“Estou sempre olhando lá para cima, lembro-me sempre da história de contar carneirinhos, me perco nas nuvens”, diz o fotógrafo mineiro Juninho Motta. Até outubro, ele apresenta a exposição “Bando de nuvens” no Centro Cultural UFMG, que reúne imagens captadas de 2000 a 2023.





Impressas em tecidos e com grandes formatos, as panorâmicas propõem ao visitante um olhar especial sobre estas manifestações naturais que inspiram os artistas há séculos. Elas estão presentes, por exemplo, em cantigas de ninar e no repertório de compositores consagrados, como Tom Jobim, autor do tema “Nuvens douradas”.

“Bando de nuvens” é a segunda exposição de Juninho Motta inspirada no céu de Minas Gerais. Tudo começou em 1999, com “Nuvens”, mostra de fotos dele que ficou em cartaz na galeria da sede do Grupo Corpo, em Belo Horizonte.

Desde então, Juninho nunca mais deixou de registrar paisagens que o encantam e, principalmente, despertam novos cenários em sua imaginação. Foram milhares de fotografias em mais de 20 anos, clicadas em diversas cidades mineiras, devidamente guardadas nas memórias do fotógrafo.




 

Pela segunda vez, Juninho Motta dedica exposição ao céu de Minas

(foto: Juninho Motta/divulgação)
 

Em 2020, com a chegada da pandemia de COVID-19, Juninho Motta decidiu reunir suas nuvens em uma exposição. Sua “epifania”, como definiu. Refém do confinamento social, o fotógrafo aproveitou o tempo para explorar ainda mais o céu.

“Fiz bastante fotos durante a pandemia, já que não podia sair de casa. Porém, entre as que estão expostas há registros de 20 anos atrás, quando comecei a fazer fotografia colorida”, afirma.

Uma foto desperta carinho especial em Juninho: “O basilisco”, que, segundo ele, lembra a imagem de uma cobra.

“Gosto de inventar, ver formas e animais. Em ‘O basilisco’, vi uma serpente no céu, cujo olho era formado pelo sol. É a minha fotografia favorita”, afirma. Presente no imaginário medieval, basilisco é um monstro fantástico conhecido como Rei das Serpentes.



Ao explicar sua obra, fotógrafo diz que sempre gostou de "imaginar coisas" ao ver as nuvens

(foto: Juninho Motta/divulgação)
 
Motta diz que adora fotografar paisagens e animais. E se diverte ao explorar a diversidade de seus registros.

“Vivo de imaginar as coisas. Por exemplo, se a imagem de um animal se forma, esta é a hora perfeita para tirar a foto, porque se demorar muito, ela vai embora”, explica. Fotógrafo desde 1990, Juninho Motta sempre recorreu às nuvens para suas reflexões.

Em parceria com o curador Maurizio Manzo, o artista selecionou 20 imagens com o objetivo de instigar o visitante da nova exposição a pensar sobre a imensidão do céu.

“Sempre me diverti observando o céu. Quem nunca se deitou na grama, na mata, no chão e ficou durante um bom tempo olhando as nuvens lá no alto, lá longe, tentando entender que mundo é aquele, tão distante que aqui embaixo nada se consegue perceber? Queria levar as pessoas de volta para esses momentos”, conclui Juninho Motta.




“BANDO DE NUVENS”

• Fotografias de Juninho Motta
• Centro Cultural da UFMG (Avenida Santos Dumont, 174, Centro)
• Aberto de terça a sexta, das 9h às 20h; sábado, domingo e feriado, das 9h às 17h
• Em cartaz até 1º de outubro
• Informações: (31) 3409-8290
 
* Estagiária sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria














compartilhe