A corrida pelo Leão de Ouro do Festival de Veneza, que será encerrado em 9 de setembro, atinge velocidade máxima com "El Conde" – filme do chileno Pablo Larraín, que apresenta o ditador Augusto Pinochet como um vampiro – e a cinebiografia sobre Enzo Ferrari, de Michael Mann, protagonizada por Adam Driver.





Em "El Conde", produção da Netflix, Larraín, famoso pelos longas biográficos de Jackie Kennedy ("Jackie") e da princesa Diana ("Spencer"), oferece uma visão improvável, porém ainda mais cruel do passado recente do seu país, com o ditador Augusto Pinochet como um vampiro.
 

 
"Houve todo um processo para encontrar a melhor forma de abordar (Pinochet). Um retrato dele nunca foi feito antes, nem no cinema nem na televisão", disse Larraín à imprensa. "A combinação de comédia e sátira (...) era provavelmente o único caminho. Se evitarmos a sátira, podemos rapidamente cair em um tipo de empatia que não é aceitável", acrescentou.

No final, o cineasta decidiu apresentá-lo como vampiro porque Pinochet "nunca enfrentou a Justiça", explicou. "Ele viveu e morreu em liberdade e, na verdade, muito rico. Essa impunidade o tornou infernal", afirmou.




'Comendador' apoia greve de atores

Por outro lado, Adam Driver trará um pouco do glamour das estrelas ao festival, cujo tapete vermelho ficou sem muitos atores e atrizes este ano por causa da histórica greve de atores e roteiristas de Hollywood.


Aos 39 anos, ele é um dos atores mais requisitados dos EUA, combinando papéis em franquias de sucesso como Star Wars com trabalhos com diretores de renome como Ridley Scott, Noah Baumbach e Spike Lee.
 

No Festival de Veneza, Adam Driver, astro de 'Ferrari', manifestou seu apoio aos atores e roteiristas em greve

(foto: Tiziana Fabi/AFP)
 
 
Em "Ferrari", Driver dá vida a Enzo Ferrari, o fundador da marca de carros de corrida de mesmo nome, apelidado de "Il Commendatore" ("O Comendador").

O poderoso sindicato SAG-AFTRA, que proíbe seus integrantes de realizar filmes ou participar de sua promoção, abriu uma exceção para "Ferrari" do diretor Michael Mann, porque ele foi rodado fora dos estúdios de Hollywood.





Em declarações à imprensa antes da estreia, Driver manifestou sua solidariedade aos grevistas. "Por que uma distribuidora pequena, como a Neon e a STX International (que financiou “Ferrari”), podem cumprir com o que pedem (os sindicatos), e uma grande companhia, como Netflix e Amazon, não?", questionou.

"Individual e coletivamente, somos totalmente solidários", acrescentou o cineasta Michael Mann. "'Ferrari" pôde ser feito porque as pessoas que trabalharam nele renunciaram a uma parte importante de seus salários, no que diz respeito a Adam e a mim mesmo (...) Nenhum grande estúdio nos deu um cheque".
 
A greve de atores nos Estados Unidos começou em julho, somando-se à paralisação dos roteiristas, deflagrada em maio.
 

O diretor Luc Besson e o ator americano Caleb Landry Jones, protagonista de 'Dogman', durante entrevista no Festival de Veneza

(foto: Gabriel Bouys/AFP)
 

Luc Besson aposta tudo em 'Dogman'

Outra atração do Festival de Veneza foi o longa "Dogman",  do diretor francês Luc Besson ("O quinto elemento").  A história do menino vítima de abusos que encontra refúgio em uma matilha de cães é protagonizada por Caleb Landry Jones, que ganhou o prêmio de melhor ator em Cannes há dois anos por "Nitram", sobre um grande ataque a tiros na Austrália.

Besson, de 64 anos, espera grande retorno após o retumbante fracasso em 2017 de "Valerian e a cidade dos mil planetas", o filme que quase levou sua produtora, a EuropaCorp, à falência. O francês, recentemente, foi absolvido dedenúncia por estupro.

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