Estreia da atriz Fernanda Torres na literatura, o romance "Fim" (Cia. das Letras, 208 páginas) reúne histórias de cinco amigos de Copacabana que, no limiar de suas existências, relembram os momentos mais marcantes de suas vidas, a maior parte deles na juventude.





Sentem-se, de certa forma, resignados com o que a vida lhes trouxe - algo diferente do que almejavam quando jovens. Exatamente uma década depois de seu lançamento, este grupo de personagens volta à tona, em outro formato.

 

Com estreia na próxima quarta (25/10), no Globoplay, a minissérie "Fim" foi criada e escrita pela própria Fernanda (que também faz uma participação na história), sob a supervisão de Maria Camargo. A direção artística é de Andrucha Waddington, marido da atriz e seu diretor nos longas "Gêmeas" (1999) e "Casa de areia" (2005). Daniela Thomas faz a direção dos quatro episódios.

 

Os personagens principais são apresentados tal e qual no livro. O grupo gravita, de certa forma, em torno de Ciro (Fábio Assunção), o Don Juan dos cinco. 

 

Álvaro (Thelmo Fernandes) desistiu das mulheres - conformado com sua impotência, ele nunca soube se relacionar com o sexo oposto. É o contrário de Silvio (Bruno Mazzeo), que vive a maturidade com os excessos da juventude: álcool, mulheres (e uma certa inveja de Ciro) fazem dele uma figura desagradável.



 

Neto (David Junior) é o certinho do grupo, bem casado e fiel, com uma existência quase tediosa para o padrão dos amigos. Por fim, Ribeiro (Emilio Dantas), o último a entrar no grupo, guarda um segredo.

 

À imprensa foram liberados os dois primeiros episódios. É a morte precoce de Ciro, de câncer, aos 59 anos, em meados da década de 1990, que volta a reuni-los. Em seu leito no hospital, em meio aos desvarios provocados pela medicação, recebe a visita de uma enfermeira. Antes de fazer-lhe uma confissão, fala do amor pela mulher, Ruth (Marjorie Estiano), a única que amou.

 

 

Ataques

 

Já no velório, além dos amigos, um grupo enorme de mulheres chora o defunto. Célia (Heloisa Jorge), Norma (Laila Garin) e Irene (Débora Falabella) estão presentes. Mas, de forma alguma, não lamentam pelo morto. Estão ali pela amizade que as une a Ruth, que se recusou a colocar os pés ali. Em casa, a mulher, medicada, tem ataques que beiram a histeria.     

 

A partir desse cenário, a narrativa vai se desmembrando em flashbacks. Um carnaval dos anos 1960 apresenta os cinco amigos bem jovens e já dá mostras de como eles seguirão pela vida. Nós os vemos também ainda sonhadores, conhecendo aquelas que serão, para o bem ou para o mal, suas companheiras.

 

Ciro se encanta com Ruth em uma festa. A reciprocidade é imediata. O mesmo não se pode dizer de Álvaro, que conhece a neurótica Irene na noite em que ela perde o namorado. Só mais tarde, a partir do casamento de Ciro e Ruth, é que eles ficarão juntos - uma união fadada ao fracasso, isto fica logo claro. 





 

A narrativa segue nessa toada - o presente dando lugar ao passado, num vai e volta eterno, com mortes de outros membros do grupo servindo como mote.  A trama se passa entre 1968 e 2012 e é dividida em quatro fases. 

 

O tom dos primeiros dois episódios passeia entre o dramalhão - a sequência de Assunção no hospital, mais o ataque de Estiano em casa poderiam estar em qualquer novela -, a tragicomédia - que é o que parece o velório com um monte de "viúvas" e um discurso patético do personagem de Mazzeo. Também traz cenas idílicas da juventude na praia, com todos jovens, belos e inocentes, num clima de videoclipe. 

 

Parece pouco diante da qualidade dos nomes envolvidos. Só tirando um coelho da cartola nos dois últimos episódios para que "Fim" justifique a presença de todos eles. 

 

“FIM”

Minissérie em quatro episódios. Estreia quarta (25/10), no Globoplay 

 

 

Jogo do bicho

 

Outra produção que estreia nesta semana no Globoplay é a série documental "Vale o escrito – A guerra do jogo do bicho", que entra no ar nesta segunda (23/10).

Produzida pela equipe do programa "Conversa com Bial", a série acompanha a história do jogo do bicho no Rio de Janeiro. Mostra como o poder era controlado por núcleos familiares que souberam cativar o público patrocinando duas paixões: o futebol e o samba.

 

 

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