Para comemorar seus mais de 40 anos de carreira, o Roupa Nova está em turnê pelo Brasil e se apresenta neste sábado (26/8) em Belo Horizonte. A atual formação do grupo carioca conta com Fábio Nestares (voz), Serginho Herval (bateria e voz), Nando (baixo e vocal), Kiko (guitarra e vocal) e os mineiros Ricardo Feghali (teclados e vocal) e Cleberson Horsth (teclados e vocal). Ainda com o ex-vocalista Paulo César dos Santos, o Paulinho (1952-2020), a banda lançou 38 álbuns, teve 35 músicas incluídas em trilhas de novelas e vendeu mais de 20 milhões de cópias.
Cleberson Horsth conta que o show é o que foi originalmente produzido para a gravação do DVD “Roupa Nova 40 anos”, em junho do ano passado, no Jeunesse Arena, no Rio de Janeiro. O resultado foi lançado em maio deste ano.
“Na realidade, ele foi gravado quando completamos 42 anos. Isso ocorreu por causa da pandemia, quando fomos obrigados a interromper os shows”, conta. A apresentação em BH, segundo ele, terá “um apanhado dos sucessos da banda e algumas novidades interessantes”.
Na escolha do repertório, de acordo com o tecladista, a banda privilegiou “coisas que significaram para o público e também para a banda, como canções gravadas por alguns outros artistas que participaram do DVD. Cantores novos que convidamos para cantar coisas do repertório do Roupa Nova, como ‘Clarear’, cantada no DVD pelo Thiago Abravanel’, ‘Corações psicodélicos’, por Anavitória, e ‘Meu universo é você’, pela banda Melim”.
Convidados no telão
Num telão, o público verá imagens de artistas convidados da banda, como o sertanejo Daniel. “Teremos outras participações no telão também, não de todos que participaram do DVD, porque não seria possível reproduzir exatamente o que foi feito na gravação, mas a maior parte das músicas estará no show, inclusive um medley muito interessante que está fazendo muito sucesso nas plataformas e shows”.
O show deve ter quase duas horas de duração, com 25 músicas listadas no repertório. Cleberson acredita que “Whisky a go go” seja o maior sucesso do Roupa Nova. “Mas temos outros, como ‘Dona’, ‘Linda demais’, ‘Volta pra mim’ e ‘Coração pirata’, que é um arraso no show”, diz. “Canção de verão”, lançada em 1981, conforme aponta, “tem um significado muito grande” para a banda, porque foi a primeira música do Roupa Nova”.
Antes de se chamar Roupa Nova, o grupo, criado em 1967, usava o nome de Os Famks e chegou a gravar três discos, além de animar bailes.
“O nome não tem nada a ver com o ritmo funk. Trata-se das iniciais dos nomes dos fundadores: Francisco, Alceu, Marcelo, Kiko, que não é o atual, e Sérgio, que não é o Serginho que continua conosco. Foi aí que o produtor Mariozinho Rocha nos procurou e disse: ‘Quero fazer um trabalho com vocês, mas com esse nome não dá. Vou bolar outro’. Foi em agosto de 1980 que o Roupa Nova se mostrou para o público, mas gravar mesmo foi somente em 1981, quando lançamos ‘Canção de Verão’.”
Milton 'batizou' o grupo
Mariozinho propôs o nome Roupa Nova em referência à música homônima de Milton Nascimento. “Naquela época, todos tinham a mania de colocar nome em inglês e achamos aquilo meio estranho. Confesso que não conhecia muito bem a música do Bituca e por isso não entendi direito o que Mariozinho quis dizer com aquele nome. Foi depois que ouvi a canção e compreendi que tudo tinha a ver”.
O músico recorda que “Mariozinho tinha outra explicação para a sugestão dele, pois, além de ser uma música do Milton, ela sugere coisas novas. Por outro lado, não tínhamos um repertório próprio e calhou, no bom sentido, de a gente cair para o lado da música de Minas Gerais. Mas isso não foi porque eu e Ricardo somos mineiros, mas porque a gente sempre gostou desse repertório. Aí começamos a pegar canções como ‘Lumiar’, de Beto Guedes, e a própria ‘Roupa Nova’, do Milton Nascimento.” Cleberson conta ter “a grande honra” de uma parceria com Fernando Brant (1946-2015).
Nascido em Manhumirim, o mineiro se mudou para o Rio de Janeiro aos 4 anos, quando seu pai foi trabalhar na Cidade Maravilhosa. “Meu pai tocava um pouco de violão, acordeom e cavaquinho, e eu adorava vê-lo tocar. Certo dia, ainda criança, pedi a ele um acordeom, e ele comprou um para mim e me colocou para estudar. Fiquei nessa até o aparecimento dos Beatles. Ouvi ‘Day tripper’ e me apaixonei. Mas os Beatles não tinham teclados nem acordeom. Aí peguei o violão do meu tio e comecei a estudar sozinho.”
Depois ele passou no vestibular de música e passou a tocar num grupo de amigos, até que foi indicado para Os Famks. “Comecei a tocar com eles e estou até hoje, porque a banda se transformou no Roupa Nova.”
Saudades de Paulinho
O tecladista conta que ainda está sendo difícil lidar com a perda do companheiro Paulinho. “Principalmente pela amizade e pelo ser humano que ele era. Começamos juntos nos Famks, mas já o conhecia, pois morávamos perto. Existia uma amizade muito forte, de muitos anos, sem contar o baita cantor que ele era.”
A incorporação de Fábio Nestares ao Roupa Nova é considerada pelo músico como “um presente de Deus, pelo seguinte: o conjunto poderia ter acabado, porque a voz principal era do Paulinho, embora Nando, Serginho e Ricardo cantem muito bem”.
“Aí ele morre e aparece uma pessoa que até tem um timbre parecido com o dele. Fábio já era amigo de Paulinho e, além de suprir musicalmente com competência a falta dele, trouxe jovialidade para o grupo. No meio do show, a gente coloca imagens do Paulinho cantando. É muito emocionante.”
“ROUPA NOVA – 40 ANOS”
Show neste sábado (26/8), às 22h, no Arena Hall, Avenida Nossa Sra. do Carmo, 230, São Pedro. Ingressos a partir de R$ 150, à venda no local e no site Sympla. Informações: (31)97222-2424.
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