De blusa e calça pretas, os atores Matheus Nachtergaele e Selton Mello se abraçam

Matheus Nachtergaele e Selton Mello repetem os papéis de João Grilo e Chicó em filme

Neto Ponte/Divulgação
Sequência de "O auto da Compadecida" (2000) começa a ser rodada neste domingo (20/8). Com estreia nos cinemas prevista para 2024, o novo filme tem direção de Guel Arraes e Flávia Lacerda, e conta com a produção da Conspiração e da H2O Films, que também fará a distribuição. 
 
Quase 25 anos depois do sucesso, “O auto da Compadecida 2” reflete o prazer em ser brasileiro — um sentimento perdido por parte da sociedade nos últimos anos, como comenta o diretor: “Achamos interessante fazer um filme sobre amizade neste momento do Brasil”. 
 
Para Guel Arraes, o maior desafio da continuação foi o novo roteiro, uma história original, construída a partir de alguns personagens da peça de Ariano Suassuna. O roteiro é dele e João Falcão com a colaboração de Adriana Falcão e Jorge Furtado. 
 
“Não se passaram 25 anos somente na vida real, mas na própria narrativa fictícia. Mesmo que seja um filme de época, temos que falar de assuntos de hoje, assim como Ariano foi extremamente atual em 1955 ao escrever sobre a religião e a sobrevivência dos mais pobres”. 
 
O reencontro de Chicó (Selton Mello) e João Grilo (Matheus Nachtergaele) vem atualizado, com a aprovação e a “benção” da família de Ariano.
 
Como Flávia Lacerda reflete: “nesses 25 anos, a história amadureceu, os atores amadureceram, os personagens amadureceram. Então, o público vai perceber que o novo filme tem muito mais camadas e temas”. 
De roupa preta, diretora Flávia Lacerda, atores Matheus Nachtergaele (de camisa branca) e Selton Mello (ao fundo) e o diretor Guel Arraes (de camisa branca e calça preta)

Os diretores Flávia Lacerda e Guel Arraes (nos extremos) com os Matheus Nachtergaele e Selton Mello

Laura Campanella/Divulgacao
Dessa maneira, “O auto 2” ganhou reforços de peso no elenco, como a já anunciada Taís Araujo interpretando Nossa Senhora. “A gente precisava dar uma virada no que significava a Compadecida nessa nova versão, e Taís encaixou perfeitamente”, comenta a diretora. 
 
Mas a essência dos personagens e do mundo ao mesmo tempo real e farsesco criado por Ariano vão permanecer intactas. Ou melhor, vão ganhar ainda mais força por causa do reencontro dessa amizade e do reencontro dos criadores do filme original tanto tempo depois, como comenta Virginia Cavendish: "As pessoas estão muito curiosas com o que aconteceu com o casal Rosinha e Chicó e acho que a história vai surpreender a todos. Na nova versão, a Rosinha virou uma mulher avançada para época”. 
 
E Selton Mello celebra: “Fazer o Chicó de novo é uma emoção gigante, que nunca imaginei reviver. Nosso time é de craques, faremos ‘O auto 2’ à altura da grandeza do nosso filme do peito e celebrando a memória de Ariano Suassuna. O Brasil esperava e merecia este presente”. 
 
Para Matheus Nachtergaele, o envelhecimento dos personagens provoca algumas mudanças em seus arquétipos, mas a trama não perde a delicadeza: “há uma homenagem ao primeiro, muita coisa vai ser revisitada e o público quer isso, mas há novidades. Éramos trintões, jovens atores, agora somos cinquentões. No que isso vai atingir e transformar os personagens, não sei, mas alguma coisa deve acontecer. O novo roteiro é muito bonito”.