Quando surge em cena pela primeira vez em "Hypnotic: Ameaça invisível", Alice Braga parece uma charlatã. E das boas. Cercada por luzes neon e uma decoração esotérica, ela atende um homem que quer curar traumas do passado pela hipnose. Não demora muito para entendermos a dimensão de seu talento.
No novo filme de Robert Rodriguez, em cartaz nos cinemas, entramos num mundo em que um grupo conseguiu aperfeiçoar a técnica. Braga, que vive Diana Cruz, uma dessas pessoas, não só consegue forçar os outros a balbuciar palavras soltas, mas é capaz até mesmo de convencê-los a matar inclusive? a si próprios.
Leva tempo até o coprotagonista Danny Rourke (Ben Affleck) acreditar no poder da hipnose tempo? e a visão de seu melhor amigo, investigador da polícia como ele, se acorrentando a uma cela e, depois, quase cortando seu braço fora, a mando de Cruz.
Braga e Affleck formam o par que precisa parar um vilão que domina a hipnose de tal maneira que nenhuma mente é forte o suficiente para barrá-lo. Tanto que ele sai por aí roubando bancos e matando civis sem ser investigado, em crimes que, em determinado momento, se enroscam no desaparecimento da filha de Rourke, anos atrás.
Mais uma viagem da mente inventiva de Rodriguez, "Hypnotic" lembra filmes de ficção como "A origem", "Matrix" ou "Amnésia", em que a realidade apresentada ao espectador nunca é totalmente plausível. Parte da experiência inclui buscar pistas que ajudem a entender quem é quem, a separar o que é real do que é mera manipulação.
"Um corpo que cai" e outros clássicos de Hitchcock, no entanto, são os filmes que Rodriguez cita como inspiração. São tramas sobre um cara que ninguém consegue pegar, resume ele ao fazer a comparação.
Gosto que o espectador possa imaginar sequências. Primeiro para que possamos fazê-las, se for o caso. Segundo, para que o público crie novas histórias para aqueles personagens. Parece que é o fim, mas um filme é só o começo
Robert Rodriguez, roteirista e diretor
Ambição
Apesar do jeito simples de Rodriguez, "Hypnotic" parece ser um filme de grandes ambições. Não apenas por suas estrelas ou a história complexa, mas também pelo final, que, sem entregar spoilers, dá a entender que uma sequência pode vir.
Ou ao menos poderia, não fossem os resultados frustrantes de bilheteria do filme até aqui. Foram US$ 12 milhões (R$ 60 milhões) arrecadados nos EUA e em mercados europeus importantes, contra os US$ 65 milhões (R$ 300 milhões) de orçamento.
Rodriguez, no entanto, diz que o final em aberto foi deliberado, não um vislumbre de sucesso ou da emergência de uma nova franquia, como "Pequenos espiões", também uma ideia própria.
"Quando faço um filme, gosto de terminá-lo de forma que o espectador possa imaginar sequências. Primeiro para que possamos fazê-las, se for o caso. Segundo, para que o público crie novas histórias, suas próprias aventuras para aqueles personagens. Parece que é o fim, mas um filme é só o começo."
Impedida de dar entrevistas por causa da greve de atores nos Estados Unidos, Alice Braga teve seu papel feito sob medida. Antiga conhecida de Rodriguez, desde que fez um teste para "Predadores", ela conseguia alcançar o equilíbrio perfeito entre o calor humano e a frieza calculista que sua personagem requeria, diz ele.
"Ela é incrível, e eu sempre vou querer trabalhar com ela. É como se ela fosse parte da família, então criei essa personagem e dei o nome de Diana Cruz na esperança de contratá-la. Houve conflitos de agenda, mas no fim deu certo."
“HYPNOTIC: AMEAÇA INVISÍVEL”
(EUA, 2023, 93 min.) Direção: Robert Rodriguez. Com Ben Affleck, Alice Braga e William Fichtner. Classificação: 14 anos. Em cartaz em salas dos complexos
Cineart e Cinemark.
*O repórter viajou a convite do Festival do Rio
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