Atores sentados em sofá em cena de 'Fantasmas do Líbano'

Segundo Daniel Dreifuss, a série em quatro episódios evita "uma visão americanizada da história"

PARAMOUNT/DIVULGAÇÃO

Durante muitos anos, Imad Mughniyeh foi um dos homens mais procurados do mundo. Era o Osama Bin Laden do Hezbollah. Na conta do libanês jihadista estava o atentado na base de fuzileiros navais em Beirute, onde, em 1983, foram mortos 241 americanos. Morreu aos 45 anos, em 2008, com a explosão de um carro-bomba em Damasco, Síria. Na época, CIA e Mossad negaram participação na morte.

Minissérie em quatro episódios disponível no Paramount+, "Fantasmas de Beirute" acompanha a caçada ao terrorista. A narrativa é intensa e fragmentada, pois Mughniyeh, também conhecido como Radwan e apelidado The Ghost (O Fantasma), escapou por duas décadas das agências americana e israelense.

Desta maneira, a narrativa vai e volta no tempo, acompanhando o "vilão" tanto na década de 1980, como um jovem idealista (papel de Amir Khoury), quanto na maturidade, já nos anos 2000, como um homem que vivia protegido (Hisham Suleiman). A trama ficcionalizada é corroborada por entrevistas com ex-agentes da CIA, jornalistas e espiões do Mossad, todos pessoas reais. 



A produção foi criada por Avi Issacharoff e Lior Raz, a dupla responsável pelo drama militar "Fauda". Foi dirigida por Greg Barker e traz como produtor Daniel Dreifuss, criado em Belo Horizonte e que há duas décadas vive em Los Angeles – ele também produziu "Nada de novo no front", o longa alemão sobre jovens soldados na Primeira Guerra Mundial vencedor do Oscar de Melhor Filme Internacional.

Elenco

Dreifuss conta que o projeto, originalmente um documentário, acabou se desdobrando em uma série que mistura dramatização e fatos. As filmagens foram realizadas no Marrocos pela impossibilidade de filmar nos locais em que Mughniyeh atuou - no caso, Líbano e Síria. O elenco é multiétnico, com atores sauditas, iranianos, israelenses, americanos, marroquinos.    

"Autenticidade sempre foi um norte na minha carreira", diz Dreifuss, falando sobre a variedade de idiomas e sotaques que são falados na série. "Onde a cena tem que ser em árabe se fala árabe, onde é hebraico, se fala hebraico e também com o inglês. Os vários idiomas são um ponto interessante da série, porque eles mostram a cultura (de cada local) como ela é. Há inclusive sotaques árabes diferentes."



Mesmo que tenha havido muita pesquisa documental, há fatos sobre a vida de Mughniyeh que permanecem desconhecidos. Tanto que a série começa com a frase:  “Este é um relato fictício de eventos profundamente pesquisados”.  

"Ele era conhecido como Fantasma porque era 'invisível', não se tinha muita informação. E, aos 21 anos, já tinha explodido a Embaixada Americana (em Beirute). Tanto que a gente colocou fantasmas no plural no título porque ele assombrou vários lados. E buscamos ainda não trazer uma visão americanizada para a história, mas distribuir as visões", acrescenta Dreifuss.

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Como produtor, Dreifuss também assinou os longas "No" (2012), sobre um publicitário que cria uma campanha para derrotar o general Augusto Pinochet no plebiscito ocorrido no Chile em 1988, indicado ao Oscar de Filme Internacional, e "Sergio" (2020), sobre o diplomata da ONU Sergio Bandeira de Mello.

"(A história) Pode ser no Chile, na Alemanha, no Brasil ou no Oriente Médio. Me interessam projetos que têm um diálogo com o mundo em que vivemos. Então, sempre tento encontrar histórias de indivíduos ou sociedades em momentos de transição social e política, seja interna ou externa", afirma Dreifuss.

“FANTASMAS DE BEIRUTE”

• A minissérie com quatro episódios está disponível no Paramount