A cantora Carminho

Carminho no palco do Grande Teatro do Sesc Palladium

Helvécio Carlos/EM/D.A.Press

No único show de sua turnê “Portuguesa” realizado em Belo Horizonte, na noite da última sexta (1/9), num Grande Teatro do Sesc Palladium lotado, Carminho afagou o público com um extenso bis e uma performance final à moda das antigas casas de fado, sem microfone.

Intensamente aplaudida nas interpretações das músicas do novo disco, Carminho conversou diversas vezes com a plateia e relatou a motivação que guiou o novo trabalho – a ideia de que o gesto repetido (como a prática de ensaiar constantemente a mesma música), embora pareça desprovido de grandeza, resulta em algo novo (no caso do fado).

Confira Carminho cantando "Cais", em registro do jornalista do EM Helvécio Carlos:
 
Ao fim do show, ela citou um pensamento do pai, um engenheiro sem dons musicais, diferentemente da mãe, cantora de fado. Contou que ele dizia que ficar em silêncio era seu modo de contribuir e que o fado exige alguém que o admire para cantar, mas também alguém que saiba ouvir, com o coração aberto.

“Vocês foram grandes fadistas nesta noite, com sua entrega”, afirmou. Disse ainda que a reação da plateia a deixou “com a ligeira impressão” de que irá voltar.

Ao retornar para o bis, a cantora portuguesa citou as “famílias” que construiu no Rio de Janeiro e em Minas, antes de cantar composições de Chico Buarque (“Sabiá”) e Milton Nascimento (“Cais”). 
 
Confira Carminho cantando "Sabia", em registro do jornalista do EM Helvécio Carlos: 

Ao fim de um generoso bis com cinco músicas, Carminho recebeu nova ovação de pé e reagiu dizendo que cantaria mais uma música. 

A escolha foi “As minhas penas”. Em homenagem às apresentações que ela ouviu na casa de fado que sua mãe manteve durante duas décadas em Lisboa, Carminho então deixou o microfone de lado e fez sua voz soar pelo teatro sem amplificação artificial. 

Confira o momento em que Carminho abandona o microfone, em registro do jornalista do EM Helvécio Carlos:

O público aplaudiu como se quisesse traduzir com as mãos algo que Carminho disse antes de comentar sua relação com os artistas brasileiros que admira: “Elogiar é difícil. Às vezes parece que não sou capaz de dizer o que sinto”.