Teuda Bara, atriz do Grupo Galpão, encena o espetáculo solo “Luta” nesta quarta-feira (30/8), às 19h, no Centro Cultural Urucuia. Com direção e dramaturgia de Cléo Magalhães, João Santos e Marina Viana, a peça estará em cartaz na sexta-feira (1/9), na Usina de Cultura Centro Cultural, e terça (5/9), no Centro Cultural Lindeia Regina. As apresentações serão seguidas de bate-papo com Teuda e equipe.
“Vou passeando pela minha história. Falo de quando era menina e fui para o colégio interno, por exemplo. É bem divertido. Falo dos artistas que conheci, como a Dercy Gonçalves, e também da minha mãe. Na verdade, os três diretores não fizeram adaptação, porque quem conta as histórias sou eu. Fizeram um apanhado, escreveram a dramaturgia”, explica Teuda.
O solo “Luta” estreou em 2009, foi encenado nos palcos de BH e em festivais de teatro. “Quando chegou a pandemia, tivemos que parar. As três apresentações de agora estavam programadas anteriormente, mas foram adiadas por causa do período pandêmico”, informa a atriz.
Chacrinha sem spoiler
No palco, Teuda diverte o público com seus causos, como o que ocorreu com o apresentador Chacrinha. “Ele veio a BH fazer uma palestra na UFMG sobre comunicação de massas, mas não vou dar spoiler”, ela avisa.
Atuar é algo que vem da infância, comenta Teuda. “Quando era pequena, não tínhamos televisão. Então, as comemorações de escola, como os dias das Mães, dos Pais, da Bandeira e de Tiradentes, eram feitas com teatro, cada sala tinha a obrigação de se apresentar”
Os aniversários também eram “teatrais” na família de Teuda Bara. “Ali se estabelecia quem cantaria ou declamaria”, diz ela. Na universidade, a belo-horizontina trocou o curso de ciências sociais pelo palco. “Veio o diretório acadêmico da faculdade, era um mundo que eu achava muito bonito. Quase uma brincadeira, mas sério também”, relembra.
O Galpão surgiu no início dos anos 1980, e Teuda fazia parte da trupe que criou o grupo em BH. “Trabalhei com vários diretores e participei de grandes produções. Adoro fazer teatro. Enquanto puder, continuarei fazendo”, diz ela, aos 82 anos.
O dramaturgo e jornalista João Santos, autor da biografia da atriz, com o título “Comunista demais para ser chacrete”, conta que a primeira peça dela foi “Viva Olegário”, em 1976, com direção de Eid Ribeiro.
“Acho legal esta senhora de 82 anos continuar na ativa, o que é raro. 'Luta' é um trabalho de proximidade do público com ela, todo construído com as histórias dela no teatro. Teuda tem a característica de ser exímia contadora de histórias”, destaca João. “Ela gosta de estar perto das pessoas, bater papo. 'Luta' traz o público para dentro desta história, é como se fosse uma grande conversa com a plateia.”
Diretores em cena
João Santos confessa: “Dirigir Teuda é uma loucura”. Explica que a atriz tem tamanha história em grupo que estar sozinha em cena é algo inviável. “De início, a gente decidiu ficar de fora. Era um solo da Teuda, mas ela acabou puxando a gente para a cena com ela. Então, eu, Cléo e Marina fazemos cenas também. A gente fica no palco conversando, instigando-a a contar as coisas.”
E haja causo: Teuda tem histórias sobre Chacrinha, Getúlio Vargas e Nossa Senhora do Rosário. Diverte o público com suas experiências envolvendo maconha, ditadura e desbunde.
Por falar em desbunde, a mãe queria que a filha fosse freira. Teuda traiu completamente as expectativas familiares, foi para a contracultura, virou hippie e atriz. Por quatro anos, integrou a equipe do Cirque du Soleil – viajou para o Canadá, sede do grupo, sem falar uma palavra de inglês.
A primeira peça que João Santos escreveu foi “Doida”, na qual Teuda contracenava com o filho, Admar Fernandes, sob a direção de Inês Peixoto.
Com o Galpão, ela participou de “Romeu e Julieta”, “A rua da amargura”, “Um Molière imaginário e “Nós”, entre outros espetáculos.
No cinema, atuou nos filmes “O palhaço”, de Selton Mello, “La playa D.C.”, de Patrícia Moran, e “O menino maluquinho”, de Helvecio Ratton. Na TV, fez a novela “Meu pedacinho de chão” (Globo) e o humorístico “A vila”, de Paulo Gustavo, no Multishow.
Oficinas virtuais
Paralelamente às sessões de “Luta”, serão realizadas atividades virtuais. Nas próximas segunda (4/9), terça (5/9) e quarta-feira (6/9), das 19h às 21h, Cleo Magalhães ministra oficina de produção cultural. Em 9 de setembro, das 9h às 15h, oficina de dramaturgia estará a cargo de Marina Viana.
Em 11 e 12 de setembro, das 19h às 21h, João Santos ministra oficina de comunicação. Dias 13 e 14 de setembro, das 19h às 21h, a oficina de tecnologia da cena ficará por conta de Rodrigo Marçal e Beatriz Radicchi.
“LUTA”
Espetáculo solo de Teuda Bara. Nesta quarta-feira (30/8), às 19h, no Centro Cultural Urucuia (Rua W3, 600, Urucuia). Sexta-feira (1/9), às 19h, na Usina de Cultura Centro Cultural (Rua Dom Cabral, 765, Ipiranga). Terça-feira (5/9), no Centro Cultural Lindeia Regina (Rua Aristolino Basílio de Oliveira, 445, Regina). Entrada franca.