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Para uma exposição chamada “La maison de Clarice” (“A casa de Clarice”, em português), nada melhor do que ser montada precisamente… em uma casa. Assim pensaram Guiomar de Grammont, Vincent Zonca, Léo Le Berre e Roberto Pedretti, curadores da mostra em homenagem a Clarice Lispector (1920-1977), que entra em cartaz na Academia Mineira de Letras (AML) nesta sexta-feira (18/8) e segue até 14 de outubro.

A sede da AML ocupa a antiga residência do médico Borges da Costa, casarão construído na década de 1920. A arquitetura do local, portanto, segue a mesma disposição de qualquer casa, com quartos, lavabos, copa e cozinha. O ambiente capta perfeitamente a essência da exposição, que é propor uma casa metafórica na qual Clarice se confraterniza com as escritoras francesas Marguerite Duras (1914-1996) e Nathalie Sarraute (1900-1999).

A relação das três escritoras - por meio de trechos de correspondências e fotos que os visitantes podem conferir - é o fio condutor da mostra, que foi apresentada pela primeira vez no Rio de Janeiro, em 2021, e chega à capital mineira depois de passar pela capital fluminense, Volta Redonda (RJ) e Brasília.

Fotos das escritoras Clarice Lispector, Marguerite Duras e Nathalie Sarraute na exposição 'La maison de Clarice'

Reprodução de fotos e trechos de correspondência compõem a exposição, cuja visitação é aberta às sextas e sábados, até 14/10

Alexandre Guzanshe/EM.D.A.Press

Clarice Lispector 

O insight para montar “La maison de Clarice” foi da escritora Guiomar de Grammont, em 2020, ano do centenário de nascimento de Clarice. Ela não queria, contudo, apresentar a “versão pop” da Clarice Lispector que todos conhecem, e sim uma versão não tão conhecida da autora de “A hora da estrela”.

Assim, optou por abordar a relação de Clarice com a França e com as contemporâneas de ofício francesas, Duras e Sarraute, nomes importantes do movimento Nouveau Roman, o chamado Novo Romance francês. 

Com o apoio de Zonca, Le Berre e Pedretti, que são da Embaixada da França no Brasil, Guiomar fez um trabalho de levantamento de fotos, correspondências e documentos que compõem a exposição. Parte do acervo estava sob os cuidados do Instituto Moreira Salles e da Fundação Casa de Ruy Barbosa.
 
 
“Esse trabalho começou com muita leitura sobre a Clarice”, diz a curadora. “Li as biografias e fui levantando esses materiais, escolhendo as cartas que eu queria que entrassem na mostra. Aí eu fui vendo que havia muito mais coisas do que eu tinha imaginado. A França ocupou um papel central na vida da Clarice”, afirma.

O carinho que a escritora tinha com a França ia além das amizades que ele mantinha por lá - além de Duras e Sarraute, Clarice tinha relação muito próxima com o diplomata brasileiro no país Santiago Dantas e com o casal Samuel e Bluma Weiner. 

Relação com a França

Talvez fosse uma espécie de gratidão que Clarice tinha com o país europeu, pelo fato de a França ter sido o primeiro país estrangeiro a publicar um romance seu (“Perto do coração selvagem” foi publicado lá em 1953, 10 anos depois de seu lançamento no Brasil).

Além disso, havia também certa afinidade de Clarice com o Novo Romance, conforme destaca o presidente da AML, o professor Jacyntho Lins Brandão. 

“Acho que a gente tem que pensar que literatura é uma rede. Ou um sistema, com várias ramificações, conforme o Antonio Cândido falou. Então, mesmo que a gente fale de literatura nacional, as tendências são internacionais”, ressalta o acadêmico. 

“Assim, o tipo de literatura que a Clarice produziu tem relação com as francesas com quem ela se correspondia. É claro que a Clarice está em um contexto brasileiro, com personagens brasileiros, mas ela está fazendo uma coisa que tem uma abrangência e impacto maiores”, observa.

Essa influência francesa está na mostra, numa espécie de jogo metafórico. A expografia - por meio da concepção artística de Valéria Neno e designer gráfico de Valter Fadel -  propõe ao visitante que faça links entre os cômodos da casa, os textos de Clarice e a relação deles com a França e o movimento literário francês.

Na cozinha, por exemplo, há referência ao processo criativo das escritoras e à forma como cada uma delas definia a escrita. Já nos quartos os visitantes encontram os textos mais íntimos e confessionais das autoras. 

No jardim, há textos de Clarice sobre plantas e a vibração da natureza. E, por fim, na sala, um grande painel com representação de cada uma das escritoras sentadas à mesa, com textos mais leves, como se estivessem em confraternização.

“La maison de Clarice” chega em um momento especial para a AML. “Nós temos o costume de fazer conferências e cursos, e assim ficamos muito fixados nessa coisa de sala de aula. Acho que a exposição é um tipo de experiência diferente para as pessoas, o que é fundamental, porque a Academia precisa da comunidade para sua existência ter sentido”, aponta Jacyntho Lins Brandão.

“LA MAISON DE CLARICE”
• Exposição sobre a relação de Clarice Lispector com as escritoras Marguerite Duras e Nathalie Sarraute.
•Na Academia Mineira de Letras (Rua da Bahia, 1.466, Lourdes).
• Desta sexta-feira (18/8) a 14 de outubro, visitação aberta às sextas-feiras e sábados, das 9h30 às 17h30. 
• Entrada franca. Retirada de ingressos via Sympla

COLÓQUIO GRATUITO

Como parte da mostra, a AML realizará gratuitamente, em parceria com a Embaixada da França e a UFMG e apoio do Fórum das Letras e da Relicário Editora colóquio ao longo da manhã e da tarde deste sábado (19/8) sobre a vida, a obra e a relação das escritoras Clarice Lispector, Nathalie Sarraute e Marguerite Duras. 

Também será realizado, na próxima segunda-feira (21/8), o programa Educativo La Maison de Clarice, voltado para professores, estudantes, bibliotecários e mediadores de leitura. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas até domingo (20/8) pelo site Sympla.