O humorista Tiago Santineli não encara as críticas como um empecilho para suas produções. Tanto que ele não se importou com os comentários sobre o trailer de seu show ‘Antipatriota’, em que fez uma paródia do filme ‘Bastardos inglórios’ em parceria com Djonga. No vídeo, os dois vivem justiceiros que matam bolsonaristas, como um sósia de Luciano Hang.
As críticas vieram tanto de militantes da esquerda quanto de direita. Mas isso o motivou ainda mais para o lançamento do show de stand-up ‘Antipatriota’, em que faz diversas piadas de cunho político. E Santineli se saiu bem. O vídeo de mais de 1h48 tem mais de 600 mil visualizações, número muito alto em relação ao total de inscritos de sua página no YouTube, que totaliza 785 mil.
Ao Estado de Minas, Tiago contou que se surpreendeu com a repercussão. “A repercussão tá sendo muito melhor do que eu estava esperando. É o segundo mais visto do canal, o primeiro segue sendo o do processo do Metaforando. Nesse momento, já passou de 600K de views”, revela.
A ideia de criar ‘Patriotas inglórios’ veio por acaso. “Eu estava assistindo ao trailer do ‘Bastardos inglórios’ e pensei que seria legal fazer um trailer para divulgar o show e que desse ligação com o início do show. Assisti de novo ao filme pra saber qual cena a gente poderia recriar e a escolhida foi a do ‘Urso Judeu’”, conta.
Já no começo o nome de Djonga já surgiu em sua mente: “Falei pro pessoal da produção que só gravaria o teaser se ele aceitasse. Não teríamos segunda opção, era ele ou ele”. O rapper mineiro topou de cara. Além de fazer o vídeo do jeito que imaginava, a oportunidade também serviu para conhecer seu ídolo. “Trabalhar com ele foi um dos momentos mais marcantes da minha carreira, sem a menor dúvida. A música dele teve uma importância muito grande na minha vida, foi a realização de um sonho mesmo”, diz.
Limite do humor
Ao ser questionado sobre como as críticas impactam seu trabalho, Santineli é claro: elas não impactam a sua produção. Ele ainda alfinetou seus opositores. “Se eu parar pra deixar comentário de esquerdista paz e amor e extrema direita maluca, eu não vou produzir absolutamente nada. Meu critério de produção é eu gostar, eu faço coisas que eu gostaria de assistir como espectador”, explica.
Enquanto muitas pessoas tentam compreender seu trabalho, Tiago compartilha essas mensagens em seu perfil. “Divulguem mais”, publicou.
A discussão sobre o limite do humor é algo que não o pertuba no momento. Até mesmo no caso da paródia do filme de Tarantino. “O trailer não é uma peça de comédia. É um produto pra chamar atenção e gerar burburinho pra divulgar o show, que, esse sim, é um produto de humor. Quanto a ter ultrapassado o limite do humor eu deixo isso pra justiça mesmo. Se me processarem por algo e decidirem que cometi algum crime, ok, né? Penso que se eu tive coragem pra postar eu tenho que estar preparado pras consequências”, aponta.
‘Pai da mentira’
Enquanto curte o sucesso de ‘Antipatriota’, Santineli percorre o Brasil com seu novo show de stand-up, chamado ‘Pai da mentira’. Ele explica que os dois trabalhos são muito diferentes. “O show ‘Antipatriota’ foi um show pra lavar minha alma da raiva que passei nos últimos quatro anos, do luto pelas pessoas que perdi pro Covid por negligência do governo anterior. Por isso o show é inteiro, do início ao fim é sobre política. Já o próximo, ‘Pai da mentira’, tem apenas uns 10% sobre política, todo restante é sobre temas bem pessoais e mais densos. Talvez até mais delicados. Falo sobre desistir da minha carreira de advogado depois de formado, sobre problemas familiares, TDAH e depressão”, esclarece.
Por isso, para ‘Pai da mentira’, o comediante não espera ter problemas e controvérsias, como está acontecendo agora. Mas ele deu um spoiler de que tem algo polêmico na manga. “Em compensação o show que começo a fazer em 2024, depois da publicação do ‘Pai da mentira’, vai dar o triplo de problema porque será 100% sobre religião”, conta.
Tiago traz seu ‘Pai da mentira’ para Belo Horizonte, no próximo dia 10 de setembro, no Cine Theatro Brasil Vallourec. Com a popularidade na internet, ele, agora, vê o seu sucesso fora da rede. Na capital mineira, os ingressos já estão quase esgotados, mesmo faltando mais de um mês para a apresentação.
O fenômeno acontece em outros lugares por onde ele passa. “Estou fazendo show esgotando teatros no Brasil todo há mais ou menos um ano e meio, mas juro que ainda não me acostumei. Assim que piso o pé no palco, fico alguns segundos atônito e emocionado de ver as pessoas lá pra me ouvir. E BH é de longe a melhor plateia do Brasil, e isso é opinião unânime entre vários comediantes. Estou ansioso para chegar logo”, aponta.