O multi-instrumentista mineiro Marco Antônio Araújo morreu jovem, aos 36 anos, vítima de aneurisma cerebral, em 1986. O Brasil ficou chocado diante de perda tão prematura. Primeiro músico contratado pela Orquestra Sinfônica do Palácio das Artes, em 1977, ele chamava a atenção com suas composições que transitavam por rock progressivo, jazz, modinhas e serestas, além dos universos erudito e barroco. Ganhou o apelido de “Egberto Gismonti da década de 80”.
Desafio e prazer
Escrever sobre o compositor, violonista, guitarrista e violoncelista significou um desafio e, ao mesmo tempo, um prazer, conta Paulo Roberto de Andrade, autor de “Marco Antônio Araújo – Entre a música e o silêncio”.
Andrade resgata tanto a trajetória do mineiro na cena musical quanto a trajetória do jovem inconformado com a repressão à criatividade e o cerceamento da liberdade em tempos de ditadura e obscurantismo.
Gismonti, Paulo Moura e Caetano
Apaixonado por música instrumental, Paulo Roberto de Andrade teve em Egberto Gismonti uma conexão com Marco Antônio Araújo, a quem não conheceu pessoalmente e não viu tocar.Na Londres dos Beatles e dos Stones
Marco Antônio saiu Brasil em 1971, auge dos chamados anos de chumbo, e foi para a Inglaterra. “Ficou lá por mais de um ano, acompanhando os grupos musicais e vivendo aquela atmosfera de transformação que acontecia lá”, lembra Paulo Roberto. “Temos, naquele momento, a aproximação da música negra com a branca”, comenta, destacando que “o rock que é o resultado do blues, do jazz e do tempo”. Na Inglaterra, Beatles e sobretudo os Rolling Stones estouraram com trabalhos influenciados por jazz, blues e folk.Trilha para Grupo Corpo
Em 1978, o mineiro compôs a trilha do espetáculo “Cantares”, espetáculo do Grupo Corpo. Criado em 1979, o Grupo Mantra era formado por Marco Antônio Araújo (violão), Alexandre Araújo (guitarra), Ivan Corrêa (baixo), Sérgio Matos (bateria), Eduardo Delgado (flauta) e Antônio Viola (violoncelo).
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