O grupo Fundo de Quintal

O grupo Fundo de Quintal, que se apresentou no Sensacional, em junho passado, faz show hoje à noite, no Parque Municipal; atividades começam às 9h, a partir desta sexta até domingo

Alexandre Guzanshe/EM/D.A. Press

O 12º Festival de Arte Negra de BH promove uma intensa programação neste fim de semana, com destaque para a música, com shows gratuitos no Parque Municipal. Nesta sexta (27/10), após ações formativas e sessões de cinema de manhã e no início da tarde, o samba dá o tom à noite.

O grupo Fundo de Quintal se apresenta às 21h, no Parque Municipal, e às 22h, o Samba da Madrugada leva seu batuque para o Viaduto Santa Tereza. O cardápio musical do dia se completa com Marquim de Morais, Júlia Deodora e o show “Gafieira Etc e Tal”, também no Parque Municipal, e com o coletivo de música eletrônica Ruadois, no Viaduto das Artes, no Barreiro.

O sábado começa com foco nas crianças, com performances e oficina de tranças para os pequenos. A partir das 20h, o soul e o funk pedem passagem com uma homenagem aos 40 anos do Baile da Saudade, originalmente realizado em Venda Nova, capitaneada pelo DJ Toninho Black. Na sequência, a Banda Black Rio se apresenta no Parque Municipal, enquanto o Viaduto Santa Tereza recebe o “Baile FANk”, com Baile do Popo e Batekoo BH convidando o MC Saci.

Black Rio 

Com 46 anos de trajetória, a Banda Black Rio vai apresentar um repertório retrospectivo, que abarca desde o seminal álbum “Maria fumaça” (1977) até o mais recente, “O som das Américas” (2019), que teve participações de Gilberto Gil, Caetano Veloso, Elza Soares, Mano Brown e César Camargo Mariano.

O grupo foi fundado pelo saxofonista Oberdan Magalhães e, com ele, gravou “Gafieira universal” (1978) e “Saci Pererê” (1980), além de “Maria Fumaça”. Com a morte de Oberdan, em 1984, a Black Rio se desfez, mas foi reativada por seu filho, William Magalhães, em 1999. Desde então, lançou os álbuns “Movimento” (2001), “Supernova samba funk” (2011) e “O som das Américas”.

“É um show meio instrumental, meio cantado, que joga no caldeirão todo esse histórico da Banda Black Rio”, diz William. “A essência da banda é uma estrutura antropofágica de criação de som que mistura ritmos brasileiros com o funk setentista global, de James Brown, Aretha Franklin, Sly Stone e Curtis Mayfield, entre outros. A partir da reativação do grupo, começamos a incorporar ritmos contemporâneos e as possibilidades que o avanço tecnológico nos traz, como a questão dos samplers”, afirma.

A Banda Black Rio está às voltas com a produção de um álbum cantado e outro instrumental que se referem ao “Maria fumaça”. “Com o disco cantado, a ideia é pegar samplers do 'Maria fumaça' e, a partir deles, criar bases sobre as quais diversos convidados vão cantar. Já temos mais de 20 artistas interessados em participar, como Luedji Luna, Anitta e Lulu Santos. É um trabalho voltado para a galera mais nova”, adianta William.

Vou matar a saudade (de BH) dentro de uma situação muito especial, que é um Festival de Arte Negra

Virgínia Rodrigues, cantora baiana


Hip hop em cena 

No domingo, a programação musical do FAN se divide em um bloco mais eclético, na parte da manhã, com shows da baiana Virgínia Rodrigues, do grupo Meninas de Sinhá e da Velha Guarda do Samba de BH, todos no Parque Municipal. À tarde, no mesmo espaço, é a cultura hip hop que dita o ritmo, com lançamento de selo voltado para artistas do gênero, batalha de dançarinos de break e apresentações de MCs representantes de todas as regionais da capital mineira.

Virgínia Rodrigues lembra que não se apresenta na cidade desde que lançou seu segundo álbum, “Nós” (2000). “Vou matar a saudade dentro de uma situação muito especial, que é um Festival de Arte Negra”, afirma. Intitulado “Poesia e nobreza”, o show que ela traz é recém-saído do forno – estreou no final de agosto.

O repertório é composto exclusivamente por músicas de Paulinho da Viola e de Tiganá Santana. “Quis juntar dois artistas negros, de peso, muito talentosos e de gerações diferentes. Sempre que trabalho com a obra de um determinado compositor, procuro pegar aquelas coisas que quase ninguém gravou. Esse é o critério de seleção do repertório”, diz.

Dança e teatro 

A programação do fim de semana também inclui dança – com os espetáculos “Loa”, de Flavi Lopes (sábado, às 19h, no Teatro Marília); e “O samba do criolo doido” (domingo, às 19h, no Teatro Francisco Nunes) – e teatro – com “Travessia”, da Cia. Negra de Teatro (domingo, às 17h, no Teatro Marília); “Corpo preto surdo: louvação às Ayabás”, da Cia. BH em Libras, às 10h30, e o infantil “Matias e a estrada infinita do tempo”, da Cia. Bando, às 9h30, ambas no domingo, no Parque Municipal.

Hoje, a partir das 17h, amanhã, a partir das 14h, e domingo, a partir das 10h, estará montado no Parque Municipal o mercado Ojá, com produtos e serviços de empreendedores afro de diversos segmentos.  Atividades de literatura e artes visuais complementam o panorama desta reta final do 12º FAN-BH, aberto na última segunda (23/10). A programação completa está disponível no site da Prefeitura. 

12º FESTIVAL DE ARTE NEGRA DE BELO HORIZONTE
Desta sexta (27/10) a domingo (29/10), sempre a partir das 9h, no Parque Municipal e em outros espaços da cidade. Programação gratuita, mediante retirada antecipada de ingressos no link. Os ingressos para as atrações de domingo serão disponibilizados somente na véspera.