Favorito para a cadeira número 5 da Academia Brasileira de Letras (ABL), o ativista e escritor mineiro Ailton Krenak foi eleito na tarde desta quinta-feira (5/10), sendo o primeiro indígena a ocupar uma cadeira na ABL. Ele recebeu 23 votos. A historiadora Mary Del Priore ficou em segundo lugar, com 12 votos e Daniel Munduruku, em terceiro lugar, com quatro votos. Os 39 membros da ABL votaram nesta eleição.
Krenak ocupa a cadeira que foi do historiador e cientista político mineiro José Murilo de Carvalho, morto em agosto deste ano, aos 83 anos por complicações da COVID-19.
Crítico às ideias de civilização e humanidade da perspectiva etnocêntrica, Krenak desenvolveu uma linha de pensamento própria, na qual questiona a maneira equivocada como os seres humanos se agrupam enquanto sociedade, afastando-se da natureza e legitimando a violência, enquanto se autodenominam “humanidade”.
“Que humanidade é essa?”, questiona Krenak em “Ideias para adiar o fim do mundo”, lançado em 2019 pela Cia. das Letras, e considerado hoje como uma das principais obras do autor. Já naquela época, Krenak denunciava abusos sofridos pelo povo Yanomami, afirmando que eles estavam à beira de sofrer um colapso, como de fato ocorreu quatro anos depois.
"O Krenak é um poeta, com uma visão de mundo muito apropriada para esse momento em que o mundo está muito preocupado com o meio ambiente, com a mudança climática, e em que os povos originários lutam por seus direitos. Tudo isso está embutido na vitória do Krenak", afirmou o presidente da ABL, Merval Pereira, após o resultado da eleição.