musicos da banda francisco, el hombre sorriem

Francisco, el Hombre, destaque da cena independente, define sua música como "transculturalismo transamericano ruidoso"

Fabien Espinasse/divulgação

'Temos ouvido muitos comentários sobre como a Francisco fez parte da vida das pessoas, sobre como nossos shows proporcionaram encontros. Isso é muito bonito'

Mateo Piracés-Ugarte, cantor

Eletrizantes. Assim costumam ser as apresentações da banda Francisco, el Hombre, criada em 2013, no interior de São Paulo, pelos irmãos Sebastián e Mateo Piracés-Ugarte, mexicanos naturalizados brasileiros. Atualmente, completam a formação os músicos Juliana Strassacapa, Andrei Martinez Kozyreff e Helena Papini.

O grupo vai comemorar seus 10 anos com show neste sábado (5/8), n'Autêntica. O vocalista Mateo Piracés-Ugarte avisa: “Tragam roupas leves, porque vamos botar todo mundo para suar”.
 
Tudo começou na cena independente, com a banda viajando pela América Latina, de praça em praça, passando (literalmente) o chapéu para arrecadar dinheiro. Atualmente, o grupo tem 500 mil ouvintes mensais espalhados por vários países. Já se apresentou nos maiores festivais realizados no Brasil, como o Rock in Rio e o Lollapalooza.
 
 

Hino das empoderadas

Em 2016, com o lançamento do disco autoral “Soltasbruxa”, a banda começou a chamar a atenção. A faixa “Triste, louca ou má” dizia: “Um homem não te define/ Sua casa não te define/ Sua carne não te define/ Você é seu próprio lar”. Considerada hino do empoderamento feminino, a música foi regravada diversas vezes por outros artistas e pelo próprio grupo.

Com canções em português e espanhol, Francisco, el Hombre explora a diversidade de ritmos – da salsa ao maracatu, passando pelos sopros da ciranda e marchinhas de carnaval. A banda, aliás, define o seu caldeirão de referências como “transculturalismo transamericano ruidoso”.

A festa da turnê “10 años” começou em 20 de abril, no Rio de Janeiro, reunindo sucessos da banda. Mateo Ugarte diz que a escolha das canções foi fácil, pois um dos critérios para a seleção foi as músicas mais tocadas ao vivo.

A comemoração conta também com o lançamento do disco “10 años”, com regravação de 15 músicas no clima das apresentações ao vivo. “A ideia surgiu porque somos muito conhecidos pela experiência do show, ele reverbera mais do que as próprias músicas”, explica Mateo. “A pessoa coloca o play e se sente dentro do show.”

Mateo Ugarte diz que a turnê se tornou um momento de troca de carinho com o público. “Temos ouvido muitos comentários sobre como a Francisco fez parte da vida das pessoas, sobre como nossos shows proporcionaram encontros. Isso é muito bonito, esse projeto mudou a vida de todos nós, tanto da banda quanto da equipe”, comenta. Cada show é uma nova celebração de aniversário, garante.

Feliz em voltar a Minas, Mateo Ugarte se diz animado em reencontrar os fãs e tocar novamente n'Autêntica. “As pessoas vão lá realmente para participar do show e fazer parte do movimento de música independente, que existe ali há tantos anos. Sinto que é um ambiente carregado de muito ânimo”, aponta.

 

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Versão em'mineirês'

Uma lembrança especial marcou o último show no local, em dezembro de 2022, ocorrida durante a canção “Arrasta”. Na hora do refrão, em vez de cantar “arrasta”, o público passou a entoar a clássica expressão mineira “arreda”. “A galera foi à loucura. Agora que aprendemos, com certeza vamos repetir isso”, diz ele aos risos, referindo-se ao “mineirês”.

A retrospectiva tem sido de festa e reflexão. Mateo brinca, dizendo que os 10 anos de estrada fizeram dele “ótimo motorista”. Revela que o maior ensinamento foi aprender a se relacionar com as pessoas.

“Viramos mestres em criar conexão com o público com a nossa música”, diz o vocalista, afirmando que há “momentos únicos de verdadeira catarse” durante as apresentações.
 
Porém, Mateo Ugarte se preocupa com o cenário da música independente no Brasil pós-pandemia. Até hoje o universo underground sente o impacto de casas de show fechadas, com bandas e artistas deixando a carreira para se sustentarem com outros empregos.

“Isso se dá porque não houve investimento. A rede de apoio ao independente foi se fragilizando”, afirma. “A partir deste ano, acredito que vai começar a rolar a reconstrução tanto da mentalidade das pessoas em relação a valorizar a música quanto o investimento. Esse processo será feito aos poucos”.

O músico garante que a banda está cheia de energia, pronta para se reinventar. “Sinto agora muita vontade de fazer mais, vontade de criar mais música, de produzir mais, de conhecer mais países e de conhecer novos ritmos”, conclui.

“10 AÑOS”

• Show da banda Francisco, el Hombre
• Convidada: Claudia Manzo
• Neste sábado (5/8), com abertura da casa às 21h
• A Autêntica (Rua Álvares Maciel, 312, Santa Efigênia)
• Ingressos: R$ 120 (inteira) e R$ 60 (meia social)
• Informações: www.aautentica.com.br
 
* Estagiária sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria