O cantor, compositor, violonista e violeiro Tau Brasil morreu na manhã desta sexta-feira (4/8), aos 61 anos, vítima de infarto. O músico estava em Águas Formosas, no Nordeste mineiro, onde apresentaria amanhã (5/8) o show “Tau pai, tal filho”, ao lado do seu filho Augusto Cordeiro. O velório do artista acontece em Fronteira dos Vales, no Vale do Mucuri, sua cidade natal. O sepultamento será neste sábado, às 10h, no cemitério local.





 

Um dos músicos mais influentes do Vale do Mucuri, Tau Brasil gravou cinco CDs e foi premiado em 16 festivais Brasil afora. Atualmente, viajava em turnê pelo interior com o show que faria amanhã em Águas Formosas. 

 

Para o cantor e compositor Paulinho Pedra Azul, Tau Brasil era um mensageiro da paz. “Amigo maior que a palavra. Parceiro admirável. Simplicidade sofisticada. Partiu fora do combinado. Que Deus o receba no infinito, etc e 'Tau'”.

 

O compositor e violeiro mineiro Wilson Dias ressalta que Tau era um cantador de alma pura. ”Ele cantava com o coração e a nossa alma agradecia. Foi um ser humano que nos ensinou muito com a sua passagem por aqui. Deixa um legado extraordinário, não só como cantador, mas, especialmente, como ser humano. Um dos melhores e mais brilhantes seres humanos que conheci. Que vá em paz!”

 

Cultura de raiz

O violeiro, cantor e compositor, Rubinho do Vale também lamentou a morte do amigo. “Tau Brasil, o cantador amigo, irmão, partiu para fazer suas cantorias em outros salões mais iluminados. Os vales do Mucuri e do Jequitinhonha, a música mineira, nossa música regional, nossa cultura de raiz, todos perderam um grande artista, cantador maravilhoso, pai de família exemplar, amigo fiel e generoso.”





 

Rubinho lembra que Tau é autor da música e disco “Raridade”. “Uma música linda, como muitas do grande cantador. Raridade também é o próprio trovador que Deus levou hoje, aos 61 anos de idade, que tinha um coração de criança, uma alma de menino, sem maldade, sempre disposto a ajudar, a servir, a simplicidade em pessoa. Cumpriu sua missão com dignidade, amor, honradez, bravura e muita generosidade.”

 

O compositor e violeiro Bilora lembra que era “vizinho” do artista.“Tau Brasil, além de conterrâneo do Vale do Mucuri, pois a gente nasceu em cidades bem próximas, eu em Santa Helena de Minas e ele em Fronteira dos Vales, colado em Águas Formosas, onde ele estudou viveu um bom tempo, foi uma das primeiras pessoas, senão, a primeira, com quem convivi de perto, depois que me ingressei no mundo da música.”

Generosidade na vida e na música 

Além da parceria musical, Bilora revela a admiração pelo amigo. “Foi aquela pessoa generosa e cuidadosa com o meu trabalho e de um parceiro na época, o João Brasil. A gente tocava na região. Tinha admiração por ele, Carlos Farias, Pereira da Viola, Rubinho do Vale, Saulo Laranjeira e Paulinho Pedra Azul, entre outros. E o Tau foi essa pessoa, que passou a ouvir a gente de perto, com carinho, e isso é muito importante para quem está começando. Depois virou meu grande amigo, meu grande irmão e a gente passou a conviver e a sonhar juntos. Fizemos vários shows e ele gravou a minha música 'Vale do Mucuri', a canção que ele mais tocava em seus shows. A recordação é dessa pessoa generosa, que nunca falava não e quando dizia 'sim', dizia com toda a disposição de ajudar e contribuir.”





 

Já o violeiro e compositor Pereira da Viola lembra a relação de trabalho e amizade com Tau, iniciada no final dos anos 1980. “Era um cantador que estava começando a tocar viola, inclusive, comprou uma viola na minha mão. Estava muito animado com as coisas que já vinha fazendo com o instrumento.”

 

Rodas de viola 

Segundo o músico, a morte de Tau Brasil é uma perda tanto do ponto de vista artístico, quanto humano. “Então fica esse vácuo e não conseguimos dizer em palavras tudo que estamos sentindo. Vamos guardar em nossos corações tudo o que ele significou para nós – as cantorias juntos, as amizades, os encontros, as rodas de viola, as prosas, a solidariedade.”

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