‘O papai é pop’. Esse é o título do livro de Marcos Piangers. Além de escritor, ele coleciona profissões: é jornalista, apresentador, palestrante e pai de Anita e Aurora. Com mais de 6 milhões de seguidores nas redes sociais, parte do conteúdo que escreve é justamente sobre a relação com as filhas, mas nem sempre foi assim.
Marcos, que é um dos palestrantes do primeiro dia de FIRE FESTIVAL, evento da Hotmart, contou ao Estado de Minas como a paternidade mudou sua vida e como transformou seu trabalho. Ele ainda revelou como é a relação atual com as filhas.
O que mudou na sua vida desde que a Anita e a Aurora chegaram?
Quando um homem chega no mundo, ele chega todo bonzinho todo menino, ele é bonzinho, mas ao longo do crescimento desse menino, dizem que homem não pode chorar, não pode ter tristeza, não pode ser muito alegre também porque é esquisito. Ele não pode ter medo, não pode ter nojo. E o homem vai crescendo meio embrutecido, virando essa pessoa que não pode falar do seus sentimentos, que não pode lidar com as suas emoções, às vezes lida de uma forma muito violenta e raivosa com as emoções. E aí chega uma criancinha e ela lembra esse homem da outra criancinha que ele era, no comecinho da vida dele.
E aí, quando o homem se permite isso, seu coração vira uma manteiga de novo, como você era lá no início da sua vida. Sem ficar torcendo uma chavezinha de ‘não pode fazer isso’, ‘não pode fazer aquilo’. E, do nada, você está fantasiado de princesa com suas filhas e sabendo plenamente que você não é menos homem por isso.
É muito legal que você traz as relações com suas filhas para o seu trabalho
Eu não trazia. Eu comecei a trabalhar em 2012 com televisão, depois fui pro rádio, para jornal, depois televisão e rádio de novo… um monte de coisa e não falava sobre paternidade. Um dia eu fui pegar minha filha na creche, e um cara que trabalhava comigo disse assim: ‘Você vira outra pessoa do lado da sua filha. Você fica todo dengoso’ e tal.
E eu fiquei todo ‘não posso mostrar esse meu lado’. Por 10 anos, desde que minha filha nasceu, eu escrevia sobre elas, escondia e não mostrava para ninguém. Até que um amigo meu disse: ‘Cara, eu escrevo sobre meu filho no jornal. Queria que você escrevesse no meu lugar. Agora eu tô saindo’. E aí que eu comecei a mostrar. Então, a primeira vez que alguém me sinalizou que não era errado falar sobre a paternidade. E aí quando eu comecei a falar , eu vou falar pro meu coração, com lágrima e ranho, a maior verdade, a maior sensibilidade que eu posso encontrar dentro de mim.
Acabei encontrando as pessoas, que também se emocionam. Todo dia eu esbarro com pais apaixonados que choram, que me abraçam. De alguma forma ele é meu irmão, porque a gente está junto nessa jornada de descobrir o que que é ser esse homem pai, esse homem sensível, que respeita todas as emoções.
Seu livro se chama ‘O papai é pop’. O que faz esse pai ser pop?
É a tentativa, porque é mais fácil nem tentar, é mais fácil terceirizar, deixar com a babá, com a esposa, é mais fácil brigar com a escola, deixar com a avó. É ser o cara que diz ‘eu que vou fazer’. Eu lembro que eu levava minha filha no trabalho às vezes, quando não tinha babá, e os meus amigos diziam que eu estava de babá. Eu olhava para ele e dizia ‘estou de pai’, também é uma responsabilidade minha.
É uma percepção nova. Acho que tinha pais das antigas que faziam isso, mas é uma descoberta, esse tatear sensível que a gente tem que fazer. Eu tento incentivar outros pais a serem esse pai presente. Até brinco que eu que levo a fama, mas na verdade os melhores pais estão espalhados pelo Brasil, são pais anônimos que estão rompendo barreiras em serem pais. E isso é inspirador.
Decepção. Nossa acho que tinha páginas antigas que faziam isso, mas é uma percepção nova para muita gente e essa descoberta interativas sensível que a gente teve. E aí e acho que o tempo incentivar outros países.
Suas filhas já estão aí com 11 e 18 anos. Você tem medo dessa relação mudar conforme elas forem crescendo?
Eu já percebi que essa relação muda há muito tempo atrás. Aos 10 anos, a criança meio que começa um processo de ver que o pai e a mãe não são super-heróis. E lá pelos 13-14 anos, tem uma virada de chave, que é a adolescência, que é a postura da criança dizer que o pai e a mãe não sabem de nada.
Então, eu sempre digo para todos os pais que você vai se apaixonar por uma pessoa de cinco anos de idade. Depois, você vai conhecer outra pessoa, de 6, 7, 8 anos. Hoje, minha filha tem 18 anos e todo dia ela me manda um áudio. A gente está junto há 18 anos, desde que ela estava na barriga da minha esposa que eu interajo com ela.
Sobre o FIRE FESTIVAL
Ao todo, mais de 100 palestrantes participam da oitava edição do Fire Festival, evento produzido pela Hotmart. Ao todo, mais de oito mil pessoas devem participar das atividades, que vão até o próximo sábado, no Expominas, em Belo Horizonte.
O espaço é dividido em cinco palcos, com atividades simultâneas, além de estandes e ativações de marca, praça de alimentação e muito espaço para networking. Os participantes também contam com áreas de lazer, coworking, locais para relaxar e para fazer aquela foto bonita para as redes sociais. Esses cenários ajudam a deixar a imersão no mundo do marketing ainda mais criativa.