Músicos da família Ramil caminham em estrada de terra

Cada Ramil deixou sua marca pessoal no disco que nasceu na casa de praia da família, na Lagoa dos Patos, no Rio Grande do Sul

Marcelo Soares/divulgação

Os gaúchos Ramil formam um dos clãs musicais mais talentosos do Brasil. São duas gerações: a primeira, formada pelos cantores e compositores Kleiton, Kledir e Vitor, além da produtora Branca. A mais jovem reúne os filhos deles: os músicos Ian, Gutcha, Thiago e João, a diretora Karina, a artista visual Isabel e o produtor Kaio.

 

Nesta sexta-feira (25/8), chega às plataformas o álbum “Casa Ramil ao vivo” (Biscoito Fino), gravado no Theatro São Pedro, em Porto Alegre. O clã vai se apresentar em 1º de setembro, no Auditório Araújo Vianna, na capital gaúcha, e no dia 3 de setembro, no Theatro Guarany, na cidade natal, Pelotas (RS).

 

Kledir explica que estará no palco o espírito dos encontros descontraídos na casa de praia da família. “Tudo começou em 2016, quando nossa irmã Branca teve a ideia de juntar todos e fazer um disco. Nos finais de ano, a gente se reúne lá no Laranjal, na Lagoa dos Patos. A gente cresceu juntos naquela casa”, conta.

 

Capa do disco Casa Ramil ao vivo

Detalhe da capa do álbum, que traz ilustração da casa da família, em Pelotas

Biscoito Fino/reprodução
 

Pandemia atrapalhou

O show estreou em 2018, com apresentações no Rio Grande do Sul e em São Paulo. “As pessoas ficaram emocionadas. Gravamos o álbum ao vivo, mas veio a pandemia, parou tudo e não pudemos lançá-lo. Só depois dela fomos para o estúdio masterizar e mixar o disco”, conta.

 

Cinco anos depois, o álbum chega a público, pela Biscoito Fino. “A gente resolveu filmar também, mas sem muitas pretensões. É muito legal, porque cada canção tem o seu vídeo, vai tudo para o YouTube na sexta-feira. O CD físico já está sendo feito. A gente até pensou em lançar vinil, só que as empresas estão demorando seis meses para entregar. Acho que dá para fazer. É caro, mas tem um bom público para isso”, diz Kledir. A vontade é de viajar com o show. Já há negociações em São Paulo, Rio de Janeiro e Santa Catarina.

 

“O repertório traz coisas conhecidas do Vitor, minhas e do Kleiton, além do Ian, do Thiago e da Gutcha. O João é o único que não compõe. Então, tem uma música de cada, coisas gravadas nas carreiras solo e também coisas novas. Então, é a mescla, pois todos são cantores e compositores.”

 

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Os Ramil planejam novos álbuns do coletivo. “Cada qual tem sua carreira solo e vai continuar nela. É um encontro, e a gente tem vontade de fazer o disco de estúdio com inéditas. Talvez seja este o passo para o ano que vem. Este projeto tem futuro”, acredita Kledir Ramil.

 

Show da Família Ramil

Show dos Ramil na terra natal, a cidade gaúcha de Pelotas

Instagram/@nauropelotas/reprodução
 

Choro na plateia

Quando o show foi realizado em Porto Alegre e Pelotas, a recepção do público foi impactante, relembra. “Somos muito queridos lá. Não só os irmãos Kleiton, Kledir e Vitor, mas a gurizada também. Existe uma relação de amor, foi emocionante, com as pessoas chorando.”

 

A apresentação em São Paulo deixou Kledir apreensivo, mas a recepção emocionada se repetiu. “Cheguei à conclusão de que a família junta, com pessoas que conseguem conviver e produzir em harmonia, é muito lindo. Tomara que possamos viajar, pois adoramos cantar juntos. Esta história começou há anos, é uma vida inteira. As crianças cresceram ali naquele meio, ouvindo pais e tios sempre cantando.”

 

Cada Ramil trouxe o som preferido para o coletivo. “O que surgiu de instrumento exótico foi uma loucura. Sou apaixonado pelo cuatro venezuelano. Ian apareceu com um saz, que é turco e se parece com o alaúde. Outro trouxe harmônio indiano. Gutcha tocou percussão e rabeca; o Kleiton, violino; o Vitor, viola, que nunca havia tocado antes. Foi uma diversão esses instrumentos tão diferentes, a mistura de efeitos eletrônicos no meio das coisas acústicas”, conta o compositor.

 

As bases do álbum são os violões. Participaram da gravação Kleiton Ramil (violão de aço, violino e percussão), Kledir (violão de nylon, cuatro e efeitos eletrônicos),Vitor (violão de aço, viola, saz, percussão e harmônio), Ian (violão de aço, saz, percussão, monotrom e harmônio), Gutcha (percussão, rabeca e harmônio), Thiago (baixo, violão de aço, guitarra e efeitos eletrônicos) e João (percussão e baixo).

 

A direção de cena coube a Karina Ramil; vídeos e iluminação a Isabel Ramil, em parceria com tio, Marcelo Linhares, marido de Branca. A produção executiva é assinada por Kaio Ramil.

 

'Família junta, com pessoas que conseguem conviver e produzir em harmonia, é algo muito lindo'

Kledir Ramil, cantor e compositor

 

Dupla prepara CD de inéditas

Kledir revela que ele e Kleiton vêm aí com novidades. “Temos parcerias muito legais, uma com o Ivan Lins. Estávamos para gravar inéditas este ano, mas com o lançamento do 'Casa Ramil' e shows do Almôndegas, fica apertado. Então, deixamos para 2024”, comenta.

 

“Olho para trás e penso: quanta história, quantos palcos, quantas viagens. Agradeço à vida, que tem me dado tanto, à alegria de continuar fazendo coisas. Começamos com o Almôndegas, em 1975. Afinal são quase 50 anos. Este ano, o show que fizemos com o Almôndegas, em Porto Alegre, foi muito emocionante, com o público inteiro cantando junto”, comemora o músico gaúcho.

 

“CASA RAMIL AO VIVO”

• Álbum da família Ramil

• 12 faixas

• Biscoito Fino

• Disponível nas plataformas a partir desta sexta-feira (25/8)