A cantora Maria Bethânia

Maria Bethânia será a terceira artista a se apresentar, com o show 'Sucessos', que repassa as canções mais marcantes de sua carreira

Arteplex/Divulgação

Acho elegante, acho de bom gosto e acho interessante assistir a todos esses festivais grandiosos e ver que o Brasil, a música brasileira, está presente, incorporada de maneira tão nobre quanto qualquer outra

Maria Bethânia, cantora


Enxuto, com apenas quatro shows, mas concentrado em alguns dos maiores ídolos da MPB. Essa é a proposta do Festival Viva Brasil, que, em sua primeira edição, promove, neste domingo (24/9), no Mirante Olhos d'Água, apresentações de Maria Bethânia, Jorge Ben Jor, Gilsons com Gilberto Gil e Natiruts com Iza.

Com espaço generoso para cada show (duas horas, em média), o festival conta também com uma Rua Gastronômica, em que chefs como Caio Soster e Isabela Rochinha, Fred Trindade, Massimo Battaglini e Juliana Duarte vão preparar pratos exclusivos para o evento, com produtos típicos da culinária brasileira.

Bethânia retorna a BH com o mesmo show que apresentou em novembro passado, no Minascentro. Batizado de “Sucessos”, ele lança uma panorâmica sobre toda a carreira da cantora. O repertório inclui “Reconvexo” (Caetano Veloso), “Negue” (Adelmo Moreira e Enzo Almeida Passos), “Galos, noites e quintais” (Belchior), “Começaria tudo outra vez” (Gonzaguinha), “Olhos nos olhos” (Chico Buarque) e “Volta por cima” (Paulo Vanzolini), entre outras.

O espetáculo se ancora, principalmente, no documentário “Fevereiros” (2017), de Marcio Debellian, segundo Bethânia. O longa toma como ponto de partida o desfile de carnaval da Mangueira em 2016, quando foi campeã com um samba enredo em homenagem à cantora. A composição tinha como principal recorte sua peculiar religiosidade – Bethânia é devota do catolicismo e do candomblé – e, para isso, estabeleceu uma ponte entre Rio de Janeiro e Bahia.

Os músicos que a acompanham no palco são Rômulo Gomes (contrabaixo), João Camarero (violão 7 cordas), Lan Lahn (percussão), Paulo Dafilin (violão, viola e guitarra), Marcelo Costa (percussão) e Marcelo Calder (regência, piano e acordeom).
 
José Gil toca bateria

José Gil diz que seu pai, Gilberto Gil, vai cantar 'seis ou sete músicas' com o grupo Gilsons

Instagram/reprodução
 

Maria Bethânia considera que o Festival Viva Brasil reflete algo maior, que diz respeito aos tempos atuais. “Acho que o Brasil está feito de festivais. Depois da pandemia, com todas as suas dificuldades, todas as suas restrições, os festivais brotaram no Brasil de maneira muito forte, e isso é muito bonito, porque aproxima as pessoas dos artistas e os artistas das pessoas”, diz.

Ela considera que eventos do tipo também têm evidenciado mais a força e a diversidade da música brasileira. “Acho elegante, acho de bom gosto e acho interessante assistir a todos esses festivais grandiosos e ver que o Brasil, a música brasileira, está presente, incorporada de maneira tão nobre quanto qualquer outra”, afirma, aludindo a um tempo em que, em eventos do tipo, as apresentações de artistas estrangeiros sempre ofuscavam as dos brasileiros – não por uma questão de qualidade, mas de recursos postos à disposição de uns e de outros.
 

Alicerce para a nova geração

Para José Gil – filho de Gilberto Gil, que, ao lado dos netos do mestre da MPB João e Francisco Gil forma o trio Gilsons –, é um privilégio dividir a programação de um festival com artistas que estão na base de sua formação.
 
“Essa geração foi a que deu todo o alicerce para que pudéssemos construir nossa musicalidade. São nomes que estão na base de toda a nossa música popular moderna, que vieram junto com os meios de comunicação de massa, explodindo no rádio e na TV”, diz.

Ele explica que o show que será apresentado no Festival Viva Brasil tem como base o trabalho dos Gilsons, e que Gil faz uma participação especial, cantando junto seis ou sete músicas. “Esse show com meu pai já aconteceu algumas vezes, na Sala de Justiça, em Recife, durante o carnaval, e na festa Love love, em São Paulo, por exemplo. Agora estamos levando para Belo Horizonte.”
 
José Gil toca bateria

José Gil diz que seu pai, Gilberto Gil, vai cantar 'seis ou sete músicas' com o grupo Gilsons

Instagram/reprodução
 

O repertório passeia pela obra de Gil e inclui temas próprios registrados pelos Gilsons no EP “Várias queixas” (2019) e no álbum “Pra gente acordar” (2022), além de singles lançados recentemente, como “Presente”, “Bateu” e “Céu rosé”.
 
“Como a participação de meu pai não é tão grande, não dá para contemplar muitas coisas dele, mas a gente pinça os sucessos que marcaram época, celebrando essa que é nossa maior influência”, afirma.

Ele pondera que, com uma carreira iniciada há não muito tempo, os Gilsons têm um repertório que não é tão extenso, mas que a costura da obra autoral com as composições de Gil compõe um painel coeso.
 
“Essa dobradinha Gil e Gilsons faz todo o sentido. O repertório do meu pai traz muito da música afro-baiana, do afoxé, do pop, que são exatamente os elementos com que a gente trabalha na nossa música. Tem uma liga bacana, que é musical mesmo, para além da conexão familiar”, comenta. 

1º FESTIVAL VIVA BRASIL

Com Gilsons & Gilberto Gil (14h30), Natiruts & Iza (16h30), Maria Bethânia (19h) e Jorge Ben Jor (21h), neste domingo (24/9), com abertura dos portões às 13h, no Mirante Olhos d'Água (Rua Gabriela de Melo, s/nº, Olhos d'Água). Ingressos para Pista Premium a R$ 920 (inteira) e R$ 420 (meia-entrada para estudantes, meia social, mediante doação de 1 kg de alimento não perecível e meia PCD), e para a área Land Spirit Experiência, com open bar, a R$ 750 (preço único). Os ingressos para pista já estão esgotados. Mais informações: @vivabrasilfestival.