'Chico tem 25 anos; Filipe, 28. Isso é de um frescor maravilhoso. São quatro ou cinco gerações de diferença, mas o que eles me trazem é muito bom, é só prazer'
Simone, cantora
O título da turnê com que a cantora Simone marca seus 50 anos de trajetória, “Tô voltando”, ganha maior concretude nesta sexta-feira (29/9), quando ela se apresenta no Grande Teatro do Palácio das Artes, às 21h. O show estreou em abril deste ano, em Juiz de Fora, passou por BH em maio e agora a baiana está de volta à capital mineira, para mostrar mais uma vez o repertório de sucessos que cobre toda a sua carreira, desde o álbum de estreia, de 1973, batizado apenas com seu nome.
A turnê comemorativa tem direção geral de Marcus Preto e direção musical de Pupillo, que arregimentou uma banda de jovens músicos para acompanhar Simone. O título “Tô voltando” – nome da canção de Maurício Tapajós e Paulo César Pinheiro que ela registrou no álbum “Pedaços” (1979) – alude a várias voltas, pessoais e coletivas, afirma a cantora.
“Na verdade, as esferas pessoal e coletiva se fundem. Passamos por uma pandemia que foi horrorosa para o mundo e, fora isso, no Brasil, perdeu-se nos últimos anos o olhar para o futuro. No meu caso, trata-se da volta ao palco, a volta para as pessoas, para o toque, para a vida. Também estou voltando para aquelas canções de 40 ou 50 anos atrás. Todo mundo está sempre voltando para algum lugar”, diz.
A 'excluída' de Belchior
O roteiro do show inclui músicas como “O que será” (Chico Buarque), “Jura secreta” (Sueli Costa-Abel Silva), “Começar de novo” (Ivan Lins-Vitor Martins), “De frente pro crime” (João Bosco-Aldir Blanc) e, claro, “Tô voltando”, entre outras.
Um destaque é “Divina comédia humana”, que Belchior compôs para que Simone gravasse no álbum “Face a face”, de 1977, mas acabou ficando de fora – é a única música do repertório que não faz parte de sua vasta discografia.
A cantora diz que a canção entrou agora no roteiro do show por insistência de Marcus Preto. De resto, a seleção musical foi orientada pelo que se tornou conhecido em sua voz.
“São músicas que me chegaram nuas e cruas, e que foram chanceladas por mim. As exceções são 'Divina comédia humana' e 'Ex-amor', que fechava meu álbum 'Café com leite' (1996), só com músicas de Martinho da Vila, com ele cantando junto”, diz.
A relação com o diretor-geral do show, com quem ela nunca havia trabalhado, partiu desse lugar, de acordo com a cantora nascida em Salvador, em dezembro de 1949.
“Pretinho, como costumo chamá-lo, dizia que conheceu muitas músicas através de mim, por causa da mãe dele, então já existia um namoro velado.”
'Pretinho, como costumo chamá-lo, dizia que conheceu muitas músicas através de mim, por causa da mãe dele, então já existia um namoro velado'
Simone, cantora, sobre o diretor de seu show, Marcus Preto
Jardim de infância
Simone chama os músicos de linha de frente de sua banda – Chico Lira (teclados), Filipe Coimbra (guitarra e violão), Ronaldo Silva (bateria), Vanderlei Silva (percussão) e Frederico Heliodoro (baixo), que, no decorrer da turnê, foi substituído por Fábio Sá – de “jardim de infância”.
Também usa a expressão “esse povo jovem” quando se refere a eles – com entusiasmo. “Chico tem 25 anos; Filipe, 28. Isso é de um frescor maravilhoso. São quatro ou cinco gerações de diferença, mas o que eles me trazem é muito bom, é só prazer.”
Ao fazer um balanço de seus 50 anos de carreira, Simone se considera uma pessoa vencedora, que manteve, durante esse tempo, a coerência na vida e no trabalho, pelo qual se diz obstinada.
“Tenho muito amor pelo que faço, tesão, determinação, disciplina... Me vejo como uma mulher, neste mundo e neste país, que galgou muitos degraus. Foram muitas lutas, então só tenho elogios para mim.”
“TÔ VOLTANDO”
Show de Simone. Nesta sexta-feira (29/9), às 21h, no Grande Teatro Palácio das Artes (Av. Afonso Pena, 1.537 – Centro). Ingressos para plateias 1 e 2 esgotados. Para a plateia superior, R$ 180 (inteira), restavam poucos ingressos no fechamento desta edição. À venda pela plataforma Eventim e na bilheteria do teatro.
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