Almir Sater vai apresentar, neste domingo (13/8), em Belo Horizonte, um show afetivo para comemorar tanto o Dia dos Pais como seus 40 anos de carreira. Quem for ao Palácio das Artes verá o cantor, compositor, violeiro e ator interpretando repertório que preparou antes da pandemia, mas a COVID-19 o impediu de levar a público. “Até fiquei um pouco frustrado, porque gostei muito e queria seguir na estrada com ele”, revela.





Os hits “Tocando em frente”, “Um violeiro toca”, “Jeito de mato”, “Trem do Pantanal”, “Comitiva Esperança” e “Chalana” não vão faltar. O repertório traz o que Almir gravou com o parceiro Renato Teixeira em “AR”, lançado em 2015, o primeiro álbum de estúdio da dupla.

“Na verdade, não é uma turnê propriamente dita, porque a agenda é feita com chamadas espontâneas. As pessoas nos convidam pelo Brasil afora e a gente segue se apresentando. Tenho levado o show a vários cantos do Brasil. Quanto ao repertório, a gente vai sentindo o que rende mais aqui do que ali, o que a gente gosta mais de tocar. Vamos buscando o nosso prazer no palco”, diz Almir. “Faço este show com poucas mudanças, vou viajando com ele pelas estradas brasileiras.”
 
 

Fiéis escudeiros

De uma coisa ele não abre mão: sua banda, formada por sete músicos. “São pessoas muito competentes, a maioria está comigo já há algum tempo. Gosto de tocar com quem toca bem, então, se o som está rolando, é difícil mudar os integrantes. Ha até pessoas que se aposentam na minha banda”, conta Almir.





Erick Silver (violino), Guilherme Cruz (violão), Marcelo Ribeiro (contrabaixo), Marcelo Anderson (acordeom), Ian Marques (guitarra), Márcio Correia (bateria) e Felipe Roque (violão) são os companheiros de palco dele.

Almir Sater gostou tanto do projeto que pensa em gravá-lo algum dia. “Recentemente, o pessoal até comentou isso comigo em Santa Catarina, onde fiz quatro shows. Falamos: poxa, está muito bonito, a gente bem que podia gravá-lo para guardar. Então, quem sabe, no futuro a gente lança um ao vivo dele? Mas, por enquanto, não há nada oficial, é somente uma ideia.”

O disco mais recente do sul-matogrossense é “Do amanhã nada sei”, lançado em outubro do ano passado pelo selo Cantaville. A turnê deste álbum, gravado com outra banda, ainda está sendo preparada. 





“O álbum não está no nosso show. Pode ser que no domingo eu toque uma canção dele em BH, mas é surpresa”, comenta.
 
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Desde os anos 1980 na estrada, Almir Sater construiu relação especial com seu ofício. 

“Não tenho fórmula para fazer música. Tenho, sim, algumas coisas que me ajudam: estar com tempo e perto dos instrumentos, ter a vontade de fazer uma canção. Às vezes, a música vem à minha mente. O jeito mais fácil de ela vir é quando estou disposto, esperando por ela”, explica.

Quando vai compor, ele diz que não escreve nada antes. Já sai cantando e memorizando a melodia. “Se você memoriza a música, é porque é boa. Quando é difícil memorizá-la, é porque ela precisa de alguma coisa a mais”, ensina.




 

 

'Tocando em frente' custou a virar hit

Música é surpresa, destaca Almir. “Quando eu e Renato (Teixeira) compusemos 'Tocando em frente', em 1990, na hora nem percebemos o que tínhamos feito. Foi muito engraçado. Até brincamos, dizendo um para o outro: ‘Esta deve ser boa mesmo, porque todo mundo gosta’. Maria Bethânia me ligou pedindo uma canção, cantei a estrofe pelo telefone. Ela disse: 'Esta música é minha'. 'Tocando em frente' tem uma força fantástica”, comenta.


A cantora baiana gravou “Tocando em frente” em 1990, no álbum “25 anos”. A música ganhou os prêmios Sharp de canção do ano/categoria especial e melhor canção/MPB. 

“Engraçado é que ninguém fez sucesso com ela. Esta música foi se firmando por si mesma. Nem a Bethânia fez sucesso com ela, embora sua gravação tenha ficado linda”, relembra Sater.

“Ando devagar/porque já tive pressa”, já previa a letra do futuro hit de Almir Sater e Renato Teixeira. “Eu mesmo só a cantei em um disco ao vivo, pois cada vez que ia gravá-la, alguém me pedia e eu acabava cedendo a canção. Até hoje, não tenho uma gravação de estúdio dela”, diz Almir.





Três décadas depois do lançamento, o autor confessa: “Nem sei mais o que falar dessa canção. Só sei que ela é muito atual, parece que foi feita ontem.”
 

Almir e Gabriel Sater, apaixonados pela viola, em cena da novela "Pantanal", exibida pela Globo em 2022

(foto: João Miguel Jr/Globo)
 

Entre a TV e a estrada

Como ator, Almir chamou a atenção nas duas versões da novela “Pantanal”: em 1990, na extinta Rede Manchete, no papel do violeiro Trindade; e no remake de 2022, na Globo, como Eugênio, o violeiro que conduzia a chalana.

Ano passado, o papel de Trindade ficou com Gabriel Sater, filho dele, também cantor, compositor e instrumentista. 

Foi bonita a cena de pai e filho se desafiando na viola, a convite de Zé Leôncio (Marcos Palmeira). Aliás, no dia 14 de setembro, será a vez de Gabriel se apresentar no Palácio das Artes, em BH.

Almir diz que, recentemente, recebeu convite para outro trabalho na TV. Mas ainda não há nada certo, pois está decidindo se vai aceitá-lo. “Gosto mesmo é de pegar a estrada e fazer meus shows. Adoro isso. O palco é o nosso elixir, cura todos males, é onde a gente esquece e resolve todos os problemas. Quando estou na estrada, estou com Deus”, afirma o compositor e ator.





Artista que não gosta de estrada pode mudar de profissão, ele decreta. “Quero tocar até quando puder. Outro dia, ouvi o Paul McCartney dizendo que adora fazer show. Tem mais é que fazer, pois é um dom que ele tem, um som maravilhoso.” O ex-beatle, aliás, vai se apresentar na Arena MRV, em BH, no dia 3 de dezembro. “Ele tem de cantar mesmo, inspirar novas gerações.”

Parceria com Minas

Com esse pique, o cantor e compositor, de 66 anos, chega hoje a Belo Horizonte. “Vamos tocar no Palácio das Artes, um dos grandes teatros para se fazer show no Brasil, quiçá o melhor em matéria de som”, ressalta. “Gosto muito de Belo Horizonte, é muito bom tocar naquele teatro lindo.”

Aliás, a relação dele com Minas Gerais vem de longe – pode-se dizer que, de certa forma, está no seu DNA musical.

“Sou um violeiro que aprendeu a tocar na escola mineira da viola. Minas é a grande escola da viola. Costumo perguntar: o que seria dos violeiros se não fosse Minas Gerais?”, conclui.

ALMIR SATER E BANDA

Neste domingo (13/8), às 20h30, no Grande Teatro Cemig Palácio das Artes (Avenida Afonso Pena, 1.537, Centro). Ingressos para plateia 1 esgotados. Inteira: R$ 280 (plateia 2) e R$ 250 (plateia superior), com meia-entrada na forma da lei. À venda na bilheteria do teatro e no site Eventim. Informações: (31) 3236-7400. Recomenda-se verificar previamente a disponibilidade de ingressos.

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