ortiz
“Vale night”, de Luis Pinheiro

GRANDE PRÊMIO DO CINEMA BRASILEIRO

Exibição de filmes que disputam a premiação. Desta sexta (4/8) até 10/8, no Cine Humberto Mauro (Av. Afonso Pena, 1.537, Centro). Gratuito, com retirada dos ingressos na bilheteria uma hora antes de cada sessão. Programação completa disponível no site da Fundação Clóvis Salgado.

*Estagiária sob supervisão da editora Silvana Arantes