A advogada Carla não tem muito do que reclamar. O casamento vai bem, assim como o trabalho em um escritório no Rio de Janeiro. E ela tem uma filha adorável. Basta um segundo para tudo vir abaixo.

Em uma tentativa de assalto, Carla, de dentro do carro, tenta reagir. Consegue fugir do bandido, mas não tarda em descobrir que a menina, no banco de trás, foi atingida por uma bala. A filha fica em coma, e assim poderá permanecer por anos, ligada em aparelhos. 





A continuação desta história tem vários caminhos. O que Carla toma é o mais radical. Com estreia nesta quinta (17/8) nos cinemas, "Tempos de barbárie - Ato I - Terapia da vingança", de Marcos Bernstein, acompanha a jornada da personagem interpretada por Cláudia Abreu para se vingar do jovem que acabou com a vida da filha, dela e do marido.
 

 
 
O drama do início da narrativa vai dando lugar a uma trama de ação, em que a personagem faz tudo o que despreza para encontrar o culpado. Blinda o carro, compra e aprende a usar uma arma, se envolve com um policial miliciano. "Ela realmente entra em um túnel escuro, né? Era importante eu mergulhar no lado sombrio da Carla e não procurar a empatia do público a qualquer preço, por mais desagradável que ela pudesse se tornar", comenta Cláudia.

No meio do caminho, começa a frequentar um grupo de apoio de parentes de vítimas de armas de fogo - a organizadora da terapia, interpretada por Júlia Lemmertz, acaba se envolvendo além do que deveria com o drama de Carla. "O encontro das duas mulheres foi uma soma de personalidades interessantes. Uma é aguerrida na sua busca por vingança e a outra tenta contemporizar, chamando-a um pouco para a razão. E no entanto as duas são tragadas pela mesma história", diz Júlia.





Cláudia Abreu está quase todo o tempo na tela. E a atriz faz várias cenas de ação. "Foi uma preparação pesada, tanto de alimentação quanto de preparo físico. Eu sabia que eu ia ter um desgaste físico e emocional muito grande porque é um filme que lida com questões muito profundas. Vejo a Carla como uma heroína trágica."

Diretor 

"Tempos de barbárie" é um filme fora da curva na trajetória de Bernstein como diretor. Ele dirigiu o drama "O outro lado da rua" (2004), sobre a velhice em Copacabana, a adaptação literária do clássico infantojuvenil "Meu pé de laranja lima" (2012) e a comédia romântica "O amor dá voltas", que chegou aos cinemas no fim de 2022.



"São todos filmes (em que os personagens) encontram afeto. Este é um pouco ao contrário, a jornada de uma pessoa que conseguiu aparentemente todo esse afeto e, do caos e da barbaridade que a gente vive, começa a ter tudo destruído. Ela perde os afetos até consigo própria", comenta o diretor.





O longa foi rodado um pouco antes do início da pandemia, já na gestão Bolsonaro. Bernstein, no entanto, não relaciona a narrativa com o antigo presidente (governo durante o qual o aumento da licença de armas cresceu sete vezes).

"O Brasil que nós somos é um país violento. E não é de hoje, não é do governo Bolsonaro, ainda que (o antigo governo) tenha trazido outras nuances para a questão. Os nossos índices de violência são grandes há décadas."

O crescente de violência pelo qual passa a personagem vai fazendo com que a narrativa culmine para um final quase apocalíptico. "Eu diria que o filme é um thriller de ação com um elemento dramático intenso."



Sobre o subtítulo do longa, "Ato I", Bernstein comenta que a intenção é que venha uma sequência. "Mas muito mais pela temática, já que atores e histórias podem mudar. Neste filme é a vingança. A ideia é de que o próximo seja uma história de amor com barbárie", afirma. 

“TEMPOS DE BARBÁRIE - ATO I: TERAPIA DA VINGANÇA”
• (Brasil, 2023, de Marcos Bernstein, com Cláudia Abreu e Júlia Lemmertz) - 
• Estreia nesta quinta (17/8) nos cines BH 8, 15h50, 18h50 (exceto sab), 13h, 17h10 (somente sab); Cidade 1, 14h, 18h30 (exceto dom), 11h, 15h20, 19h40 (somente dom); Contagem 7, 14h20, 18h40; Del Rey 7, 16h20; Monte Carmo 1, 14h, 18h30.


 



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