Kiernan Shipka em cena de 'Uma família extraordinária'

A protagonista Bea (Kiernan Shipka) é inspirada na sobrinha do diretor Matt Smukle

Diamond Films/divulgação

O longa “Uma família extraordinária”, que chega nesta quinta-feira (5/10) aos cinemas, acompanha a vida de Bea Johnson (Kiernan Shipka) desde o nascimento até a formatura no colégio. Mas a história começa com a garota em coma, na cama de um hospital, sem ninguém saber o que a levou até ali. Imóvel, Bea tenta se lembrar do que aconteceu e decide percorrer (na memória) todos os fatos marcantes de sua vida, até o fatídico dia do acidente.

Filha de pais com deficiência intelectual, ela teve uma infância fora do usual e, de certa forma, cheia de aventuras. Aprendeu a dirigir aos 10 anos, se mudou de casa diversas vezes e até chegou a morar em uma van. 

Sharon (Samantha Hyde) e Derek (Dash Mihok), os pais de Bea, decidiram se casar em Las Vegas, logo após se conhecerem. O romance entre os dois divide a opinião dos familiares, que se preocupam com a capacidade (ou falta dela) dos adultos em cuidar de uma criança. De um lado, a mãe de Sharon é a favor de um divórcio forçado e, do outro, os pais de Derek votavam pela esterilização do casal, porém não conseguem chegar a um acordo. 

Indo contra a vontade dos avós, os dois tiveram Bea (apelido de Bambi, nome do personagem favorito de sua mãe). Conforme foi crescendo, a filha passou a entender melhor a condição dos pais e a assumir parte das tarefas de casa, cuidando não apenas de si mesma, mas também dos pais. 
 
 

História real 

Primeiro filme do estadunidense Matt Smukler, o longa é baseado na história real da família da esposa do diretor, que, antes da produção, já havia feito um documentário sobre a vida da sobrinha Christina e de seus pais. Matt diz ter se encantado com a sensibilidade e o coração aberto da família e, por isso, decidiu investir duas vezes na história. 

O documentário foi lançado em 2020. Para a versão ficcional, que estreia agora no Brasil, ele contou com a ajuda da roteirista Jenna Savage, sobretudo na confecção das camadas de humor que envolvem a trama. 

“Eu estava trabalhando em outro projeto e não tinha planos de voltar nessa história. Um dia, eu estava conversando com a Jenna e mostrei algumas fotos da minha família para ela. Foi quando eu percebi que, se usasse uma lente mais cômica, pareceria um filme completamente diferente do primeiro”, comenta o diretor. 

Ele conta que um de seus maiores desafios ao longo do processo foi achar o tom correto para narrar a história. “Foi um trabalho de tentar equilibrar as coisas. Eu não queria que ninguém risse da comunidade neurodivergente, mas, ao mesmo tempo, queria que o espectador visse o quanto a diversão e as risadas estão presentes na rotina dessa família”, diz Matt, que levou os filhos para participar das gravações. 
 

'Foi um trabalho de tentar equilibrar as coisas. Eu não queria que ninguém risse da comunidade neurodivergente, mas, ao mesmo tempo, queria que o espectador visse o quanto a diversão e as risadas estão presentes na rotina dessa família'

Matt Smukler, diretor

 

As complexidades da dinâmica familiar vão se revelando maiores com o passar dos anos e fazem com que a jovem amadureça antes dos colegas à sua volta. Fato que a atriz norte-americana Kiernan Shipka, conhecida por seus papéis em “O mundo sombrio de Sabrina” e “Mad men”, tem em comum com a personagem principal, uma vez que Kiernan estreou no cinema logo aos seis meses de idade. 

No último ano do colégio, Bea precisa fazer escolhas decisivas para a sua vida adulta e se vê entre duas alternativas conflitantes: sair da casa dos pais e cursar uma faculdade ou continuar cuidando deles e abrir mão de uma carreira. Em meio às dúvidas, recebe conselhos do diretor da escola e do seu namorado. Mas a resposta pertence somente a Bea. 

“UMA FAMÍLIA EXTRAORDINÁRIA”

(EUA, 2022, 105 min.). De Matt Smukler. Com Kiernan Shipka, Samantha Hyde, Dash Mihok, Brad Garrett, Jean Smart e Alexandra Daddario. Estreia nesta quinta-feira (5/10), no Cineart Ponteio (Sala 2, 18h40 e 20h50) e UNA Cine Belas Artes (Sala 3, 19h30). 

*Estagiária sob supervisão da editora Silvana Arantes