Cena da peça Clarice matou os peixes

Peça "Clarice matou os peixes" estará em cartaz neste final de semana, no Teatro Francisco Nunes

Fernanda Chiminello/divulgação


Publicado em 1968, “A mulher que matou os peixes” é um livro infantil de Clarice Lispector que fala sobre as emoções humanas por meio da relação da protagonista com os animais.

Depois de ler Clarice, a diretora Letícia Guimarães decidiu reunir seu grupo de teatro, a Cia do Abração, para criar um espetáculo que abordasse a relação das crianças com a perda de seus bichinhos.

“Sentimos a necessidade de abordar esse tema (a morte), que é bem delicado, não só para crianças, mas para adultos também”, diz Letícia.
 
Em 2011, surgiu a peça “Clarice matou os peixes”, com o propósito de falar ludicamente das perdas, por meio de experiências pessoais dos atores, durante a infância, envolvendo animais de estimação.
 

'Você não precisa ficar falando exatamente da morte. Usamos poesia, música e cenografia para contar o que aconteceu. Devemos entender que aquele animal de estimação fica vivo em nossa memória'

Letícia Guimarães, diretora

 

Neste final de semana, a companhia paranaense se apresenta em Belo Horizonte, com sessões neste sábado (26/8) e domingo, às 17h, no Teatro Francisco Nunes.

“As primeiras perdas de afetos servem para nos ensinar a entender o que é este sentimento e também que ele faz parte da vida”, afirma Letícia Guimarães. “Nossos animais nos ensinam o afeto e, às vezes, eles vão embora com mais rapidez do que um ser humano próximo”.

Tribunal de espectadores

Os personagens Esclarecida, Clarão e Clarito percebem que três peixinhos morreram e passam a questionar quem seria o responsável pela fatalidade. Há um tribunal, do qual o próprio público participa, com a missão de desvendar o mistério.

Recentemente, o espetáculo foi remontado com novos atores. Blas Torres, Heloisa Giovenardi e Ana Sercunvius conduzem a trama por meio de contação de histórias, teatro de sombras e manipulação de objetos.

“Clarice matou os peixes” aborda, sobretudo, a efemeridade da vida. “Você não precisa ficar falando exatamente da morte. Usamos poesia, música e cenografia para contar o que aconteceu. Devemos entender que aquele animal de estimação fica vivo em nossa memória. Faz parte da vida”, explica Letícia Guimarães.
 
A cenografia vai se transformando ao longo do espetáculo. A cor predominante é o azul, referência à água, metáfora da vida. O julgamento sobre o “assassino” dos peixinhos propõe também a discussão ecológica, mostrando como o mau uso deste bem natural pode afetar todos os seres vivos.
 

Letícia afirma que a peça mobiliza as crianças da plateia, mas pode ser vista por público de todas as idades. A diretora conta que os pais se emocionam ao participar com os filhos de uma experiência artística.

As duas sessões de “Clarice matou os peixes” em BH fazem parte do projeto Diversão em Cena, que se propõe a formar público para o teatro.

“CLARICE MATOU OS PEIXES”

• Peça da Companhia do Abração
• Neste sábado (26/8) e domingo (27/8), às 17h
• Teatro Francisco Nunes (Avenida Afonso Pena, 1.321, Parque Municipal, Centro)
• Entrada franca, com reserva de ingressos pelo site Simpla
• Classificação: 4 anos
 
* Estagiária sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria