Na Europa antiga, o ofício dos bardos era contar histórias, criar versos, poemas e músicas para declamá-los publicamente. A Inglaterra deu ao mundo o bardo mais célebre: William Shakespeare (1564-1616), autor de “Hamlet”, “Romeu e Julieta” e “Sonho de uma noite de verão”, entre outros clássicos do teatro.
Depois da morte de Shakespeare, descobriu-se uma trama inédita de sua autoria, chamada “A tempestade”. Em Minas, uma pequena palavra resume o título desta peça: toró. Vem dela o espetáculo da Trupe de Teatro e Pesquisa que estreia nesta sexta-feira (13/10), às 20h, no Teatro Feluma, em BH.
Imaginário sertanejo
Shakespeare conta a história de Próspero, duque que teve sua posição roubada pelo irmão, Antônio. Buscando recuperá-la, ele atrai o usurpador para uma ilha deserta. Em “O toró”, o mar italiano é substituído pelas correntezas poderosas do Rio São Francisco, enquanto os personagens se inspiram em figuras icônicas do imaginário brasileiro.
“Buscamos as versões da peça em português. A cada tradução, as expressões inglesas tinham interpretação diferente, era confuso. Então, traduzimos já com a nossa linguagem, utilizando as expressões idiomáticas de Minas Gerais”, afirma o diretor Yuri Simon.
No original de Shakespeare há o Homem da Lua, por exemplo. “De começo, não entendemos. Quando pesquisamos, vimos que é um personagem do folclore inglês que não temos aqui no Brasil. Mas temos o São Jorge”, comenta Simon.
No ritmo do congado e da folia de reis, “O toró” se inspira nas montagens apresentadas pelo bardo inglês no século 17. “Shakespeare não tinha cenografia, tinha elementos cênicos que configuravam uma cadeira, por exemplo. Por isso, optamos pela cenografia mais fria, mais limpa, para podermos destacar os figurinos dos atores”, afirma o diretor.
As roupas foram criadas por alunos da Universidade do Estado de Minas Gerais (Uemg), com base no artesanato mineiro.
No fundo do palco, a caricatura de cada personagem é projetada. “Caricaturas funcionam como um capítulo de livro, apresentando cada um em cena”, observa Simon.
Reforçando a “mineiridade” shakespeareana, os atores se colorem com pinturas faciais inspiradas nas carrancas do Rio São Francisco.
“O TORÓ”
Espetáculo da Trupe de Teatro e Pesquisa. Estreia nesta sexta (13/10), às 20h, no Teatro Feluma (Alameda Ezequiel Dias, 275, Centro). Em cartaz até 22/10, com sessões às sextas e sábados, às 20h, e aos domingos, às 19h. Ingressos: R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia), disponíveis na bilheteria e na plataforma Sympla.
* Estagiária sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria
OUTRAS ATRAÇÕES NOS PALCOS
• ISSO É UM POEMA QUE TRANSBORDA
Dança. Coreografias criadas para pessoas cegas e com baixa visão. Com Carol Santiago, Clara Lins, Lu Lapér e Vanessa Oliveira. Direção de Bárbara Maia. Sábado (14/11) e domingo (15/11), na Funarte MG (Rua Januária, 68, Centro). R$ 12 (inteira) e R$ 6 (meia), à venda na plataforma Sympla e na bilheteria.
• 2 MINEIROS E MEIO AGORA SÃO 5
Com os humoristas Bruno Berg, Stevan Gaipo, Daniel Gerth, Rubens Ramalho e Iago Maia. Espetáculo sobre a mineiridade. Sábado (14/10), às 21h, no Centro Cultural Unimed-BH Minas (Rua da Bahia, 2.244, Lourdes). Inteira: R$ 60 e R$ 70, com meia na forma da lei, à venda na bilheteria e na plataforma Eventim.
• YURI MARÇAL
Humorista apresenta o stand up “Me perdi no que eu tava falando”. Domingo (15/10), às 19h, no Sesc Palladium (Rua Rio de Janeiro, 1.046, Centro). Inteira: R$ 60 (plateia 3) e R$ 80 (plateia 2), com meia-entrada na forma da lei. Vendas na bilheteria e na plataforma Sympla.
• XABISA
Com Michelle Sá e Alexandre de Sena. Com referências da cultura africana e da arte do palhaço, espetáculo traz duas pessoas numa caverna, onde vivenciam intensas jornadas pessoais. Sábado e domingo (14 e 15/10), às 16h, no Teatro Marília (Avenida Alfredo Balena, 586, Santa Efigênia). Entrada franca.
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