O que são sete meses? Nada ou tudo, dependendo do momento em que se está na vida. Pois no caso de Mia Polanco, o período é um abismo. Depois de sete longos meses internada em uma clínica em razão de um transtorno alimentar, a adolescente londrina de 16 anos volta para  casa. E para a vida que conheceu - mas não demora a descobrir que tudo está diferente.





É este o mote de "Tudo pra ontem", série britânica recém-chegada à Netflix que vem sendo vendida como um produto para os fãs de "Sex education" (que acabou recentemente) e de "Euphoria" (a terceira temporada só deve estrear em 2025, já que a produção sofreu atraso devido à greve dos roteiristas).

Ainda que as três produções girem em torno dos eternos temas juvenis (sexo, drogas, primeiro amor, adequação no mundo), "Tudo pra ontem" tem menos humor do que "Sex education" e é também menos dramática (ainda que tenha bons dramas) do que "Euphoria". Mas, como toda boa produção inglesa, tem aquela ironia fina e ótima trilha sonora. 
 

 

A atriz australiana Sophie Wilde volta a interpretar uma garota chamada Mia. Mas, no caso, a protagonista da série é bem diferente da Mia do terror "Fale comigo" (2022), seu papel mais conhecido. Com pai dedicado e mãe ausente, ela era uma adolescente normal, com um trio de melhores amigos.





São eles Becca (Lauryn Ajufo), que é superprotetora com Mia, mas esconde um segredo dela; Cam (Harry Cadby), com quem a protagonista é ressentida, pois foi ele quem falou dos distúrbios para o pai dela; e Will (Noah Thomas), o mais divertido e sensível do grupo, tal como o Eric de "Sex education".

O novo normal de Mia

Na volta para casa após a internação, ela descobre que o novo normal inclui sexo, festas com álcool e drogas. E que todo o mundo está transando – Mia não é somente virgem, mas tampouco deu um beijo de língua. Beijar e perder a virgindade entram na sua lista de prioridades, que os amigos apelidam de "A lista do foda-se".

Lógico que ela tenta fazer tudo ao mesmo tempo. E é lógico também que dá tudo errado. Mia enfia o pé na jaca, tem ressaca física e moral. Não demora a perceber que para se encontrar terá muito mais degraus (do que os colegas) para subir. A começar pelo simples ato de comer – cada refeição realizada é uma pequena vitória. 

"Tudo pra ontem" não tem a originalidade nem a ousadia das séries supracitadas. Mas, com personagens bem delineados e bons atores (o grande Stephen Fry faz inclusive uma participação) a série se garante – pelo menos neste período de vacas magras.  

“TUDO PRA ONTEM”

 A série, com oito episódios, está disponível na Netflix

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