Um biscoito fino na trajetória de Tulipa Ruiz, apresentado pouquíssimas vezes, como ela mesma destaca, poderá ser saboreado pelo público de Belo Horizonte. Trata-se do show “Tulipa noire”, em que a cantora paulista, acompanhada apenas pelo violão e a guitarra do irmão, Gustavo Ruiz, repassa músicas pinçadas de sua discografia. A apresentação ocorrerá neste domingo (13/8), no Teatro do Centro Cultural Unimed-BH Minas.
“Tulipa noire” nasce de duas fontes próximas, mas distintas. Uma delas é o álbum “TU”, de 2017, que mesclava releituras de seu repertório com algumas composições inéditas, já apostando em formação instrumental enxuta, apenas violão e percussão emoldurando a voz da cantora. Não por acaso, a base do repertório de hoje vem desse disco.
“A live reverberou muito, tanto pela força do repertório quanto pelo momento que a gente estava atravessando”, diz Tulipa. Passado o período severo da pandemia, ela e o irmão foram ao encontro presencial do público, trabalhando, nesse formato, roteiro de canções que desse conta de seu percurso musical.
Após a live, Tulipa e Gustavo voltaram a se encontrar pontualmente em diferentes palcos ao longo de 2021 e 2022, no Brasil e outros países. “É um show que muito raramente a gente faz, mas coube como uma luva no projeto Uma Voz, Um Instrumento. Quando veio o convite, nem pensamos duas vezes antes de aceitar”, diz. Os irmãos encerram a edição deste ano do projeto.
'O Gustavo está sempre comigo, é um balé da minha voz com o violão dele, o nado sincronizado que me dá muito prazer. Ao mesmo tempo, fico com a sensação de que este show é o nosso esporte radical'
Tulipa Ruiz, cantora e compositora
Roteiro mutante
“TU” fornece a maior parte do repertório de “Tulipa noire”, mas também estão presentes músicas de outros álbuns. A cantora explica que o roteiro sofre mudanças, é possível que ela e o irmão incluam hoje músicas de seu álbum mais recente, “Habilidades extraordinárias” (2022).
“Reclame”, “Estardalhaço”, “Algo maior”, “Efêmera”, “Só sei dançar”, “Proporcional”, “Sushi” e “Víbora” são canções presentes em “Tulipa noire” até aqui. A seleção do repertório parte da necessidade de verbalizar de outra maneira músicas já conhecidas do público, explica a cantora.
“No 'Dancê' (de 2015) tem uma música, 'Algo maior', com letra muito extensa e arranjo muito cheio, com diversos elementos. Não sei se as pessoas se conectam no primeiro momento com o que estou dizendo. Nesse formato mínimo, algumas letras são reveladas, porque ele traz muita luz para a palavra”, afirma.
Ela assente que a instrumentação – ou a economia dela – é determinante no momento de escolher o que se vai apresentar. “Saber que vou fazer voz e violão já me leva para algumas músicas”, diz, ressalvando que o risco não é completamente escamoteado. Tulipa cita “Víbora”, do álbum “Tudo tanto” (2012), que ela acredita não combinar muito com o formato “pelado”.
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A cantora chama a atenção, a propósito, para o fato de que “Tulipa noire” não é mero desfile de versões acústicas ou simplificadas para a plateia cantar junto. O público vai ouvir leituras estruturais das canções.
Mudar a ideia que se tem sobre esse formato enxuto é um dos desafios da dupla. “Precisamos tomar cuidado para a indústria não sucatear a proposta. O show voz e violão pode ser tão elegante quanto um com banda, por isso faço questão do ambiente cênico, de luz e outros elementos que o deixem no lugar do espetáculo mesmo. O desafio é fazer entender que show voz e violão não é simplificação; ele pode ser muito complexo e sofisticado”, ressalta.
Liberdade em família
Se, por um lado, há o desafio, por outro há o prazer da liberdade que o formato proporciona. Tulipa ressalta que estar ao lado do irmão e parceiro, com quem divide várias composições, contribui para que o espetáculo tenha dinâmica fluida.“A gente faz música junto, toca junto, então posso ir para qualquer lugar. Fico livre para mudar o mapa da música, o andamento, fazer com que ela fique mais estendida. O Gustavo está sempre comigo, é um balé da minha voz com o violão dele, o nado sincronizado que me dá muito prazer. Ao mesmo tempo, fico com a sensação de que este show é o nosso esporte radical. Parece parkour, porque acontecem dinâmicas que são verdadeiras aventuras”, conclui.
“TULIPA NOIRE”
Com Tulipa Ruiz e Gustavo Ruiz. Projeto Uma Voz, Um Instrumento. Neste domingo (13/8), às 19h, no Centro Cultural Unimed-BH Minas (Rua da Bahia, 2.244, Lourdes). Ingressos: R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia-entrada), à venda na bilheteria e na plataforma Eventim.
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