“Tem sido diferente de qualquer outra coisa que a gente já fez.” É assim que John Ulhoa, guitarrista, vocalista e principal compositor do Pato Fu, sintetiza a turnê comemorativa de 30 anos da banda, que estreou em julho passado, em Porto Alegre, e chega agora a BH, em única apresentação, neste sábado (7/10), no Grande Teatro do Palácio das Artes.
Essa “diferença” reside, sobretudo, no fato de que os integrantes se permitiram selecionar para o repertório músicas de sua predileção, sem se importar muito em fazer uma retrospectiva ancorada nos sucessos de carreira. Eles estão presentes – “Canção pra você viver mais”, “Sobre o tempo” e a versão de “Ando meio desligado”, dos Mutantes, por exemplo, compõem o roteiro –, mas o lado B do grupo prevalece.
John considera que “Pato Fu 30”, como foi batizada a turnê, tem algo de pitoresco. Ele diz que a banda está acostumada com a reação efusiva da plateia diante das músicas mais conhecidas ou mesmo daquelas que, sendo de uma lavra recente, já estão na “memória fresca” das pessoas. A surpresa, diz, está na recepção igualmente efusiva de um repertório que não segue a receita usualmente empregada.
“Pegamos músicas que a gente se lembrava que eram muito legais, dos primeiros discos, quando a gente tinha poucos hits, e a reação tem sido incrível. Quando a gente toca 'Gol de quem?', que é um punk rock, olho, e as pessoas na plateia estão chorando. Depois, elas comentam que nunca achavam que iam ouvir ao vivo esta ou aquela música que a gente escolheu.”
Cada cabeça, uma lista
Cada integrante fez sua lista de canções preferidas, e muitas remontam aos três primeiros álbuns, “Rotomusic de liquidificapum” (1993), “Gol de quem?” (1995) e “Tem mas acabou” (1996). Contou também para esta turnê, o desejo de focar na performance de palco, de acordo com John.
“Quando o Pato Fu foi inventado, uma das coisas que queríamos é que o show fosse muito legal de se ver, antes mesmo de pensar se em algum momento teríamos um hit tocando nas rádios. As músicas do 'Rotomusic' são esquisitas, cheias de mudanças de ritmo, de timbre, e você não fica indiferente a esse tipo de som”, diz.
Trata-se de um show que expõe o lado mais pesado da banda, por diferentes razões, segundo o guitarrista. “Temos muitas músicas com peso mesmo, em termos sonoros, mas isso também se expressa na lírica, o que vem acentuado no novo disco”, diz, referindo-se a “30”, lançado em março.
A reação tem sido incrível. Quando a gente toca 'Gol de quem?', que é um punk rock, olho, e as pessoas na plateia estão chorando. Depois, elas comentam que nunca achavam que iam ouvir ao vivo esta ou aquela música que a gente escolheu
John Ulhoa, compositor
“Ele reflete um pouco o tempo que a gente andou vivendo, com a coisa toda agravada pela pandemia. Boa parte do álbum foi composta nesse período, o que deu essa característica de certo peso nas letras”, comenta.
“A música do Pato Fu é o que a gente é. Gosto de muitas coisas diferentes. Não somos uma banda de metal, não somos 100% pop e também não somos da música eletrônica, mas isso tudo está presente, é uma mistura”, diz. Ele ressalta que o próprio título do primeiro álbum dizia respeito a essa indefinição ao mesmo tempo calculada e natural.
“Mesmo o nome Pato Fu nos dá um álibi para fazer qualquer coisa. Sabíamos o que queríamos fazer, desde o primeiro disco e em todos os outros. Nos shows e nos discos, gostamos de aproximar as músicas pelo contraste, e não fazer um bloco de músicas com pegada pop, outro de românticas e outro com as mais pesadas. Mesmo no auge das gravadoras, com aquela fórmula da música de trabalho, do clipe, a gente gravava uma e a seguinte não tinha nada a ver, era completamente diferente”, lembra.
Ele acredita que, ainda hoje, é exatamente isso o que os fãs do Pato Fu esperam.
“30”, o disco mais recente da banda, vai ganhar nos próximos dias uma edição em vinil. Está a caminho o clipe de “Fique onde eu possa te ver”, uma das faixas do disco. Até o fim do ano, um novo disco, atualmente em fase de mixagem, deve ser lançado.
“PATO FU 30 ANOS”
Show neste sábado (7/10), às 21h, no Grande Teatro do Palácio das Artes (Av. Afonso Pena, 1.537, Centro). Ingressos para plateia 1 a R$ 180 (inteira) e R$ 90 (meia), para plateia 2 a R$ 160 (inteira) e R$ 80 (meia), para plateia superior A (fileiras de A a E) a R$ 130 (inteira) e R$ 65 (meia) e para plateia superior B (fileiras de F a J) a R$ 120 (inteira) e R$ 60 (meia).
Sign in with Google
Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do Estado de Minas.
Leia 0 comentários
*Para comentar, faça seu login ou assine