Há 10 anos Belo Horizonte ganhava dois importantes centros culturais – atualmente integrantes do Circuito Liberdade – que potencializaram o cenário das artes, da educação e da produção de conhecimento na capital. Abrigando diversas expressões – o teatro, a música, as artes plásticas, a fotografia, o cinema, a literatura –, o Centro Cultural Banco do Brasil e o Centro Cultural Unimed-BH Minas sopram velas por sua primeira década de funcionamento com motivos de sobra para comemorar.





Desde a segunda quinzena de agosto, mês de seu aniversário, o CCBB-BH está com uma programação em torno de seus 10 anos. O espetáculo “Aquela que eu (não) fui”, da Cia. Luna Lunera, em cartaz até o próximo dia 25; a exposição “Estúdio Drift – Vida em coisas” segue até novembro, no terceiro andar e no pátio; e a mostra “Walter Firmo: No verbo do silêncio a síntese do grito”, que já ultrapassou 100 mil visitantes, se estende até 2/10.

No período de 2013 a 2014, o CCBB-BH recebeu um público de 633 mil pessoas. Somente no primeiro semestre deste ano, foram 866 mil visitantes. “Isso mostra a consolidação de uma trajetória. Esse aumento de público é fruto do trabalho que a gente vem construindo ao longo dessa década”, diz a gestora do espaço, Gislane Tanaka.

Ela observa que nesses 10 anos não houve grandes mudanças no que diz respeito à estrutura física – até porque o prédio que abriga a instituição, construído em 1930, é tombado pelo patrimônio histórico. O que aconteceu, sim, é que as equipes que estiveram à frente do Centro Cultural durante esse período foram descobrindo novas possibilidades. “O pátio interno, hoje, entendemos como um espaço muito mais versátil do que supúnhamos em 2013”, exemplifica.



mostra "Estúdio Drift- Vida em coisas" é uma das ações da agenda comemorativa dos 10 anos do CCBB-BH

(foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A. Press)


Pilares da curadoria


Os pilares da curadoria também foram mantidos ao longo da década. A programação se sustenta sobre a diversidade, a multidisciplinaridade, o desejo de promover o diálogo entre público, artistas e o mercado e o foco na questão das identidades, de acordo com a gestora. 

Tanaka aponta como um marco desses 10 anos a exposição “Dreamworks animation – Uma jornada do esboço à tela”, recordista de público, com 605.674 visitantes, em 2019, quando, impulsionado pela mostra, o Centro Cultural recebeu mais de 1,5 milhão de pessoas. Outro marco é o programa CCBB Educativo. “É um projeto de formação muito importante, que tem total aderência com aquilo que o CCBB-BH pretende”, diz.

A biblioteca do Centro Cultural Unimed-BH Minas foi aberta em 2021, com acervo de aproximadamente 6 mil títulos e aberta a não sócios do clube

(foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A. Press)


A passos largos


Inaugurado em março de 2013, seis meses antes do CCBB-BH, o Centro Cultural Unimed-BH Minas – nome adotado em 2020, por causa do patrocinador –, surgiu equipado com teatro, galeria de arte, centro de memória e café cultural. Em 2019, passa a fazer parte do Circuito Liberdade; em 2021, ganha uma biblioteca com 6 mil títulos; e em 2022, passa a contar, também, com salas de cinema.





Com uma média de 300 espetáculos e outras iniciativas culturais por ano, o Centro Cultural também viu a frequência do público aumentar expressivamente ao longo da década. Em 2013, o equipamento recebeu aproximadamente 60 mil pessoas. No ano passado, foram cerca de 116 mil visitantes.

“A qualidade dos eventos é que contribui para esses números. Tivemos o momento da pandemia, mas, com a reabertura do teatro e a recuperação dos equipamentos culturais, no geral, a retomada foi espetacular. As pessoas estavam ávidas por cultura”, destaca o presidente do Minas Tênis Clube, Carlos Henrique Martins Teixeira. Sobre as curadorias do Centro Cultural, ele aponta que elas atuam na perspectiva de um imaginário aberto, “para poder propiciar aos diversos públicos toda a fruição que a cultura pode oferecer”.

Entre os nomes que já passaram pelo teatro ao longo desses 10 anos, Teixeira destaca Nelson Freire, Elza Soares, Erasmo Carlos, Eva Wilma, Grupo Corpo e Fernanda Takai com Orquestra Ouro Preto, entre outros. Ele chama a atenção, também, para o grande apelo de público que tiveram as exposições de Amílcar de Castro, Bob Wolfenson e Tomie Ohtake, cuja retrospectiva de 100 anos inaugurou a galeria, em outubro de 2013.

O presidente do Minas Tênis Clube considera que o Centro Cultural reforça a vocação que Belo Horizonte tem para as artes. “É uma alegria a gente ver o corredor cultural da Praça da Liberdade cada vez mais forte. Todos os equipamentos que o compõem trazem sua contribuição. É uma rede de opções que deságua aqui no Minas Tênis, onde o público pode vir saborear o que temos a oferecer. Queremos que o Centro Cultural seja um espaço para todos”, afirma.

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